Plano

Em uma cidade interiorana, uma chuva torrencial, fez com que rios inundassem o lugar. O exército foi convocado para auxiliar em resgates. Os militares, com armas em punho, não permitiam o contato da população com as imediações do córrego, dizendo ser área de risco, ameaçando inclusive de prisão ou morte quem se atrevesse. A truculência dos militares, chamou a atenção do sujeito que passava e que sentiu uma curiosidade a respeito do assunto. Observava de longe e viu pessoas sendo levadas, detidas. De volta para sua casa, passou a noite em claro, cogitando possibilidades. Comentou, inclusive com familiares, sobre o fato corrido. De madrugada, escutou alguém lhe chamando. Ao abrir a janela, avistou um ex-presidente, que pedia que o acompanhasse. Fora de casa, sem despertar a atenção de familiares, conversaram. O ex-presidente disse ser de urgência voltarem ao local das inundações, em especial ao córrego onde ocorrera a grande concentração de militares. Estava pouco agasalhado, mas era uma noite quente e acompanhou a inesperada visita.

Chegando ao local encontraram mais duas pessoas, que estavam já sob as instruções do ex-presidente, que com uma espécie de aparelho, apontava para as margens do córrego, em uma área onde o mato estava alto. O aparelho fez duas luzes se acenderem de forma fraca e irem aumentando de intensidade. O ex-presidente explicara, que o aparelho emitia frequência que fazia certos sensores responderem, coisa de uso exclusivo das forças armadas, o que faria com que identificassem o ponto exato onde deveriam investigar. O convidado não se sentiu surpreso, já que o ex-presidente, segundo lera\, havia tido formação acadêmica exemplar, destacando-se, embora tenha se filiado a um partido duvidoso e seu governo envolvido em atos muito contraditórios aos ideais preconizados pelo antigo ativista dos direitos humanos. O ex-presidente se dirigiu até o local, pedindo que o restante do grupo aguardasse um sinal dele. Quando seu rosto atravessou a folhagem, uma submetralhadora encostava em seu rosto e pedia que se levantasse. Antes que pudéssemos nos mover, estávamos cercados por militares.

Era uma espécie de base militar subterrânea. Todos foram conduzidos ao interior do lugar, escoltados pelos soldados. Algemados e colocados dentro de uma sala com revestimento de vidro à prova de impactos, avistamos outros militares, com patentes mais altas, se aproximando. Um sujeito de voz forte, dizia que precisávamos demonstrar fidelidade a sua causa. Imaginamos que uma discordância seria fatal. Uma mulher, que dizia preparada, foi retirada da cela. Duvidavam de sua palavra e a levaram para uma prova de fogo. A mulher foi feita andar sobre um metrô em movimento. A estação metroviária ficava ao lado da base e se movimentava por baixo da terra, sabe-se lá até onde. A vitima se desequilibrou sobre um dos vagões, devido ao nervosismo e a força imposta pela velocidade. Ao quase cair, uma câmara se abriu e uma violentada labareda incinerou seu corpo, que ainda com vida foi arremessada contra a parede de proteção e engolida pelo trem. Todos assistiam a tudo através de imagens enviadas por câmeras espalhadas por todo o percurso. O ex-presidente foi convidado a ser o próximo a participar de um teste.

Todos sabiam que iriam sucumbir as atrocidades ali cometidas. Apelaram ao bom senso e mesmo sobre a questão de manterem um ex-presidente em cárcere, o que geraria investigação. Os líderes daquele plano estavam seguros em obter êxito. Comentaram sobre a necessidade em fazer com que a população não cometa a abstenção que tomaram ciência. Conseguiram, através de fontes seguras, de que a população, em massa, não votaria nas próximas eleições, causando um caos na política nacional, com repercussão mundial. Algo precisava ser feito. Os militares, sabiam que estava mais uma vez em suas mãos, o restabelecimento da ordem. O plano era causar tragédias, a ponto de deixar as pessoas desamparadas, e ansiosas por um novo líder. Minando a desmotivação que se alastrava pela sociedade. As horas passavam e tudo era uma questão de tempo. Algo estava para acontecer. A dúvida era se viveriam ou não para testemunhar os próximos acontecimentos. Enquanto isso, o ex-presidente caminhava em direção a um carro, com destino incerto.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 23/01/2014
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