Boa Noite!!
Chris chega à sala de número treze do hospício de Fallen, uma pequena cidade que fica ao norte de Gatlin, para conversar com o paciente que foi internado por insanidade. Dizia que vivia com vários fantasmas e demônios. Porém um em especial sempre vivia com ele, nunca saia de perto.
A sala é toda branca e o paciente está com os cabelos negros por cima dos olhos e com a cabeça baixa. Sentado na beirada da cama. Chris se aproxima e senta em uma cadeira na frente da cama.
- Will, conte-me tudo. Estou aqui para lhe ajudar. Sou o médico que pode tirar você daqui.
- O que você quer saber?
- O que aconteceu no dia 13 de maio? – O paciente levantou a cabeça e sorriu.
*Era um dia muito frio. Estava mais ou menos dois graus. Acordei de manhã e desci as escadas pra ir pra cozinha. Cheguei lá e vi a cozinha toda bagunçada. Pratos sujos jogados pelo chão, talheres espalhados pela mesa. Gavetas abertas. Achocolatado derramado. Sabia que tinha sido ela*
- Ela quem Will?
- Prefiro terminar tudo. Depois você me faz perguntas, mas já respondendo essa. Ela é Anna, e sempre está comigo desde quando eu tinha meus cinco anos de idade.
*Não fiquei tão assustado. Já estava acostumado com aquilo tudo.
Ela gostava de chamar a atenção. Principalmente por que eu não aguentava mais ela e fazia três dias que a estava ignorando totalmente. Não consegui fazer mais nada naquele dia. Qualquer coisa que eu procurava sumia. Tentei jogar Xbox, mas não achei os controles. Fui ligar a T.V e ela saia da tomada direto.
Mesmo assim continuei a ignorando.
À noite quando me deitei para dormir senti algo em cima de mim. Uma voz arrepiante me disse boa noite e uma língua passou pela minha bochecha. Ouvi passos vindos da escada, bem devagar. Fiquei olhando para a porta até ela se abrir. Uma faca estava vindo em minha direção. Sabia que era Anna quem a estava segurando, mesmo sem poder vê-la. Tentei fugir. Dei a volta na faca e corri até a escada. Tropecei em um sapato e rolei escada a baixo. Treze degraus. A faca veio em minha direção e fez um corte no meu braço esquerdo. Depois no direito. Depois nas pernas. Depois na nuca. E por último no peito.
Então me acordei e contei tudo isso para o médico que estava me atendendo... E ele me mandou para cá. Dá pra acreditar?*
- Will, Acharam suas impressões digitais na faca. Quer contar o que aconteceu realmente? – O paciente estava cara a cara com Chris, porém seus olhos estavam indo em outra direção.
- Você acha que estou inventando tudo isso?
- Você não é tão louco assim. Só me diz por que não fala a verdade. Por que fica criando esses fantasmas e demônios?
- Doutor. Para quem é solitário como eu. A companhia de fantasmas e demônios se torna até agradável – Will ainda olhava em outra direção.
- O que você tanto olha naquele canto? – Will apenas apontou a cabeça. Chris se virou e se assustou.
Havia uma menina com cabelos negros e pele cinza. Olhos totalmente amarelados. Um sorriso assustador. Dentes podres. Uma faca na mão direita. E se tocando com a mão esquerda. Totalmente nua. Um pé estava para o lado errado. As unhas grandes e de cor verde musgo.
Chris cambaleou para trás e saiu correndo pelo corredor. Will estava sorrindo de alegria. A menina já havia sumido.
Na mesma noite Chris chega a sua casa totalmente exausto. Vai até a geladeira e encontra um bilhete.
“Amor, fui até a minha mãe.
Amanhã estarei de volta.
Com amor, Annelize”
Teria que dormir sozinho essa noite. Pensou no que tinha acabado de ver no hospício e quase vomitou. Desistiu de algo na geladeira e foi direto pra cama. Nem trocou de blusa.
Jogou-se na cama e foi fechando os olhos.
Sentiu um beijo em seu rosto.
- Boa noite!! – Disse uma voz.
- Boa noite amor – Respondeu ele.
Passaram-se alguns segundos até que ele notou algo estranho.
ESTAVA SOZINHO EM CASA.