L.U.D. (Light Upside Down)
Eu tinha desligado o computador e estava escovando os dentes, como sempre faço antes de dormir. Estava quente e fui beber água, mas no caminho, algo estranho ocorreu: eu me vi. Não era nenhum reflexo. Não havia espelho ali no escuro do banheiro. Achei meio estranho, mas não dei muita atenção. Bebi a água e fui pro quarto. Apaguei a luz e deitei.
Lembro que sonhava que estava numa cama, ouvindo uma música do Latino, enquanto girava de um lado a outro, inquieto com o movimento da cama, que girava comigo. Ouvi batidas na porta. Não, não era minha vó. As batidas eram ritmadas. Três em sequência, repetidas quatro vezes. Fiquei assustado, afinal não é sempre que se ouve alguém (talvez não humano) bater à sua porta, num ritmo tão bonito. Tentei voltar a dormir, pensando em bons momentos, mas o som delas ainda estava em minha mente.
De repente tudo ficou escuro. Eu não consegui mais me mexer. Uma força inexplicável me empurrava contra a cama, e tudo parecia estar em câmera lenta, até meus pensamentos. Tentei gritar, mas a voz não saía. Ao invés disso, era como se alguém tentasse invadir brutalmente meu corpo, violando a lei da física, que diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Mas do nada parou, "ainda bem" eu suspirei aliviado. Pena que não durou muito. De novo eu não podia me mexer. Mas dessa vez senti uma mão no meu pescoço, e outra que puxava meu punho direito para cima. Tinha uma força descomunal e dizia algumas palavras: "Olhem o que eu consegui..." foi o que consegui entender. Com um esforço a mais, mexi meu pescoço. Tudo voltou ao normal, pelo menos por enquanto...