“A senha”

A melodia que ecoa aos ouvidos dos mortos são os lamentos dos que vivem. Enquanto Augusto tenta convencer seus carrascos a deixá-lo a ver Miguel, ele teme ver seu pai morto e não se segurar, mesmo sendo ele uma maquina de luta, a dor de ver seu pai morto o faria se lamentar em grandes amarguras de alma.

Em sua volta o terror predomina.

Muitos mortos em decomposição caídos bem a sua volta.

Ossos de crânio largados pelo caminho, membros inferiores, superiores.

A cena contemplada pelos olhos de Augusto revela a pratica de uma carnificina naquele lugar infernal, bem no fundo de uma caverna deteriorada por bombas e tiros de fuzil.

Ao continuar a caminhar em frente, Augusto vê o anãozinho voltar, em seguido um grito de horror, era o homem que sangrava tendo a vida ceifada pelo capetinha dos infernos, ele viu o olhar do homem ferido procurando o olhar de Augusto e temeu que ele pudesse fornecer alguma informação para Augusto, assim, melhor acabar logo com a chance do cara.

Ao se aproximar de um veio de água, Augusto vê Miguel acorrentado numa armação de ferro cravada numa parede de pedra, bem acima dele um revoado de morcegos aconteceu, seu pai tinha pavor destes bichos.

Augusto se irrita e tenta reagir.

Mas João aponta-lhe uma pistola 9 milímetros para a cabeça do Grandalhão e diz – nem pensar, eu não terei problemas em te estourar os miolos.

Eu sei que Miguel é seu pai, sua justificativa na entrada da caverna não me convenceu.

Por isso, se controla.

João chama Alfredo e diz o prisioneiro esta se descontrolando.

Augusto – eu não sou prisioneiro, Gino me permitiu vir aqui para reconhecer o prisioneiro, ele esta a minha espera.

Não, ele nos informou que você também é prisioneiro e como tal, vai ajudar na mina, Miguel é velho, não agüenta nada, mas você é forte e vai abrir o lado norte para nos, se conseguir, voltara e aguarda a próxima missão, se não conseguir, ficara aqui com os outros cadáveres.

Você não deixou a gente gravar a senha, problema seu, não conseguira sair, sem a senha.

Agora é tarde, você já era. Augusto – porque acorrentaram um homem velho? Ele é tão perigoso? Alfredo levanta o olhar com dificuldade, retirando a bandagem do olho cego e mostra a Augusto.

– esta vendo isso? Foi um maldito velho, igual este ai quem me cegou.

Eu o subestimei e ele me atacou com uma faca de pão.

Sem contar; que sua língua é mais perigosa que ele.

Isso fala mais que papagaio de pirata.

Bom para dar localização aos comparsas.

Por isso, fica ai, bem acorrentado, com olhos vendados e boca fechada.

Enquanto isso, Gino é informado na cidade que Augusto não colabora.

João pergunta a Gino se deve dar tratamento diferente para Augusto.

Gino diz; não.

Porem faz um alerta, mantenham-se afastado dele, pois tenho informação que o cara é fera, se reagir de fato, poderá vencer vocês e daí eu terei problemas.

Mantenham os homens do lado de fora informados e lhes dêem ordens para atirar sobre qualquer ameaça.

Gino – chamam mais homens para dar apoio, eu não quero arriscar.

Fiquei sabendo que tem homens dele na cidade de onde veio se preparando para virem para Ca, se isso acontecer, teremos uma guerra.

E eu não posso mais perder dinheiro.

Gino – haverá um torneio de lutas na cidade, eu quero que você peça ao Anãozinho para vir para cá.

Vou precisar dele para ficar de olho no movimento da cidade.

Ao chegar à cidade, Gino ordena o baixinho para organizar alguns bons lutadores para lutarem no torneio.

Mal sabe Gino; que os lutadores são homens da academia de Augusto.

Ao sair da cidade para procurar por seu pai, Augusto combinou com Wagner, um lutador com vasta experiência nos ringues e amigo de Augusto para ir a sua procura, caso não voltasse em três dias.

A única forma de entrar na cidade levando vinte lutadores sem chamar atenção de Gino, era inscrevendo a equipe de lutadores para lutar na cidade do cartel do general do trafico.

