Um trovão retumbou á distancia. A idosa recolhia a roupa apressadamente se antecipando á chuva. De repente á alguns metros a sua frente, ela notou a aparição. - Jesus, Maria, José_ A senhora se benzeu assustada. Não podia ser verdade. Sua filha estava morta e enterrada! A criatura foi se aproximando lentamente. Um arremedo de sorriso lhe repuxando o rosto. A velhinha deixou cair às roupas que segurava, enquanto lágrimas escorriam pela sua face enrugada. O medo era como um fino punhal perfurando o seu coração.  Lembrou então do dia em que Helena morrera. Também chovia. A filha já estava há algum tempo acamada, e seu gênio forte piorara muito ultimamente. Nada que a mãe fazia a agradava. A doente vociferava e atirava na parede copos e pratos de alimentos. Acusava sua progenitora, e o restante da cidade por sua doença. No dia do seu falecimento enquanto uma forte dor a acometia, a mulher gargalhou horrivelmente, e entre golfadas de vômitos, disse á mãe que voltaria para se vingar. Não pouparia ninguém. A pobre senhora não esboçou nenhuma reação, quando as mãos geladas de dedos compridos, apertaram sem piedade seu magro pescoço, enquanto o temporal desaguava fortemente encharcando as roupas e o corpo que ficou caído na terra vermelha. A morta entrou na casa, foi até o seu antigo quarto, revirou um velho baú e partiu.                                                                                                                      A noticia da mortandade na escola se espalhara rapidamente. O povo se escondeu dentro das casas. Alguns colocaram crucifixos nas portas, e a maioria começou a rezar ruidosamente. Emendando uma oração a outras. O medo se instalou de forma perversa. Crianças foram ocultas debaixo de camas e porões, enquanto alguns homens trêmulos, sentados em sofá e cadeiras, aguardavam com as armas engatilhadas. O pavor estampado em suas retinas. Naquela noite nem rezas, paus e balas conseguiram deter a defunta, e toda a vila foi exterminada. Do morador mais novo, ao mais velho todos encontraram a morte nas mãos gélidas e fortes de Helena. O dia começava a nascer quando ela voltou para o cemitério. Escondidos por trás de um túmulo, o coveiro e sua filha esperaram que a falecida voltasse para a sua tumba, e segundos depois abandonaram para sempre o lugarejo.           ( Amiga Zeni, essa é outra Helena. Bem mais perversa,rsrs.)
 
vânia lopes
Enviado por vânia lopes em 19/09/2013
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