O monstro com dentes pontiagudos
Em uma certa noite, a qual não me lembro ao certo, deitei-me em minha cama e os meus olhos fechei. Não dormi rapidamente, pois eu ainda conseguia ouvir os grilos fazerem uma tremenda algazarra do lado de fora da casa.
Para conter um pouco o som dessa maldita festa, eu fui em direção à janela para fechá-la, porém eu vi que a noite estava bela e clara. Como eu estava sem sono, decidi ir para a varanda e eu poderia ficar alí até que o sono chegasse.
Peguei um velho banco que estava encostado na parede, o puxei para um lugar onde eu pudesse admirar o luar e me sentei. Um vento frio soprava em minha direção. Ele vinha de uma pequena plantação de milho que ficava do lado esquerdo da casa e me fez tremer um pouco. Fui até o meu quarto, peguei uma coberta e voltei para a varanda. Antes que eu me sentasse, um certo barulho me chamou a atenção. Um assovio vinha do milharal e isso fez com que o meu coração batesse um pouco mais rápido do que o normal.
- Não deve ser nada... Eu disse ao meu cachorro Toddy.
Toddy olhava fixamente para o milharal e do nada, começou a rosnar. Os pelos do seu dorso estavam todos arrepiados e isso me preocupou bastante. Entrei em casa novamente e peguei uma lanterna que estava em uma das gavetas do velho armário de madeira que ficava na sala de estar. Quando eu voltei para a varanda, Toddy já não estava no mesmo lugar que eu o havia deixado.
- Toddy! Aqui amigão!
Como não obtive resposta, resolvi procurar por ele. O chamei várias vezes e nada dele me responder. Decidi dar uma volta pelo quintal da casa.
Uma densa nuvem encobriu o luar e eu coloquei a lanterna para funcionar. O assovio tinha parado por alguns minutos e eu o ouvi novamente, só que dessa vez estava mais próximo por onde quer que eu fosse. No meio de vários sons, um outro me chamou a atenção e eu fui na direção de onde ele estava vindo.
- Toddy! Gritei em desespero quando o vi perto do celeiro quase sem vida.
Eu o peguei em meus braços e fui em direção à frente da casa, pois a porta dos fundos estava trancada. Quando eu coloquei um dos meus pés para entrar em casa, uma mão gelada me puxou com força para trás e cravou dois dentes pontiagudos no lado direito do meu pescoço. Sem pensar duas vezes, joguei Toddy em cima da coberta e dei uma cotovelada no monstro que havia atacado o meu cão e me atacado.
- O que tem no seu sangue, seu merda?
- Não gostou do gosto do meu sangue? Deveria ter escolhido outra pessoa então! Você vai se arrepender pelo o que fez.
Minha preocupação naquele momento era saber se o Toddy iria sobreviver ou não. Uma imensa raiva tomou conta do meu corpo e eu fui com tudo para cima daquele miserável, para matá-lo. No entanto, alguma coisa aconteceu. A única coisa que eu me lembro foi acordar com o galo cantando próximo da minha janela e Toddy estava deitado próximo da minha cama.
O dia ainda estava amanhecendo, e apressadamente fui à varanda. Senti um cheiro diferente. Não era o mesmo cheiro forte que eu havia sentido quando o monstro havia me atacado. Tinha uma certa frangância, assemelhava-se a um perfume, porém não me agradou. Deduzi que deveria ter outra pessoa ou monstro juntamente com ele.
Intrigado, fui até o banheiro para ver se havia alguma marca em meu pescoço e para a minha surpresa, não tinha sequer um arranhão.
- Não acredito que tudo foi simplismente um sonho... Disse a mim mesmo enquanto me olhava no espelho.
- Toddy, vem aqui amigão!
Eu me abaixei e comecei a passar a mão pelo pescoço dele. Depois de muito esforço, pois ele achou que eu estava brincando com ele, eu notei duas pequenas cicatrizes no lado direito do pescoço dele.
- Isso não foi um sonho... Se eles voltarem aqui, irão pagar pelo o que fizeram conosco, Toddy! Estarei preparado, nisso você pode apostar.