Embora o torneio fosse idéia de Wagner, quanto menos despertar Gino, melhor. Na caverna, João e Alfredo acompanham Augusto de perto.

Augusto esta preso próximo a Miguel.

Miguel não consegue se comunicar com o filho, ele tem os olhos vendados e a boca cerrada com ataduras.

Mas Augusto tenta tranqüilizar ele falando as escondidas.

A noite chega e Alfredo leva Augusto para detonar dinamites e limpar a caverna. É preciso levar os corpos de homens mortos para serem queimados logo depois que as dinamites fossem detonadas.

Augusto desconfia que João queira matar Miguel.

Eles já sabem que o velho é pai de Augusto.

O tempo passa, a noite é barulhenta.

Num vacilo dos capangas, Augusto retira a mordaça de Miguel.

Ele informa o filho que tem prisioneiros feridos num lugar próximo de onde eles estão.

Por pouco Augusto explode o local e todos morreriam.

A cidade esta em grande festa na noite da luta.

O evento trás os mais perigosos bandidos e lutadores sanguinários.

Hoje, a noite promete.

Gino nem desconfia que os homens de Augusto estejam dominando a cidade, entre os homens de Augusto esta um investigador de policia realizando o serviço de inteligência, ele esta tentando encontrar pistas para chegar ao amigo.

Próximo ao ginásio aonde será realizada a luta, Gilmar encontra o Anãozinho folgado, eles se encontram e o Anãozinho do capeta desconfia do Gilmar.

No ringue iniciam as lutas, os lutadores de Augusto vencem fáceis os lutadores de Gino.

Na caverna Augusto conversa com Miguel e da inicio a ação.

João descuida e augusto lhe quebra o pescoço.

O homem cai no chão e Augusto lhe toma a arma, um fuzil de grosso calibre. Batista esta na parte de fora dando instruções aos homens pra que eles fiquem atentos. Podem ser surpreendidos e isso não seria nada bom, mal sabe Batista que João esta morto dentro da caverna.

Augusto desamarra Miguel e o carrega nos ombros para colocá-lo em segurança. Ao olhar para baixo, ele leva um susto, vê mais de oitenta homens acorrentados, feridos, doentes.

São homens prisioneiros cuja família vivem sobre ameaça de morte por Gino. Batista vem retornando e chama por João, mas o amigo não responde.

Batista com dificuldade para enxergar para e decide chamar ajuda.

De fora, vêm três homens armados.

Augusto esta aguardando, ele surpreende os bandidos e desfere golpes de Kung-fu mobilizando os caras e em seguida quebrando-lhes os pescoços.

Da mesma forma ele domina Batista e lhe toma o radio HT, assim ele força Batista a se comunicar com o Anãozinho.

Em seguida ele mata o homem cego de um olho e em seguida, lhe toma as chaves para libertar os prisioneiros.

Gilmar esta próximo do baixinho feioso e ouve a comunicação.

Enquanto isso, Gilmar grava o endereço que ouviu e volta para o ginásio.

Os homens de Augusto partem ainda de madrugada e vão ao caminhão que transportam o armamento na entrada da cidade.

Porem, Gino desconfiado que seu império de crimes esteja ameaçado, vão ele e o Anão para a caverna para agrupar os homens e lhes fornecerem o armamento pesado.

O dia ainda não nasceu e o crepúsculo começa a se formar por de trás das montanhas acinzentadas de poeira tóxica.

Ao ver os cadáveres pelo caminho que leva ao interior da caverna, Gino vê João e Batista mortos, ambos com pescoços quebrados.

Agora a guerra já é anunciada, Gino arma seus homens e ficam de prontidão, aguardando a chegada dos policiais da cidade de Augusto.

Porem, ele não sabe que não é a policia, e sim os lutadores que detonou seus homens no ringue.

Durante as lutas, os homens de Augusto quebravam os braços e pernas dos lutadores de Gino, pois entendiam que assim, eles ficariam mais fracos para um possível combate em campo aberto.

Dentro da caverna o clima estava agitado.

Augusto já sabia que seus homens estavam chegando.

Graças à autoconfiança dos bandidos, Augusto ouviu que Gino estava próximo com seus homens.

