A PORTA - DTRL 16
Doug havia nascido de uma família muito pobre, mas desde cedo havia se prometido, que um dia seria muito rico, na verdade a pobreza o incomodava, sentia-se diferente daquelas pessoas com as quais convivia.
Ele nasceu no ano de 1875, no Sul dos Estados Unidos, mas precisamente em Nova Orleans, apesar de branco sempre conviveu no meio dos negros e com eles, aprendeu a lutar com os punhos e gostava de ver o culto as suas crenças religiosas e é justamente ai que começa seu encantamento, Doug adorava ver os negros receberem os ditos espíritos e as negras, fazerem seus feitiços, Doug acabou por aprender alguns, que acabaram sendo muito úteis em sua vida.
O tempo passa e Doug sai da fazenda e vai trabalhar em um grande armazém, localizado no centro da grande cidade sulista, lá ele conhece muita gente e dentre elas, a senhora Francesca, uma quarentona italiana, muito bem apanhada, com largos quadris e um belo par de seios, muito fogosa e sozinha, nessa época, Doug contava 25 anos e havia se tornado um belo rapaz, e juntamente com seus músculos, crescia sua ambição.
Doug sempre levava as compras de Francesca até sua casa e sempre percebia certas insinuações por parte da fogosa senhora, numa dessas idas e vindas ele criou coragem e pediu um pouco de água para a senhora, e a seguiu até a cozinha, lá chegando não esperou por mais nada, agarrou Francesca por trás e puxando sua cabeça, deu-lhe um longo e quente beijo, a nobre senhora, não tão nobre assim, retribui-lhe o beijo e ao final dele, disse:
- Pensei que você nunca fosse tomar essa atitude!
Eles se olharam, sorriram e sem perda de tempo, ele a levou para o quarto, lá chegando tirou-lhe a roupa do corpo e ao despi-la, percebeu o quanto era linda, bem apetitosa para uma senhora de sua idade e que poderia ser sua mãe, mas não era e começaram a fazer um sexo fogoso, ela se entregava com uma volúpia sem igual, isso despertava um tesão sem igual em Doug e ele também procurava se esforçar para dar o melhor de si.
Saciados e com a certeza de que deveriam se encontrar novamente passaram a fazer isso com frequência, até que um dia Francesca disse para Doug, que voltaria para a Itália e se ele quisesse, poderia ir com ela. Aquilo foi como um pote de mel para abelhas, ele aceitou e partiram para o Velho Mundo.
Na Europa, ele aprendeu muitas coisas, se instruiu e passou a dirigir os negócios de Francesca, viviam felizes, até que um dia, passados dez anos, Francesca partiu desta vida, deixando-o rico e poderoso.
Apesar de ambicioso, ele amava a bela madona, e a morte da mesma trouxe muita dor para o mesmo e o deixou um tanto quanto desequilibrado da mente, por isso mesmo, ele mandou embalsamar seu corpo e o colocou em uma urna de vidro e todos os dias ia visitá-la, prometendo ao corpo inerte e cadavérico, que usaria sua riqueza, para trazê-la de volta a vida, que estudaria todos os feitiços mais a fundo e um dia ao ressuscitá-la, poderiam novamente viver os dias felizes de outrora.
Rico e poderoso passou a estudar cada vez mais e quis aprofundar-se nas magias que havia conhecido com os negros da fazenda sulista. Construiu em sua grande mansão, uma grande sala e lá montou um grande laboratório de estudo e magia, sendo que a magia negra era a que mais o fascinava.
Ele gostava também de objetos antigos e numa dessas suas idas a uma loja de antiguidades, comprou uma grande porta de carvalho, que tinha a face em ouro, de uma criatura demoníaca entalhada.
O dono do antiquário, explicou-lhe que se tratava da porta de um laboratório de alquimia do duque de Máximo da cidade de Veneza.
Contou também que o mesmo havia morrido em um grande incêndio ocorrido em seu castelo e que por mais impossível que fosse parecer, aquela porta havia resistido ao fogo praticamente intacta, protegendo assim o laboratório do duque, com tudo que havia lá dentro.
Após escutar tão maravilhosa história, empolgou-se ainda mais, acabou por adquirir todos os “bens” do infeliz duque Máximo.
Depois de instalada em seu laboratório, Doug passou a sentir certo orgulho de ter algo tão valioso e que havia sido de um nobre, ele passou a sentir-se um nobre e começou a desenvolver idéias cada vez mais incomuns.
