Noiva do Crepúsculo
Um rapaz estuda, na sua pequena mesinha, reações químicas. A janela está aberta, para que ele possa sentir um pouco de vento, já que seu quarto não tem ar condicionado e está fazendo muito calor. Num átimo, o dia escurece, sem dar aviso. A janela ainda está escancarada, e o ambiente externo é escuro e sombrio. De repente, uma brisa geladíssima corta-lhe a alma, deixando frio todo o quarto. Então, uma grande ventania, também de baixa temperatura, entra pela abertura, fazendo papeis voarem para todos os lados. O rapaz se levanta para fechar a janela, quando ouve uma voz.
-Você vai se casar comigo? -ele se vira rapidamente. Diante dele, está uma menina, cerca de 15 anos de idade, linda, com ornamentos indianos, pele dourada e olhos profudamente negros. Usava uma roupa branca, aparentemente especial e comemorativa, que estava um pouco rasgada que estava suja, na altura da virilha, por uma mancha vermelha.
-Ô moça, você não pode ir entrando assim!
-Casa comigo? Você tem que se casar!
-Quantos anos você tem? 14?
-Sim, é isso.
-Você é muito nova para casar. Olha, garotinha, eu não estou para brincadeira. Que mancha é essa no seu vestido?
-É o sangue da minha virgindade.
-Realmente, mocinha, você é muito criativa, mas você está me irritando. Eu não estou para zoeira hoje, então caia fora, não sei como entrou aqui e nem quero saber... -fechava a janela. Então, começou a puxá-la pelo braço, que estava quente, e abriu a porta.
-Mas você vai se casar comigo?
-Não, eu não vou.
A porta violentamente bateu sozinha. Os braços dela esbranquiçaram, ficando totalmente frios.
-Eu era a noiva prometida a um grande comerciante na Índia. Um dia antes do meu casamento, bandidos entraram na minha casa, quando eu estava sozinha, roubaram tudo que puderam e me estupraram. Com isso, eu perdi minha virgindade, e meu noivo me recusou. Ninguém mais quis se casar comigo!
-Mas menina, você é nova, e estamos no Brasil. Não sei como chegou aqui e como faz essas coisas, mas você deve ir para um abrigo. Eu garanto que você arranja alguém, a sociedade daqui é diferente.
-Não! Eu quero você! Case-se comigo! Agora!
-Eu não vou me casar!
Os olhos dela ficaram totalmente negros, suas unhas ficaram pontiagudas e cresceram, seus dentes se tornaram como os de um tubarão. A garotinha, então, partiu para cima do pobre demônio, devorando-o vivo, deixando apenas sangue e ossos por todo quarto.
Em um escritório de contabilidade, um dos subalternos fazia hora extra, sozinho. Pela janela, aberta, batia vento. De súbito, ouviu:
-Você vai se casar comigo?