Pelo fato de estarem sendo atacados.

Agora, Miguel esta em segurança.

Miguel esta entre os prisioneiros e começa a libertá-los, um a um.

Augusto junta as armas dos bandidos mortos e vai para a entrada da caverna.

Ele para e ouve barulho nos trilhos de ferro.

Ele se esconde e vê Gino e o Anão dentro do carrinho.

Junto com eles vem mais dois homens, Augusto precisa parar o carrinho, caso contrario os homens que estariam sendo libertados por Miguel seriam atacados. Augusto lança uma bomba em direção contrario e isso desperta Gino e seus homens, eles voltam para traz.

Ao chegarem à porta, dão de cara com os Lutadores de Augusto, a guerra se inicia, por todo lado se ouve tiros de metralhadoras, Augusto vem para fora, ele tem três armas com ele, para todo lado se vê homens caído, tiros pra todo lado.

Os homens de Gino começam a morrer iguais moscas.

Sem contar os que morrem em combate corporal, alguns homens se arriscam enfrentar os lutadores e são mortos tendo o pescoço quebrado.

Augusto luta com dois homens e em seguido os vencem, mesmo assim ele pega a arma e atira.

Ninguém sai vivo.

Gino decepciona Augusto, um homem de tanta fama, ate de meter medo em Chuck Norris. Agora se esconde feito um coelho assustado, têm muitos homens mortos, muito sangue, num momento, ouve-se uma terrível gritaria vinda de dentro da caverna, é Miguel vindo para fora com os homens que estavam como prisioneiros de Gino.

Ao saírem, um vento assopra vindo em direção a Augusto, ele sente como uma premonição e tenta se jogar em cima de Miguel, mas não da tempo.

Uma bala acerta o velho bem no peito e ele cai lentamente no chão batido daquela terra irrigada de sangue.

Augusto olha para o alto da montanha e vê Gino segurando uma metralhadora na mão, mais a baixo o Anãozinho endiabrado.

Ao ver o desespero de Augusto, o Anão levanta sua peixeira como se saudasse seu inimigo, num gesto de quem diz; eu não disse que vocês não sairiam vivos deste inferno.

Augusto pega uma moto e parte em direção ao homem que teria atirado em seu pai.

Um dos homens de Augusto pega Miguel e o coloca na caçamba da pick-up e sai em alta velocidade para um hospital mais próximo.

Augusto encontra Gino e o Anão capeta bem lá no alto da montanha.

Sem pestanejar, Augusto pega o Baixinho e joga ele lá de cima a baixo.

Quando ele ainda estava em queda, ouviram-se tiros de metralhadoras cravejando o pequeno corpo revestido de maldade, que ao cair em terra firme, partiu-se em pedaços de carne podre.

Gino – porque teve de acabar assim? Augusto – você quis assim, eu te avisei que se ferisse o homem que eu procurava, ia se ver comigo.

Gino – todos aqui têm medo da minha ira.

Agora, você é quem deveria ter medo da minha ira diz Augusto.

Meu pai esta morto e você esta aqui ainda, mas por pouco tempo.

Os dois começam a lutar uma luta onde o vencedor é o que ficar vivo.

Gino luta bravamente, porem inútil diante de tanta destreza de Augusto.

O homem, o general, o temido homem que liderava um cartel do crime, cai de joelho e implora por sua vida.

Augusto, impiedosamente pega uma banana de dinamite enfia na boca de Gino, ascende o estopim e sai correndo, ao se jogar numa vala coberta de gramas, ouve-se a explosão.

Nada sobraram de Gino, apenas um mutuado de carne dilacerada e sangue. Augusto desce e vai com seus homens para o hospital para ver seu pai.

Miguel esta vivo, fora de perigo.

Augusto o abraça e juntos se alegram.

A cidade livre do cartel de Gino respira aliviada.

Os homens que antes estavam refém de Gino reencontraram suas famílias e uma nova vida se inicia em Cruzeiro.

Gustavo olha para trás e faz uma promessa, voltarei nesta cidade um dia, mas para tomar uma cerveja com aqueles homens que sobreviveram.

Bons homens. Balbucia Miguel.

FIM

Joel Costadelli
Enviado por Joel Costadelli em 09/05/2013
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