Como havia dito anteriormente, ele sofrerá muito com a morte de Francesca e prometera trazê-la de volta a vida, sendo assim, passava horas e dias trancado e estudando.
certo dia em uma de suas evocações, surgiu diante de sua face espantadiça, a mesma criatura que estava entalhada em sua porta, dizendo-lhe que poderia trazer Francesca a vida, no entanto outras vidas deveriam perecer.
Horrorizado com o que viu e ouviu, soltou um grito descomunal e caiu desmaiado, foi levado para seus aposentos por Glauco e Ferdinando, seus empregados da casa.
E por falar em casa, a mansão tinha para mais de 30 empregados que cuidavam de tudo, além dos dois acima citados, lá encontraríamos Branca a cozinheira e Elma, Irmã de Branca que cuidava das arrumações, por estarem sempre por perto, começaram a perceber as mudanças de atitude de seu patrão.
Já em seus aposentos, Doug despertou como quem havia acabado de ter um pesadelo, seu corpo estava cansado, parecia que havia apanhado uma tremenda surra, desta feita, acabou por ficar acamado por vários dias.
Em um desses dias ao cair da tarde, eis que surge em sua frente à imagem de Francesca, que lhe diz:
- Meu amor, como estou saudosa de você, vamos aproveite a oportunidade que a criatura está lhe oferecendo e me traga de volta a vida, bastam algumas mortes de uns reles serviçais e poderemos nos ter novamente, pense no quanto de amor, meu corpo deixou de dar e receber de você. Ande evoque a criatura e me ressuscite.
Doug tentou balbuciar algumas palavras, caminhou em direção à figura de sua mulher e esta foi sumindo devagar, até desaparecer por completo.
Apesar de muito querer ter Francesca de volta, ele repudiava a idéia de matar alguém, era um homem bom.
As visitas da aparição de sua mulher sucederam-se por vários dias até que ele resolveu atende-la, evocou a criatura, que lhe surgiu mais forte e demoníaca do que da primeira vez e ele apressou-se em perguntar o que deveria fazer. O demônio lhe respondeu:
- Você deve atrair até seu laboratório, a vítima escolhida, ao final disso, saia, tranque-a e deixe o resto comigo, ao termino disso, no dia seguinte, vá ao laboratório e recolha o sangue que você encontrará em uma vasilha que você previamente vai deixar por lá. Pegue o sangue da vasilha e despeje um pouco sobre a porta em direção a minha boca entalhada na mesma, o restante você deve despejar na boca de Francesca, outra coisa, você deve trazer a vitima, sempre a meia noite, agora vá e prepare-se!
Doug ficou pensando em quem iria atrair para a cilada demoníaca, pensou em trazer alguém da própria mansão, mas caiu em si e percebeu que seria facilmente descoberto quando dessem por falta da pessoa, resolveu então dirigir-se até um prostíbulo na cidade, lá facilmente conseguiu contratar uma prostituta que foi com ele até sua casa.
Ao chegarem, a meretriz ficou encantada com tanto luxo e facilmente se deixou enganar, Doug a levou até seu laboratório e saiu, com a alegação de ir buscar uma bebida, no entanto não retornou mais.
Já no dia seguinte, ele foi até o laboratório para buscar a vasilha com o sangue e encontrou aquilo que fora uma mulher, totalmente ressequida, sem nenhuma gota de sangue, a impressão que se tinha, era que os órgãos da pobre infeliz, haviam sido retirados por seu ânus, pois apesar de ressequida, ela não tinha nenhum ferimento em seu corpo.
Doug quebrou seus ossos facilmente, como se quebra madeira queimada, colocou seus restos em um saco e acendeu a lareira, para que o fogo consumisse de vez aquilo que um dia foi chamado de ser humano.
Com o sangue, ele fez exatamente o que o demônio havia lhe estipulado, metade do balde na boca da carranca da porta e a outra metade, foi jogada na boca do cadáver de Francesca, feito isso, ele começou a chorar e vomitar voltou para seu quarto e se trancou.
Branca a cozinheira, pediu a Elma para levar um prato de comida para o seu senhor, no entanto, ele rejeitou a comida e tratou Elma, com rispidez que não lhe era típica, aquela atitude soou estranha, mas ela disse para si mesma:
- Ele deve estar assim, por saudades de sua esposa, saiu e foi cuidar dos afazeres.
