O canto dos Mochos
Estou colado no tronco da árvore. É noite agora. Silêncio... As vozes dos mochos cristalizam o ar e ferem meus ouvidos.
Há quanto tempo estou preso? não sei, e talvez nunca saberei, só quando Ela resolver este nó...
Faz muito tempo que a espero. Ela me prendeu nesse tronco da noite eterna... e Ela... Ela...não sei aonde está... Sei que a espero...Talvez o canto dos mochos (tenho ódio deles, sua música é estranha e me amedronta ainda mais) seja o indício de seu retorno?
Se quero vê-la? não sei...na verdade sim, desejo vê-la novamente, mas...como posso dizer isso...eu não quero ser fraco, não desejo transmitir isso a ninguém poque tenho que ser forte...
Se sou honesto comigo?...Ah! deixa de idiotice! não é a minha honestidade que está em jogo agora. Aprendi que devo ser forte...e Ela virá de qualquer jeito...o que sinto quanto ao retorno dela?...Que se dane! foda-se! não estou nem aí para os outros. Quero mais é...Ah! chega. Não aguento isso, tenho que ser imparcial e pronto, e assim que Ela chegar...aí veremos o que acontece.
Hoje estou preso nesse tronco, e até que é um lugar bonito aqui. Estou num pequeno jardim com algumas árvores e com estes mochos que não param de cantar...acho que vou esmagá-los por ódio, mas estou preso e não posso fazer nada...Se quero matá-los mesmo? sim! quero. Eles cantam para zombar de mim, para me deixar nessa agonia eterna.
Como eu os odeio, porque sabem...sim eles sabem...e gostam...gostam de me torturar com seu canto...porque...Ah! inferno!...sabem muito bem...que...Sim, sabem muito bem...Ela não virá hoje...