Akane

Capítulo I - Nagasaki.

Em 1570 os navegadores portugueses fundaram a cidade de Nagasaki, criaram um centro comercial que durante muitos anos foi a porta do Japão para o mundo, um porto comercial para os ingleses, holandeses, coreanos e chineses. Mas em 1637 devido a uma grande reação interna, os portugueses foram expulsos, e também outros povos ao longo do século XVII . Dotada pela natureza de um belo porto natural, esta cidade foi o cenário da ópera "Madame Butterfly" de Giacomo Puccini. Apesar disso, a cidade de Nagasaki só ficou mundialmente conhecida em 1945, por ter sido quase totalmente destruída no dia 9 de Agosto, após sofrer um ataque com a segunda bomba atômica, lançada pelos Estados Unidos.

Em contraste com os vários aspectos modernos de Nagasaki, a grande maioria das residências era de construção japonesa antiquada, de madeira. Muitos dos edifícios eram também feitos de madeira ou de outros materiais não concebidos para suportar explosões. Foi permitido a Nagasaki, durante muitos anos, crescer sem obedecer a um plano urbanístico; as residências eram construídas junto a edifícios de fábricas, sendo o espaço entre os edifícios mínimo. Esta situação repetia-se maciçamente por todo o vale industrial.

Até à explosão nuclear, Nagasaki nunca tinha sido submetida a bombardeamentos de larga escala. Em 1 de Agosto de 1945, no entanto, várias bombas convencionais de elevada potência foram atiradas sobre a cidade. Algumas delas atingiram os estaleiros e docas do sudoeste da cidade. Várias outras atingiram a Escola de Medicina e Hospital de Nagasaki, com três impactos diretos nos seus edifícios. Embora os danos destas bombas tenha sido relativamente pequeno, criou preocupação considerável em Nagasaki, tendo várias pessoas - principalmente crianças -, por uma questão de segurança, sido evacuadas para áreas rurais reduzindo, assim, a população da cidade.

Cerca das 07:50 soou um alerta de ataque aéreo em Nagasaki, mas o sinal de "tudo limpo" foi dado às 08:30. Quando apenas dois B-29 foram avistados às 10:53, os japoneses aparentemente assumiram que os aviões se encontravam em missão de reconhecimento, e nenhum outro alarme foi dado...

Ela acordou com as sirenes da cidade que estava sob ataque, já houvera tantos alarmes falsos, não sabia se tinha ou não que se preocupar. Decidiu que não havia perigo, houveram momentos como este antes, nunca o Império Japonês fora atacado em seu território até os americanos invadirem Iwo Jima alguns meses antes:

A Batalha de Iwo Jima foi travada contra os Estados Unidos, entre Fevereiro e Março daquele ano, durante a Guerra do Pacífico. O combate fora intenso, devido à preparação e disciplina japonesas. As tropas norte-americanas capturaram o ponto mais elevado da ilha, o Monte Suribachi, perdendo 6.812 homens. O motivo para a invasão de Iwo Jima era capturar os seus campos aéreos de modo a fornecer um local de aterrissagem e de reabastecimento para os bombardeiros norte-americanos no avanço para o Japão, enquanto também tornava possível a escolta dos bombardeiros por caças. Embora a ilha de Iwo Jima estivesse tomada pelos americanos, estes ainda não tinham atacado o restante do Território a partir da ilha.

Mesmo antes da Queda de Saigon em Junho de 1944, os estrategistas japoneses sabiam que Iwo Jima teria de ser reforçada materialmente caso fosse para ser mantida durante algum tempo, e preparações começaram a ser efetuadas para enviar um grande número de homens e grandes quantidades de material para a ilha. Em finais de Maio, o tenente-general Tadamichi Kuribayashi foi chamado ao escritório do Primeiro Ministro, general Hideki Tojo, que informou que o general havia sido escolhido para defender Iwo Jima até ao fim. A Kuribayashi foi indicada a importância da sua missão, a Tojo coube apontar os olhos da nação inteira, que estariam focados na defesa de Iwo Jima. A 8 de Junho de 1944, Kuribayashi estava a caminho da sua missão final, determinado a converter Iwo Jima numa fortaleza invencível.

Quando chegou, estavam cerca de 80 caças colocados em Iwo Jima, mas por volta de inícios de Julho restavam apenas quatro. Uma força da Marinha dos Estados Unidos apareceu perto da ilha e sujeitou os japoneses a um bombardeamento naval durante dois dias. Este bombardeamento destruiu todos os edifícios na ilha, bem como os quatro aviões restantes.

A grande surpresa para a guarnição japonesa em Iwo Jima, uma invasão norte-americana da ilha, não se deu durante o verão de 1944. Existiam poucas dúvidas quanto aos norte-americanos serem compelidos a atacar a ilha em curto tempo. O general Kuribayashi estava determinado, mais que nunca, a aumentar o custo da tomada de Iwo Jima quando os invasores atacassem. Sem apoio naval ou aéreo, chegou-se rapidamente à conclusão que a ilha não poderia ser indefinidamente mantida pelas forças japonesas, contra um invasor com supremacia aérea e naval.

