Ruiva Caroneira

Cauê dirigia calmamente sua F-1000 na BR-286, no Rio Grande do Sul. Eram 3h da madrugada, e ele já cansado, voltava para Porto Alegre após ter pegado produtos agrícolas em uma pequena cidade nos limites da fronteira com a Argentina. O farol alto permitia uma nítida visão da rodovia, embora limitada. Em trecho de mão dupla, as vezes alguns desavisados faziam ultrapassagens perigosas, mas Cauê tinha plena consciência disso e estava muito bem avisado.

Um pouco sonolento, avistou à beira do asfalto uma mulher de cabelos vermelhos que fazia sinal com a mão. Imediatamente pensou ser um golpe, provavelmente para ser assaltado ou algo do tipo. Passou por ela, e pôde olhá-la, não tinha mais de 24 anos, uma gaúchinha adorável. Provavelmente, seu carro teria quebrado e ela precisava de ajuda, pensou. Parou então a caminhonete e buzinou. Ela foi correndo, e logo abriu a porta.

-Finalmente, uma alma boa para me ajudar! - disse a desconhecida - eu preciso de uma carona até Canoas!

-Venha, estamos no caminho.

Ela era linda, apesar de ser tingida. Olhos azuis brilhavam com o farol dos raros carros que vinham do outro lado da via. Ficaram quase uma hora em silêncio, quando, para quebrar o gelo, Cauê arriscou:

-O que faz você na estrada a essa hora?

-Meu carro quebrou, e ninguém quis me ajudar.

-Bem, para sua sorte, eu te ajudei!

-Há quatro anos, meu carro quebrou no trecho dessa mesma estrada e eu peguei carona com o mesmo homem que me matou.

-O quê...?

-Sim, e por isso eu vou te agradecer de uma maneira especial.

Ela começou a passar as mãos nas pernas dele.

-Pare, eu estou dirigindo, e não precisa fazer nada disso para mim.

-Mas eu vou! - nesse momento, a estranha mulher apertou os testículos do homem, causando-lhe imensa dor, o que fê-lo perder o controle do veículo.

Cauê viu apenas uma luz vindo ao seu encontro e uma buzina. Então, caiu na escuridão.

ACIDENTE MATA DOIS EM ESTRADA NO RS

O comerciante de alimentos, Cauê Fernandes, perdeu o controle do carro e colidiu com um Uno, matando Maria Pereira, que conduzia o outro veículo...

Augusto dirigia pela BR-286, de madrugada. De repente, viu uma ruiva pedindo carona, e hesitou em parar, mas acabou freando.

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