Ao cair da noite, ele saiu novamente para buscar outra prostituta e novamente foi feliz em sua investida, repetiu todas as ações da noite anterior e no dia seguinte, depois de despejar o sangue na porta, ele foi até Francesca, quando ia colocar o sangue em sua boca, percebeu que ela havia melhorado consideravelmente para uma morta, seu corpo ganhava coloração, despedindo-se do tom acinzentado de mortalha.
Aquilo foi um estimulo para ele, daí por diante, passou a trazer prostitutas, mendigos e gente de toda sorte que vagava pelas ruas, ele não tinha mais critérios e durante 26 dias, ele sacrificou vidas inocentes em prol de sua desvairada paixão.
A cada dia Francesca revivia um pouco mais e ao fim do 26º dia, ele teve a nítida impressão de que suas mãos haviam se mexido, ele sorriu de satisfação e resolveu aceitar sua sina de matador, mas como ele mesmo dizia:
- É tudo em prol do amor!
No 30º dia, foi até a cidade buscar sua vitima, não havia conseguido ninguém, já era tarde da noite, ele já ia voltar para casa, quando de repente, sozinha, voltando para casa, surge uma moça ainda nova, muito bonita, ele tenta abordá-la mais ela resiste, ele desfere um violento murro e a jovem desmaia.
Ao chegar a casa de Doug, ela começa a recobrar os sentidos, ele começa a falar para ela:
- Me desculpe por estar oferecendo sua vida ao demônio, mas faço isso porque amo demais!
Quando ele a deita no sofá e vira-se para fechar a porta, ela se levanta com a rapidez de um raio, apanha um pequeno punhal e parte para cima dele, começam então uma luta corporal e a moça consegue feri-lo por baixo da axila, ela levanta-se rapidamente e foge gritando...
Ela chamava-se Juliana e agora, estava a par de tudo o que acontecia naquela casa.
Escondida por entre as cortinas estava Branca que estupefata, saiu correndo daquele pesadelo, invadiu o quarto de Elma e contou-lhe tudo o que tinha visto e ouvido, Elma disse-lhe para ficar calada e que ela poderia apenas ter visto uma discussão entre o senhor e uma prostituta que possivelmente quis surrupiá-lo e assim pediu-lhe que dormisse, pela manha investigariam o fato.
Pela manha Doug tentar manter a calma e senta a mesa para tomar um bom café, Branca ao servi-lo percebeu que sua camisa estava suja de sangue que pingava de por debaixo de seu braço direito, ela perguntou o que havia ocorrido e ele limitou-se a dizer que tinha sofrido um pequeno golpe, mas que estava tudo bem.
Comeu, agradeceu e trancou-se no laboratório, lá, ele invocou novamente o demônio, que lhe disse para não falhar de novo, senão a magia se quebraria, disse-lhe ainda que só faltavam duas jovens, que ele sai-se no horário combinado e voltasse sem falhas.
A noite Doug pensou em ir à cidade, mas lembrou-se de uma jovem, filha de um funcionário seu e que morava próximo à mansão e todas as noites, saia para dar um passeio sobre as estrelas. Ele então ficou de vigília e no momento em que avistou a moça, investiu rapidamente sobre ela, lançando-lhes galanteios, ela achou um tanto estranho, mas por tratar-se de seu senhor, tomou aquilo como um elogio, aceitou ir com ele para dentro da casa, pois tinha enorme curiosidade de ver como era lá por dentro.
Ao adentrar, foi levada para o laboratório e Doug usando do mesmo artifício, saiu dizendo que iria buscar uma bebida, a pobre moça ficou a esperá-lo e pensando nas vantagens que poderia tirar daquele furtivo encontro.
Ao invés de Doug, surge a sua frente uma figura grotesca, com unhas que pareciam garras, de sua boca mal traçada, sobressaíam dentes pontiagudos, suas orelhas pareciam pequenos chifres de tão afiadas que eram, seus pés eram como cascos de cavalo e de suas costas abriram-se enormes asas que a envolveram num abraço mortal.
A pobre moça não teve tempo de balbuciar uma só palavra, mas pode ainda perceber que a criatura estava vestida com roupas que lembravam as de um nobre senhor, daí não pôde ver mais nada e caiu morta, cadaverizada, sem nenhuma gota de sangue. A criatura retornou para a porta, se ajustando perfeitamente a ela e foi ficando petrificada, como o velho pedaço de carvalho.