Como um primeiro passo para preparar Iwo Jima para uma defesa prolongada, o comandante da ilha ordenou a evacuação de todos os civis. Este passo foi terminado no final de Julho. Em seguida veio um plano geral para a defesa da ilha. O tenente-general Hideyoshi Obata, comandante-geral do 31º Exército, tinha anteriormente, em 1944, sido responsável pela defesa de Iwo Jima, antes do seu retorno para as Marianas. Nesse tempo, e com fé na doutrina que a invasão tinha praticamente de ser travada na borda da água, Obata tinha ordenado a colocação de artilharia e a construção de bunkers perto das praias. O general Kuribayashi tinha ideias diferentes. Em vez de um esforço fútil para manter as praias, Kuribayashi planejou defender essas mesmas com um sistema de fogo cruzado fornecido por armas automáticas e infantaria. Artilharia, morteiros e foguetes seriam posicionados nas encostas do Monte Suribachi, tal como noutros terrenos altos ao norte do campo aéreo de Chidori.

A defesa prolongada da ilha requisitava a preparação de um extensivo sistema de cavernas e túneis, pois o bombardeamento naval tinha claramente mostrado que as instalações à superfície não poderiam agüentar um bombardeamento extensivo. Para este objetivo, engenheiros especializados em minas foram enviados do Japão para desenhar as plantas para fortificações subterrâneas projetadas que iriam consistir de túneis elaborados em níveis variados para garantir uma boa ventilação e minimizar os efeitos das bombas que explodissem perto das entradas ou saídas.

Ao mesmo tempo, reforços estavam gradualmente começando a alcançar a ilha. Como comandante da 109º Divisão de Infantaria, o general Kuribayashi decidiu antes de mais nada, desviar a 2ª Brigada Mista Independente, consistindo de cerca de cinco mil homens sob o comando do major-general Kotau Osuga, de Chichi para Iwo. Com a queda do Saigon, 2.700 homens do 145º Regimento de Infantaria, comandados pelo Coronel Masuo Ikeda, foram revertidos para Iwo Jima. Estes reforços, que chegaram à ilha durante Julho e Agosto de 1944, trouxeram a força na guarnição até aproximadamente 12.700 homens. Em seguida chegaram 1.233 membros do 204º Batalhão de Construção Naval, que rapidamente começaram a construção de posições para metralhadoras de betão e outras fortificações.

A 10 de Agosto de 1944, o vice-almirante Toshinosuke Ichimaru chegou a Iwo Jima, sendo seguido de uma equipe naval de 2.216 homens, incluindo aviadores e equipes de solo. O almirante, um aviador japonês de renome, tinha ficado gravemente ferido numa queda de avião no meio dos anos vinte e, desde o início da guerra, tinha ficado repetidamente no comando de missões atrás das linhas da frente.

Os reforços seguintes a chegar a Iwo Jima foram equipes de artilharia e cinco batalhões anticarro. Embora numerosos navios em rota a Iwo Jima fossem afundados por submarinos e aviões norte-americanos, quantidades substanciais de material chegaram a Iwo Jima durante o Verão e Outono de 1944. Pelo final do ano, o general Kuribayashi tinha disponível 361 peças de artilharia de 75 mm ou de calibre maior, uma dúzia de morteiros de 320 mm, 65 morteiros médios (150 mm) e ligeiros (81 mm), 33 armas navais de 80 mm ou de maior calibre, e 94 armas antiaéreas de 75 mm ou maior. Em adição a este formidável arsenal de armas de alto calibre, as defesas de Iwo Jima tinham ainda mais de duas centenas de armas antiaéreas de 20 mm e de 25 mm, e 69 armas anti-carro de 37 mm e 47 mm. O poder de fogo da artilharia era ainda complementado por uma variedade de rockets, desde do tipo de 203 mm que pesava 90 kg e que tinha um alcance até 2-3 km, até a um projétil gigante de 250 kg que tinha um alcance de mais de 7 km. No total, 70 rockets e as suas equipes chegaram a Iwo Jima.

De modo a aumentar ainda mais a força das defesas de Iwo Jima, o 26º Regimento de Carros de Combate, que tinha sido posicionado em Pusan, na Coreia, após ter servido na Manchúria, recebeu ordens para ser colocada em Iwo Jima. O comandante do regimento era o Tenente-Coronel Barão Takeichi Nishi. O regimento, constituído por 600 homens e 28 carros de combate, partiu do Japão em meados de Julho, a bordo do Nisshu Maru. Ao navio, a navegar num comboio naval, se aproximou de Chichi Jima a 18 de Julho de 1944, foi afundado pelo submarino norte-americano USS Cobia. E embora apenas dois dos membros do 26º Regimento de Carros de Combate tivessem sido afundados, todos os 28 carros de combate do regimento foram afundados no mar. Seria apenas antes de Dezembro que estes carros de combate poderiam ser substituídos, mas 22 carros de combate novos finalmente chegaram a Iwo Jima.

Inicialmente, o Coronel Nishi tinha planejado empregar os seus blindados como um tipo de "brigada móvel de fogo", que seria empregada em alguns pontos importantes do combate. O terreno acabou por dificultar tal emprego, e no fim, sob o comando do Coronel, os tanques foram colocados em posições estáticas. Sendo ou enterrados, ou tendo a sua torre desmontada e com toda a habilidade posicionada no terreno rochoso onde era praticamente invisível do ar tal como do solo.

Continua