Zero Vírgula Treze
Dia treze do doze de dois mil e treze. Será um dia que ficará em minha mente para o resto da vida, carrego o fardo comigo até os dias atuais. Algo misterioso aconteceu e não consigo lembrar-me o que foi. Tenho sonhos pela metade onde parece que tudo vai se resolver e do nada eu me acordo. Suando e às vezes até com algum objeto em que peguei. Quando tenho esse tipo de sonhos costumo o chamar de 3D. Um jeito divertido de livrar-me dos tempos difíceis que estou passando. E tudo começou naquele maldito dia.
Eu estava trabalhando na biblioteca, como todos os outros dias, o movimento era pequeno. Já eram dez horas da noite e a biblioteca iria fechar. Apenas uma menina de cabelos loiros e olhos azuis ainda estava lá dentro. Tinha dificuldade em carregar tantos livros nos braços. Cheguei mais perto e consegui reparar nos livros – Harry Potter, Fallen, Crepúsculo e Beautiful Creatures – caminhei lentamente até ela.
- Moça, você realmente lê esses livros? – Então passei os dedos lentamente pela fileira de livros que tinha do meu lado e puxei um. Já sabia qual era.
- Esse aqui é bem melhor. – Estava segurando o volume único de As Crônicas de Nárnia – Ela sorriu pra mim.
- Lógico que sei que esse é o melhor, mas já li várias vezes. – Assenti e falei.
- Guarde rápido os livros que já está na hora de fechar.
Andei até o balcão principal e sentei-me. Abri a gaveta para procurar a chave da porta e vi um livro, com uma capa de couro vermelho e sem dizeres. Abri o livro e notei que tinha a foto de todos que já trabalharam ali, pois a minha foto era a última e a penúltima era da menina que trabalhou aqui antes de mim. Fui passando as páginas e logo notei que a maioria que trabalhou aqui era menina. Fiquei um pouco incomodado.
Fui passando as páginas até que paralisei. Olhei bem a foto que estava a minha frente, uma menina de cabelos loiros e olhos azuis. Igual à menina que eu acabara de ver no corredor. Só que embaixo da foto estava o ano de 1880.
Sai correndo pelos corredores para procurar a menina. Fui onde a tinha encontrado, mas não estava mais lá. Corri, Corri, entre as prateleiras, derrubei vários livros. Até que uma parte da biblioteca as lâmpadas se apagaram, e consegui apenas ver uma sombra. Mas não era da menina. Era de alguém mais alto que ela, da minha altura. Percebi que era um rapaz. Porém não deu para ver mais nada, além disso. Fiquei apavorado e em instantes meus pés começaram a sentir o chão tremer. Os livros começaram a cair da prateleira.
- Quem está ai? Pare de fazer isso. – Senti algo bater na minha nuca, não deu tempo para nada. Apaguei.
Acordei-me e estava em cima da minha cama. Com os cobertores e tudo. Sentei-me, esfreguei os olhos e vi uma mensagem em giz na parede do meu quarto – NÃO FOI APENAS UM SONHO. CINCO VEZES VOCÊ SONHAR. VINTE E SEIS MENOS VEZES VOCÊ IRÁ PENSAR.
A única coisa que eu pude pensar foi – QUE DROGA É ESSA?