A cena em descrita, foi presenciada em sua integra por Elma, que escondida em baixo de um grosso móvel, observou a tudo com muito medo de ser descoberta, estava horrorizada e resolveu contar tudo aos outros funcionários da casa.
A história foi contada e todos ficaram sabendo do acontecido, quando o senhor Doug levantou-se, foram tomar satisfações, mas, foram rechaçados com rispidez e Doug os expulsou de sua propriedade, alguns ainda tentaram avançar contra o senhor, no entanto foram contidos pelo próprio Doug que disparou contra eles conseguindo assim dispersá-los.
Doug voltou-se para dentro da grande mansão e trancou-se o mais fortemente possível, lá fora os revoltosos esbravejavam por uma explicação e pelo aparecimento de Constance, a moça morta na noite anterior, apavorado com a situação, ajoelhou-se por entre os moveis e tapou os ouvidos, para não escutar os brados de :
- Assassino, assassino!
Ele começou a chorar em desespero, pensou em retratar-se, mas agora era tarde demais para voltar atrás, até porque, segundo a promessa do demônio da porta, só faltava um sacrifício para ele ter Francesca de volta, estava muito perto para desistir agora, resolveu então que seguiria em frente, enxugou as lágrimas do pouco remorso que ainda lhe restava, e seguiu em frente, esperou as coisas acalmarem-se um pouco e os revoltosos se dispersarem.
Ao cair da noite partiu num rápido galope em direção à cidade, dessa vez não teve muitos pudores e ao avistar uma senhora de uns 50 anos, partiu para cima dela e a esmurrou, colocou-a na garupa de seu cavalo e seguiu em direção à mansão.
Trancou-se novamente e já ia embora, no entanto, ele já estava muito abalado e resolveu não deixar tudo acontecer como de costume, apenas retirou só um pouco de sangue e despejou na boca de sua amada. Depois levou a pobre mulher embora, largando-a numa viela da cidade, sem no entanto tê-la morto.
Francesca nesse ínterim, já estava com pequenos movimentos em seus membros , sua pele agora estava normalizada, possuía batimentos cardíacos, mais ainda estava imersa em profundo sono, ele saiu da câmara mortuária e dirigiu-se para a sala, lá chegando, sentou-se de cabeça baixa, pensando em todos os acontecimentos da noite anterior, pensava que assim que Francesca acordasse, voltaria para a América, pois lá, ninguém conhecia de seu passado e assim, poderia voltar a ser feliz com sua amada. De repente, alguém chama por seu nome:
- Doug!
Ele levanta a cabeça e parada a sua frente, esta um homem alto, musculoso, ricamente vestido, com roupas de uma época anterior a sua, tinha os cabelos longos e presos como um rabo de cavalo, um bigode fino e negro, como os cabelos, em sua cintura havia uma longa espada embainhada, Doug levantou-se assustado e inquiriu o desconhecido: quem vos sois, o que fazes aqui e como entrastes em minha casa?
O ilustre desconhecido respondeu-lhe em tom sarcástico, como podes não me reconhecer se fostes vos quem me trouxe para dentro de seu lar? Por acaso não estas me reconhecendo?
Doug, fixou o olhar assustado no desconhecido e imediatamente reconheceu o Duque Máximo, no antiquário, onde havia comprado à porta, o proprietário havia lhe mostrado uma pintura que retratava o duque, Doug estava abobalhado, não sabia o que dizer, mas recobrou o controle e perguntou:
- Como podes estar aqui?
O duque respondeu-lhe por acaso não lembras das mortes e do sangue que me davas para beber, pois foi assim que voltei à vida, eu era o demônio entalhado na porta, eu sacrificava as vitimas!
Doug ficou intrigado e perguntou:
- E por qual motivo vos mesmo não bebia o sangue?
O duque lhe disse que não poderia, pois fazia parte do encantamento pelo qual ele mesmo havia realizado consigo e que somente através de outra pessoa o alimentando, ele poderia voltar a ser o que era.
Doug retrucou perguntando por que ele mesmo faria um encantamento para ficar preso em uma porta? O “nobre” duque respondeu:
- Em minhas experiências pela vida eterna, eu descobri que ceifando 30 vidas e armazenando o sangue das vitimas, eu poderia garantir minha sobrevivência eterna, mas fui descoberto e quando faltavam somente duas vitimas, os aldeões revoltosos invadiram meu castelo e tocaram fogo em tudo, eu por minha vez apliquei o feitiço em minha pessoa e salvei-me ficando preso a porta que compraste no antiquário.
