O MISTÉRIO DO VELHO CASTELO - PARTE 13
Olá galera!!! Tudo bem com vocês? Queria pedir desculpas pela demora em publicar a continuação do meu conto. Desta vez mandei ver e fiz algumas páginas renderem. Eu não fazia idéia que um pequeno conto poderia se tornar tão grande assim. De qualquer forma, peço desculpas pela demora. Irei pubilicar meus últimos escritos em três partes. Ainda não terminei de escrever a história, mas estou trabalhando nisso, para quem sabe, daqui duas semanas eu consiga terminar. Se tiver algum erro de português me perdoem. Espero que apreciem a leitura. Abraços.
Já estava escuro, e nada de Ricardo chegar. Ele havia dito que estaria lá antes de anoitecer, mas isso não tinha acontecido.
Armand continuava sentado na escada de frente para a casa e agora observava as mães gritando e empurrando os filhos, enquanto alguns namoricos ocorriam nos bancos da praça, mais a frente. Ao fundo dela, quase sumindo na curva, ele podia ver a luz acesa no cômodo mais alto da casa de seus patrões. Resoluto, olhou para dentro da casa de Ricardo. A lenha sobre a lareira crepitava cada vez menos, e logo o fogo daria lugar as brasas deixando a casa na escuridão.
Olhou o relógio. Já passava das 19 horas e Ricardo não voltava. Armand resolveu ir até o armazém da esquina e tomar um gole de pinga. Antes disso porém, voltou para dentro e colocou mais duas toras de lenha sob a lareira, assim, o fogo estaria aceso quando ele voltasse.
Trancou a casa e caminhou com calma pela rua. As luzes dos postes já estavam acesas, e ele observava sua sombra tremular a cada passo que dava em direção ao armazém. O clima estava agradável e uma leve brisa soprava pela rua, trazendo aos poucos o frio e a neblina da madrugada.
-Boa noite.
-O que vai querer? – disse o bigodudo atrás do balcão sem tirar os olhos da pilha de copos que estava lavando.
-Quero uma dose de pinga, por favor.
-Aqui está. São cinco réis.
Armand virou a dose numa golada só e bateu o copo em cima da mesa.
-Coloque outra.
-Ai está – o bigodudo tirou os olhos da pia por um instante e o encarou.
-Armand, não era pra você estar na casa dos seus patrões? O que o traz aqui?
-Estou ajudando o novo morador daquela casa – e apontou em direção ao fim da rua -, ele se mudou pra cá há pouco tempo e recomendaram-me a ele.
A casa de Ricardo era de um tom branco desbotado. Trepadeiras cobriam parte dos muros pela metade, e as vigas que guardavam a porta acima das escadas estavam com sua pintura descascada. Acima da porta, uma janelinha empoeirada completava o visual de abandono daquele imóvel, que há muitos anos não era ocupado por ninguém.
-Está ajudando o policial?
-Sim, ele mesmo.
-A casa é muito grande. Já estive lá antes, você vai ter trabalho.
-Nem tanto Carlos, ele não tem muita coisa pra arrumar, deve ter feio a maior parte do trabalho sozinho.
-Isso é bom.
Dizendo isso, Carlos voltou a lavar seus copos, enquanto Armand observava o movimento na rua. Já eram 19h50min e nada de Ricardo voltar. Dali a 10 minutos o armazém fecharia e a ideia de voltar sozinho para aquele casarão à noite não lhe agradava muito. A única forma seria ficar na rua esperando, o que não era uma boa ideia, tendo em vista a notícia de que criminosos estariam rondando o bairro.
-Coloque mais uma pra mim.
Carlos fitou Armand outra vez.
-Não é tarde pra beber assim?
-Apenas coloque uma dose.
-Certo, beba e caia fora depois. Vou fechar. Minha mulher está fazendo uma carne no forno hoje. Matamos um porco, a insuportável da mãe dela veio me assombrar por uns tempos... Ao menos ganho comida boa em troca da estadia da velha.
-Carlos, acho que você quem deveria beber então – Armand riu, sentindo que o álcool já estava fazendo efeito.
-É pior! Se eu bebo vejo duas donas Ana na minha frente. Prefiro ficar sóbrio – brincou -.Bom, é isso ai... Hora de fechar.
Armand despediu-se de Carlos e seguiu de volta ao casarão. Sentou-se nas escadas da frente e esperou. A rua já estava vazia, exceto por um menino de bermudas cinza e um casaco desbotado que vinha caminhando cabisbaixo da praça.
-Droga, aonde será que o Ricardo se meteu?
A luz que a fogueira da lareira produzia sobre a sala estava ficando fraca de novo. A neblina tinha descido sobre a cidade e já estava densa. Armand, resoluto, decidiu entrar e esperar por seu patrão lá dentro.
A sala estava quente pelo calor das chamas da lareira, mas o resto da casa estava puro gelo. Com a correria para embalar as caixas e depois a ida ao armazém do seu Carlos, ele havia se esquecido de fechar as janelas do andar de cima. Praguejando, subiu até lá. Depois do dia estranho que tivera, a ideia de ficar sozinho ali não o agradava, e quanto mais subir sozinho no segundo andar daquela casa estranha com tudo no mais completo breu também não lhe causava boas sensações. A lua estava cheia, e iluminava debilmente o extenso corredor.
-Certo, fecho as janelas e aguardo o patrão na sala.
Cauteloso, ele fechou janela por janela, e quando estava descendo, passou em frente à biblioteca de Ricardo. A armadura estava inclinada contra a parede. Certamente obra dos ventos da noite. Armand a arrumou em seu lugar e reparou como ela parecia ser antiga. Provavelmente não se tratava de uma restauração, mas de uma peça genuína e muito bonita. Mas ali naquele escuro ela mais parecia um guarda, que de pé, zelava pela segurança do local. Se sentindo meio desconfortável, Armand desceu as escadas e viu que a porta da sala estava aberta. Olhando através das janelas, viu que o menino que vinha da praça estava sentado em frente à casa, e brincava com alguma coisa.
-Ei moleque! – Armand correu para enxota-lo – suma daqui seu vadio!
O menino então se virou e lançou um olhar gélido em sua direção. Levantou-se e limpou com uma das mãos a bermuda suja que vestia e simplesmente foi embora. Armand, satisfeito pelo pito que passara ao garoto, entrou na casa e escutou latidos vindos do porão. A porta estava novamente aberta, e Rex bradava lá embaixo.
-Sinto muito – disse ele dando de ombros.
Aquela casa não o agradava, e ele não estava disposto a descer até o porão só por causa dos latidos de um cachorro.
Continua...