Morena Canibal
Júlio fazia faculdade de arquitetura e urbanismo na USP-SP. Desde o início do curso, gostava de uma determinada menina. Seu nome era Carolina. Morena, cerca de 1,57 m, um amor de menina, super inteligente e aplicada. Tinha traços caucasianos misturados com sua ascendência indígena.
No entanto, o rapaz sempre fez o estilo alternativo e quietão. Usava all-star, óculos de grau chamativos, era tatuado e ia sempre descabelado para a faculdade. Havia se desencantado totalmente com as mulheres, então caiu de boca no livros: é por isso que passou direito no vestibular e, além disso, com 23 anos, nunca tinha nem ao menos beijado garota alguma.
Certo dia, Júlio assistia às aulas de linguagem arquitetônica, fazendo todas as anotações possíveis. Foi quando, atrasada, entrou Carolina, e acabou sentando ao lado dele, pois não havia mais espaços disponíveis.
-Ei, o que ele tá dando? - perguntou a ele.
-Está introduzindo arquitetura grega.
-Obrigada.
Acabaram conversando mais naquele dia. Quando chegou a noite, o rapaz simplesmente não podia evitar constantes pensamentos acerca da garota. Na outra semana, Júlio deu o seu primeiro beijo e logo de cara pediu a moça em namoro.
-Você é bem diferente... Eu aceito.
Mais um mês se passou. Júlio já fazia estágio, chegou um feriado oportuno para que ele pudesse descansar. A namorada sugeriu:
-Que tal ir para uma chácara para ficar um tempo?
-O aluguel é caro...
-Não se preocupe, meu tio tem uma, perto de Salto.
Ele achou ótimo. E ela também.
Pegaram algumas roupas, alimentos e lá foram passar os dias. Contudo, no final da tarde de sábado, ainda no primeiro dia
-Estou me sentindo tão bem! Eu até gostaria de um jantar, mas algo diferente, especial! Sinto desejo de uma carne refinada...
-Eu não sabia que você era tão refinada assim.
-Ah, sou sim. Mas deixe que eu preparo algo muito especial pra gente.
-E o que você vai preparar?
-Vamos começar com o melhor...
Ela começou a tirar a roupa. Estava bom demais para ser verdade, Júlio não esperava por aquilo. Ela tirou a roupa dele, e disse:
-Você sabe que eu sou uma índia. E você, branco assim, me lembra muito um colonizador. Sabe do que vamos brincar?
-Hummm... Que tal brincarmos de Iracema?
-A ideia é boa... Mas antes vamos brincar de prisioneiro? Eu te prendo e você me deixa fazer o que eu quiser.
-Sim, aceito, mas não me machuque, índia - falou, já imerso naquela situação.
Ela foi até o banheiro e voltou com um colar artesanal indígena, com um cocar e cordas. Estava até pintada como uma índia. Começou a amarrá-lo, friamente.
-Isso me excita... porquê você está séria?
-Calado, vagabundo! - e deu um forte tapa no rosto dele.
-Já começou? Que realista!
-Eu disse calado! - ela apertou com muita força os testículos do coitado. Ele soltou um grito agudo, quase de menina.
-Só abra a boca quando eu mandar.
-Carol, para com isso, não tá legal...
Ela pegou uma vara de marmelo, dentro das suas coisas, e deu uma surra nele, deixando todas as suas costas em carne viva.
-Isso é para você me respeitar, sujo. Vamos lá para fora.
Tendo que enfrentar resistência, ela o arrastou até os fundos, cuja aparência lembrava bastante uma mata fechada. Ele pôde ver que tinha uma fogueira pronta para ser acesa e até uma oca.
-Carol, porquê você está fazendo isso comigo? Me deixe ir!
-Meu nome é Aimara. Me chame de Aimara! Nessa sociedade de loucos, todos perderam a identidade. Mas não eu! Eu tenho orgulho de ser descendente de tupinambás!
-Tupinambás? Não, você...
-Você sacou, verme. Eu vou te devorar.
Ele clamou por socorro. Gritava, mas era inútil - a chácara era grande demais e estava muito distante de qualquer outra coisa. Ela entrou na oca e saiu com um pano enrolado. abriu do lado dele, e estavam contidos ali diversas facas e instrumentos de tortura, todos feitos à mão.
-Eu tento levar uma vida perfeitamente natural. Você nunca entenderia o sentido disso.
-Eu entendo, Ca... Aimara! Nós podemos levar uma vida juntos! Eu gosto de você! Me deixe ir, e eu esqueço isso, poderemos levar uma vida natural juntos!
-Você não pode. Jamais será indígena. Eu vou gostar de jantar você. Sua carne parece muito saborosa.
-Ele gelou. Tentou sair rolando, em um momento de distração da psicopata, mas foi em vão. Ela logo foi atrás dele, e deu um severo castigo.
-Eu ia apenas te matar e te comer, Júlio, como eu já fiz com os outros impuros. Mas você não foi que nem os outros, não. Você tinha que resistir. Sua morte será dolorosa e cheia de sofrimento.
Pegou uma bastão feito de pedra e mergulhou-o na fogueira, e ali deixou durante quinze minutos. Então, segurando pela parte que estava fria, tirou o objeto do fogo.
-Me poupe, apenas me mate, por favor!
-Vocês destruíram a vida dos meus antepassados. Agora, eu destruirei a de vocês.
Fê-lo deitar de barriga para cima e segurou o objeto latitudinalmente no corpo do indivíduo, fazendo-o gritar. A marca deixada pela queimadura fedia a carne queimada.
-Que cheirinho bom... Fiquei com fome.
Ela segurou um grande facão nas mãos e começou a cortar a perna esquerda dele. Ele urrava de dor. Em alguns minutos, o membro já estava decepado e espetado em um pedaço de madeira assando no fogo.
-Eu fiquei de jejum durante uma semana só para aproveitar esse banquete!
Comeu por completo sua perna, deixando apenas a pele, os músculos e o pé. Então, cravou dois gravetos pontudos nas órbitas dos olhos dele, tirando estes órgãos, e também assando-os.
-Olhos eu nunca tinha comido... Tem um sabor diferente.
Anotava tudo em um esquisito diário, em uma linguagem que não era o português. E assim foi toda a noite: a partir de certo momento, ele estava fazendo muito barulho, então ela decidiu matá-lo. No entanto, ela comeu, apenas naquele dia, uma perna, dois olhos e o peito do pobre demônio. O resto, ela ensacou e deixou em conserva. Ao final de duas semanas, só restava mesmo os ossos dele.
-E aí, Carol! Você teve notícias do Júlio?
-Sumiu, né? Nem sei o que aconteceu com ele.
-Aí, vai estrear um filme legal no cinema. Tá a fim?
-Claro.