Disse ainda que a porta estava impregnada de poderes demoníacos e por isso não foi queimada juntamente com o restante da propriedade, desta feita fui salvo juntamente com todo o laboratório, dois séculos se passaram em espera, até que surgiu você com seu sofrimento de amor, e pude usá-lo para quebrar o feitiço, o resto da história você já conhece!
Doug, ouviu tudo estupefato e perguntou:
- E Francesca, quando vai acordar?
O duque soltou uma gargalhada estrondosa, aquilo irritou Doug, que exigiu uma explicação. O diabólico duque lhe disse:
- Meu caro idiota apaixonado, Francesca não acordará nunca, pois ontem a noite você ficou com pena da velhota, sua amada continua mais morta do que antes, seus apaixonados olhos, viram o que eu queria que você visse!
Doug, retrucou:
- Mas como pode todos os dias ela tem melhorado um pouco mais, seu coração já tem batidas ritmadas, sua pele remoçou, suas mãos já tem movimento, como podes dizer uma mentira dessas?
- Meu caro Doug, é muito fácil ludibriar um louco apaixonado, vá vê-la com os próprios olhos, Francesca não passa de um pútrido cadáver! Mas mesmo assim eu lhe exijo que consiga a ultima vitima, o encantamento tem de ser desfeito hoje mesmo.
Doug, tomado de ódio, gritou para o duque calar-se e que não traria mais ninguém para morrer, partiu para cima do conde, mas foi repelido por um vigoroso murro que o fez parar distante, ele levantou-se espumando de ódio e correu em direção à sala mortuária, lá chegando pôde constatar que Francesca estava tão morta quanto antes e que de sua boca escorria muito sangue que enchia sua urna mortuária, Doug percebeu que ele estava realmente vendo, aquilo que era conveniente ao demônio e que nunca houve recuperação nenhuma de sua amada senhora.
Ele caiu desolado e desacordou, só recobrou os sentidos muito tarde da noite, com uma intensa gritaria as portas da mansão, o povo da cidade e os seus antigos servos, gritavam por seu nome do lado de fora, exigiam uma explicação, pelo desaparecimento das pessoas.
Doug desesperado, procura o duque pela casa, vai encontrá-lo sentado calmamente no laboratório e lhe diz o que esta acontecendo, o duque o ignora dizendo que enquanto aquela porta estivesse fechada, nada aconteceria a eles, que os servos poderiam queimar a casa inteira, mas que eles não iriam se ferir.
Doug se desespera por ter sido enganado por ter morto tanta gente inocente, para libertar um demônio, se revolta por não ter mais o seu amor, foge do laboratório e vai até um grande deposito de ferramentas e apanha um afiado machado, parte em direção a maldita porta e começa a bater com o machado contra a mesma, o duque percebe o que esta acontecendo e tenta impedi-lo, mas era tarde demais a multidão enfurecida invade a mansão e atingem Doug mortalmente, ele cai balbuciando:
- A porta... a porta... destruam a porta!
Os servos sem escutá-lo investem com toda a fúria por sobre a casa, destroem tudo, arrastam os restos de Francesca para fora da casa, queimam tudo que podem despedaçam a porta, invadindo e quebrando todo o laboratório, eles ainda tem tempo de observar, como se um vulto estivesse entrando novamente na porta e se fundindo a ela, um deles toma o machado das mãos de Doug e a despedaça por fim.
Ao final de toda a balburdia, Doug, nos instantes finais, percebe que um dos empregados toma para si, à carranca de ouro que ficava presa a porta e a leva como um troféu, quer gritar e dizer-lhe para destroçá-la mas faltam-lhe forças, morre por fim e sua alma é arrastada para as profundezas do inferno, para pagar pelos crimes cometidos em prol de seu ensandecido amor.
Epilogo:
Na casa de Martin, um jovem que participou da destruição da casa de Doug, ele mostra para sua mãe a mascara de ouro que estava presa a porta, ela admira e lhe diz:
- filho, temos que vender isso para conseguirmos um bom dinheiro!
Martin, vira para ela e responde:
- Nada disso mamãe esses dias tive um sonho em que um nobre senhor disse-me para guardá-la com cuidado, pois apareceria alguém para me dizer o que fazer e conseguir grandes riquezas!
Martin acaricia o artefato, que parece estar sorrindo...
TEMA: Ídolos