Deserto das Almas - 5º Capítulo - O Ano era 1927
O Ano era 1927
Morgana e seu marido vinham de uma pequena cidade ao leste do Kansas. Estavam se mudando, pois não podiam pagar as despesas de sua antiga casa. Eles andavam bastante em busca de algum lugar isolado e distante. Chegaram num pequeno vilarejo coberto de névoa e bem sombrio por sinal. Neste Vilarejo, haviam encontrado uma casa estranha, mas que podia servir de abrigo para sua filha. Eles haviam perdido tudo no lugar que viveram e buscavam paz e tranqüilidade. Morgana encontrou uma casa vazia, longe de todas as outras que já estavam ocupadas. Eles entraram e se acomodaram. Havia muita poeira e vestígios de ervas, velas antigas e castiçais. Não os assustou, pois o importante era descansar num lugar coberto e seguro para sua pequena filha Ebbie.
Alguns dias depois, Morgana e seu Marido Aleph reformaram a casa pouco a pouco. A pequena filha deles chamada Ebbie, ficava correndo pela casa, procurando coisas para brincar e num dia qualquer, encontrou uma coisa bem estranha. Era uma caixa muito empoeirada e com um símbolo estranho. tinha um círculo desenhado igual aqueles que se usa num ritual de vodu. Ebbie, curiosa com aquele objeto e sabendo que não poderia contar aos seus pais que tinha encontrado aquilo, pegou a caixa e a escondeu perto do colchão onde dormia. De madrugada, ela intrigada e bastante curiosa, abriu a caixa e viu algo que a deixou com os pêlos arrepiados. Eram algumas sementes e tufos de cabelo. Assemelhava-se com cabelo de homem, pois eram curtos. Ebbie pegou um deles e começou a procurar mais alguma coisa dentro da caixa. Havia outra coisa, um pequeno papel dobrado com uma receita estranha, com nomes diferentes. No final, estava escrito que era um ritual de amarração. Assustada, Ebbie guardou o papel na caixa e levou para o mesmo lugar onde havia encontrado. No dia seguinte, ela ficou pensando no que poderia fazer com aquela receita de amarração. Curiosa como sempre, ela pegou um fio de cabelo de seu pai que havia acabado de cair em sua camisa. Ela o abraçou e disfarçadamente pegou o fio em sua camisa.
Ebbie já tinha nove anos e sabia ler muito bem. Sempre foi uma garota esperta. Ela pegou alguns potes sujos e antigos na prateleira da cozinha e leu seus respectivos ingredientes. Ela fez tudo como dizia aquela receita e colocou o fio de cabelo de seu pai. Com fogo e conjurando palavras escritas em latim, seus olhos ficaram totalmente brancos e uma voz veio à sua cabeça: “Cuidado criança, não devia mexer com coisas que não conhece...”. Ebbie gritou de medo e tudo aquilo queimou. Seus pais haviam saído para colher alguns frutos, embora muito difíceis de conseguir naquelas terras sem vida. Ebbie correu para cama e dormiu profundamente. O dia seguinte iria compensar o ocorrido.
Na manhã seguinte, era sua véspera de aniversário. Ebbie saiu de seu colchão e foi até a cama de seus pais. Ela não podia acreditar, não conseguia piscar os olhos um segundo ou reagir. Ao encostar em seu pai, seu rosto havia queimado e se deformado. Sua mãe estava sangrando pela boca e parecia estar em estado de decomposição. Ela correu até a rua e chorou muito alto, sem assimilar a situação. De longe, pôde ouvir uma gargalhada alta que vinha do bosque. Alguém parecia estar se divertindo com a situação.
Ebbie nunca mais sorriu e foi feliz. Se sentia culpada por tudo aquilo que fez. Ela também nunca soube que não poderia ir aquele bosque, até o dia em que precisou ir. Conheceu um rapaz chamado Josh numa comemoração do Dia das bruxas que, por ironia do destino, era aniversário de morte de seus pais...