O SÍTIO DE COLARES

Não podia aparecer um feriado, a galera se arrumava para viajar, catavam o dinheiro que estivesse à mão, botavam a mochila nas costas e partiam, dessa vez o destino seria Colares, era uma cidadezinha escondida bem no meio da mata a uns 200 km da capital Paraense, na verdade era uma ilha, cheia de encantos e muitos mistérios, Aldrin, Anderson, Flavio, Marcelo e Álvaro, não contaram conversa desceram do ônibus e partiram para o sitio da tia Rose, que era conhecida na região, por abrigar os viajantes. Agora imaginem, se a cidade já era escondida, o sitio então, nem se fala, eram 4 km de caminhada pela mata adentro, uma estradinha de terra e arvores para todos os lado, muito bonito durante o dia, mas que tornava-se muito apavorante, ao cair da noite.

Dessa vez os rapazes levaram suas respectivas namoradas, Simone, Claudia, Daniele, Márcia e Syane, as meninas não conheciam nada e estavam um pouco apavoradas, Álvaro, sempre cheio de gracinhas, começou a contar que coisas estranhas aconteciam por aquelas bandas e que diversas pessoas já haviam desaparecido, disse ainda que tinha ouvido falar, que no sitio de tia Rose ,tinha um conga, ou seja, um local para a pratica de magia negra e que por diversas vezes, ele havia escutado estórias, dela encorporada por espíritos que precisavam se manifestar, aquela conversa, deixava Daniele um tanto quanto temerosa, pois ela sabia que estas coisas existiam, por ter presenciado pessoalmente alguns fenômenos. Para a maioria da galera, aquilo tudo não passava de balela e que Álvaro estava era tentando meter medo nelas.

Após muito caminharem, finalmente chegaram ao sitio e foram recebidos por Eduardo, o caseiro, que lhes disse que tia Rose estava fora, para um interior mais distante realizando feitiçarias na mata. A galera não ligou muito e como já estava quase anoitecendo, resolveram tirar suas roupas e foram nadar no igarapé que fica dentro da propriedade. Lá, a coisa começou a esquentar e como não poderia deixar de ser o sexo correu sem preconceitos ou pudores, mas no melhor da festa, Daniele disse para Álvaro que tinha visto gente por entre as arvores, Aldrin, largou de Syane e disse estar vendo alguns índios escondidos no meio do mato, Anderson disse para eles pararem de besteiras que não tinha nada nem ninguém ali e que eles não passavam de uns atrapalha foda, resolveram então voltar para o sitio e como já era noite, comeram e foram deitar.

Marcelo ficou namorando com Simone, dentro da rede, fumaram um baseado, fizeram um sexo gostoso e em seguida sentiram fome novamente, mas para comeram, necessitavam sair da proteção da casa e irem lá fora, pois a cozinha era um pouco afastada, na verdade era um espaço coberto com palha e totalmente aberto, como se as arvores servissem de paredes, começaram a comer e de repente, Marcelo percebe que o mato se mexeu, a principio achou ser o vento, mas, à medida que fixava o olhar, percebia que algo se aproximava dele e de Simone, ele começou a ficar arrepiado, pois não via nada, mas sabia que tinha alguém próximo dele, seu sangue gelou, suas pernas paralisaram, balbuciava frases desconexas que Simone não entedia, de súbito, apavorado, conseguiu correr, mas foi alcançado pela força invisível que o arrastou para dentro da floresta, Simone tentou correr, mas foi atingida por violenta bofetada, que a fez cair longe e desacordada.

Claudia, também já estava chapada de fumo e como ela mesma dizia, adorava sentir uma rola bem grossa lhe comendo, quando ela estava doidona, dizia que sua libido se alterava para melhor, Flavio não perdia tempo e metia com força na moça, ele era um cara de quase 2,00 mts e era disso que ela gostava, depois do sexo ela virou de lado e quando já ia dormir, percebeu que Marcelo e Simone, não estavam em suas redes, falou para Flavio que queria ver a sacanagem que poderia estar rolando do lado de fora, e quem sabe assim, ela não sentiria vontade de novo.

Quando estavam saindo, os outros também acordaram e ao se inteirarem do que estava acontecendo, resolveram ir junto para fazerem uma sacanagem com Marcelo e Simone, mas ao chegarem próximo a cozinha, viram um grosso rastro de sangue, era como se tivessem aberto a cabeça de uma pessoa e a arrastado pelas pernas, com a cabeça espalhando sangue por todo o caminho. Ficaram apavorados e as moças começaram a se desesperar, mas Flavio, muito cético e calculista, disse que deveriam ficar calmos e irem à busca dos amigos, as moças não concordaram e Daniele disse que só poderiam ter sido os índios, Claudia então retrucou: - Ora, cale a boca sua paranóica, aqui não tem índios coisa alguma! Daniele resolveu ficar calada e disse que iria ate a cidade pedir ajuda Álvaro não concordou, mas ela disse que iria assim mesmo.

