Mais um enterro
Todos pareciam cegos. Suas expressões encaravam o nada. Naquele lugar cinzento, a fraca chuva se misturava à lagrimas. Algumas sinceras, outras não. E o silêncio predominava, pois o mundo era mudo ali.
Quando um enterro é assistido, as coisas são mais ou menos assim. É como se alguém apertasse aquela tecla "MUTE" do controle remoto e feito mágica, as sensações se diluem, o som se exclui.
As pessoas encaravam o caixão, que aos poucos ia descendo. Alguns se abraçavam, outros não. E eu que nunca fui de ficar pensando em questões metafisicas, estava cheio de perguntas. Perguntas que eu não sabia formular, perguntas que escorriam sob minhas vestes como a chuva.