Uma Simples Brincadeira
13 de Novembro de 1999. Rua da Salvação. Como era de costume de todas as tardes no bairro Vale do Sol, as crianças, que na maioria estudavam na parte da manhã, brincavam de pique esconde.
Fábio, conhecido como “rei do esconderijo” por seus amigos de brincadeira, sempre conseguia se esconder de uma maneira que sempre era o último a ser encontrado, isso quando o encontravam.
Naquela tarde Fábio iria fazer algo desafiador até mesmo para suas expectativas, iria se esconder na famosa casa mal assombrada que foi abandona há vários anos e muitas histórias sinistras são contadas a seu respeito. Seus moradores tiveram um fim que ninguém sabe. Diz a principal lenda que a família, liderada pelo pai Francisco, daquela casa tinha costumes canibais, o povo do bairro decidiu agir com as próprias mãos e invadiu a casa, mas ninguém foi encontrado, toda a família já tinha deixado a casa uma noite antes sem que alguém percebesse. Todas as crianças evitavam essa casa, nem perto elas passavam, mas Fábio queria encarar esse desafio, de fato era um garoto bem corajoso para os seus 12 anos.
“1... 2... 3...”, contava de longe um menino encostado em um muro. Partiu então Fábio para a casa. Ao entrar percebeu que não havia móveis, apenas quadros velhos pendurados e rebocos caindo das paredes. Explorando mais a fundo a casa, Fábio acabou tropeçando em um tapeta já surrado e um barulho metalizado é produzido, curioso o menino levanta o tapete e encontra um alçapão, com a seguinte frase escrita: “Não abra. Se afaste”. Mas a curiosidade foi mais forte, ao abrir o início de uma escada lhe foi apresentado e de resto apenas uma escuridão infinita, logo pensou: “Sem dúvidas esse é o melhor lugar para se esconder” e iniciou a descida, mas mesmo antes de descer cinco degraus seu pé escorrega e o tombo é inevitável, após três segundos o menino tão corajoso se encontra desmaiado no chão daquele lugar escuro.
“Ai minha cabeça, que dor infernal”, levanta Fábio, tentando se escorar em algo, reclamando da dor de cabeça. Ao tentar se sintonizar percebeu que tudo era escuridão, havia apenas um pouco de luz que entrava pela porta do alçapão e com essa luz percebeu que a escada não chegava até o chão do cômodo, ficava a uns 2 metros acima dele. Percebendo que a situação se encontrava crítica, Fábio começa a gritar pedindo socorro, mas ninguém escuta, além de uma criatura que hibernava no canto daquele cômodo sinistro. De repente o menino ouve um rosnar vindo de algum canto, um calafrio sobe pela sua espinha. Agora com a vista já acostumada com a escuridão, Fábio consegue enxergar um pouco e percebe o monstro avançando para cima dele, uma criatura horripilante, com dentes enormes e comprimento além do normal, lembrando um lobisomem. Em segundos a criança é toda rasgada e degustada, como se fosse um aperitivo. Infelizmente a porta daquele calabouço está aberta e depois dessa tarde nunca mais o povo do Vale do Sol foi o mesmo.