Claudia, Márcia e Syane, resolveram ficar trancadas na casa, enquanto os rapazes iam atrás dos amigos desaparecidos. Feito isso, embrenharam-se mata adentro, seguindo o rastro de sangue, depois de caminharem por uns três quilômetros, se depararam com uma cena grotesca, Marcelo e Simone, ou melhor o que havia restado deles, estavam empalados em estacas fincadas no centro do terreiro, um pouco mais adiante, uma grande fogueira, assava as pernas, os braços e as cabeças dos enamorados, Anderson, ao ver aquilo, começou a vomitar e a chorar, rolando pelo chão, Álvaro e Aldrin tentaram levantá-lo, para saírem dali o mais rápido possível, no entanto, já era tarde demais, haviam feito muito barulho, que foi percebido pelas entidades indígenas. Ao perceberem que estavam cercados e que teriam o mesmo fim de seus amigos, tentaram lutar, mas foi em vão, foram amarrados e levados para o centro do terreiro, não demorou muito e as moças que haviam ficado na casa, também chegavam amarradas, mas, Márcia jazia morta, com uma lança espetada em sua cabeça. Claudia e Syane ainda estavam vivas, mas muito debilitadas, devido às agressões sofridas.

Quando todos estavam amarrados, os índios se reuniram em volta do grupo e ai, eles perceberam que eram pessoas com o corpo de homem, mas seus rostos, não eram humanos, alguns tinham cara de tigres, outros de leões, outros de abutres, enfim, seus rostos eram de animais, aquela imagem, petrificou o sangue do grupo e eles se debatiam tentando se libertar, gritavam por uma explicação, mas recebiam apenas pancadas em seus corpos. De repente o grito de Aldrin se sobressai no meio de todo aquele horror e pergunta: O que, afinal vocês querem de nós? Quando surge uma mulher branca e gorda, com os cabelos esgranhados, as unhas pareciam garras, prontas para rasgar aquelas peles frágeis dos rapazes e das moças e ela lhes disse assim: Olá meus filhos, eu sou a tia Rose que tanto vocês queriam conhecer e este aqui é Eduardo, que vocês já devem ter conhecido, meu fiel ajudante, que se encarrega de divulgar as belezas deste lugar, para atrair os tolos como vocês. E começou a falar: vocês devem estar curiosos para saber o porquê disso tudo, pois eu lhes digo: - Essa tribo que os cerca, foi uma tribo de nobres guerreiros que viveram por aqui, desde a época da Revolução Cabana, viviam em paz, no entanto, as forças do exercito imperial, que perseguiam os revoltosos, deu de encontro com a tribo em questão, dizimaram a todos, mataram os homens, estupraram as mulheres e as crianças e depois os mataram, a selvageria foi tanta, que ensandecidos, esquartejaram a todos e os empalaram, as partes mais macias do corpo, os soldados salgaram e levaram consigo, para comerem em sua viagem, mata adentro, desde então eu que sou descente desses índios e que ouvi a historia contada por minha bisavó, ate chegar a minha mãe, fui incumbida de promover a vingança, contra os brancos que são desregrados e que se aventuram por estas bandas e agora, é a vez de vocês. Anderson, atônito, perguntou: - Mas como podem estar vivos por mais de 150 anos? Isso é loucura! Sua frase foi interrompida por uma violenta bordoada em sua cabeça, que lhe arrancou a tampa da caixa craniana, espalhando pedaços de seu cérebro, por todo o terreiro. Aldrin gritou desesperado e chorava copiosamente, enquanto Álvaro, que havia afrouxado as cordas tentou correr em direção a Eduardo (o caseiro), conseguiu agarrar-se com ele, tomou sua faca e conseguiu matá-lo, enterrando o facão por inteiro no pescoço do serviçal de Rose, correu, mas foi atingido por uma lança grossa que atravessou-lhe o peito, trazendo seu coração ainda pulsante, preso a ponta da lança. Flávio apenas se limitou a perguntar afinal quem são eles então? Rose respondeu: são os espíritos daqueles mesmos índios que pereceram injustamente, eu os invoco, sempre que surge um novo grupo, para que eles possam satisfazer sua sede de vingança, eu por minha vez, sempre sou beneficiada, pois, eles me concedem riquezas e assim, também, aproveito para realizar minha vingança pessoal contra toda essa escoria branca, que veio de longe perturbar a nossa paz. Mas não pense que eles também não sofrem, pois eles estão aprisionados nesse pedaço de chão, são espíritos perturbados, que revivem a cada dia, os sofrimentos pelos quais passaram.

- Mas chega de conversa, você será a oferenda especial, ao terminar de falar, aproximou-se de Flávio e quando ia começar a rasgar sua barriga, é atingida por um tiro certeiro em sua cabeça, seguidos de outros em seu tórax, que fica despedaçado de tanta bala. Era Daniele, que havia trazido a policia, que explicou estar procurando há muito tempo essa mulher, para prestar esclarecimentos, sobre o desaparecimento dos grupos que as famílias diziam ter partido em direção ao sítio. Flávio, ainda perturbado, com tudo, grita para Daniele se proteger, pois havia muitos índios naquele local, os policiais riram da situação, pois, eles não conseguiam ver coisa alguma. Libertaram Flávio e o levaram, juntamente com Daniele, para fora daquela loucura toda, ao passarem pelo corpo de Rose, perceberam um sorriso diabólico em seu rosto, que ficou mais horrendo por sua cabeça estar despedaçada. Era como se ela estivesse lhes dizendo, que aquilo ainda não havia terminado.....

Tony Monteiro
Enviado por Tony Monteiro em 28/08/2013
Código do texto: T4455273
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