Macabra Realidade (parte I)

Mais uma manhã nascia, “que porre!” pensou, mais uma vez o serviço irritante lhe aguardava. Salvo no desprezível serviço era Fátima, ah sim a deliciosa Fátima, dona da garupa mais deliciosa que já havia provado, fogosa, carente e sempre disposta, era a que mais trabalhava e ainda assim tinha tempo de o satisfazer como fosse ele o melhor homem da Terra.

Motivado pelas imagens de bons momentos com ela, se levantou e foi ao banheiro, escovou os dentes fez a barba, pensou no marido de Fátima. “Corno ridículo” balbuciou rindo com desprezo sonolento.

Vestiu a roupa, comeu o pão dormido de dois dias e um café gelado, gel ao cabelo, estava pronto. Matias ia para mais um dia na inútil fábrica de vidro que trabalhava como encarregado de revisão.

Antes de sair da cozinha a campainha toca, quem seria tão cedo nem atender iria, mas espiou pela fresta da janela, era um homem com o uniforme da empresa. Saiu ver o que era, chegando lá assustou-se, era Paulo, o marido de Fátima.

- Bom dia seu Matias, o ônibus da firma quebrou e o patrão mandou eu buscar as pessoas que vinham de fretado com a van do escritório.

Nada respondeu além de um comedido aceno com a cabeça dizendo sim, olhou para a van da empresa, pegou as coisas fechou a porta e saiu. Não retribuiu ao “como vai o senhor”, muito menos o sorriso do homem que ele tinha como rival. Sem se dar conta Matias havia desenvolvido ódio mortal do marido de Fátima, ele era o traidor, mas se sentia traído, olhava a mulher e pensava nela com o marido na noite e isso o estava consumindo por dias, em contra partida engolia tal iludido sentimento pois sabia que jamais aceitaria Fátima como esposa, por a ter na conta de meretriz e sem vergonha. Sendo assim seus dilemas irracionais o faziam mais estranho e irritado que de costume.

Matias era viúvo e se viu liberto na viuvez pois nunca havia amado e apenas desprezado a sua falecida e dedicada esposa, dono da verdade, egoísta e oportunista, sem dúvida um covarde e um exímio puxa-saco, Matias tinha realizado grande feitos para seu conforto pessoal, mas agora se via ali, usufruindo da mulher de um colega de trabalho.

- Sou o primeiro? – indagou com estranheza.

- Sim seu Matias.

- Mas outras pessoas moram antes de mim, isso é um desperdício de combustível rapaz, a diretoria precisa ficar sabendo dessa sua irresponsabilidade com o patrimônio da empresa.

Nisso Paulo parou a van, e olhou nos olhos de Matias que sentava ao seu lado e disse abrindo a camisa:

- No seu lugar eu ficaria bem quietinho seu Matias –disse exibindo uma arma, que imediatamente foi sacada – tem uma garrafa d’água ao seu lado e um frasco com comprimidos no porta luvas, pegue para mim.

Calado e morrendo de medo Matias fez o que ele mandou e foi entregar o frasco.

- Tire uns 5 comprimidos do frasco e tome.

- Eu não vou tomar porra nenhuma.

- Ah vai sim, se não tomar eu atiro na sua perna e enquanto você grita de dor eu enfio na sua garganta.

- Onde estamos indo? – Matias observava que estavam indo a uma estrada para fora da cidade, achou melhor engolir os comprimidos – o que é isso que tomei?

- Deveria ser veneno seu Matias, mas não é não, é apenas algo que o deixará mais... “calmo” - disse rindo copiosamente

A visão foi se esvaindo e Matias adormeceu, Paulo teve vários ímpeto nessa hora, matar o desgraçado traidor logo ali, mas isso tiraria o melhor do seu plano maquiavélico.

* * *

Na fábrica de vidros pouca gente sentiu falta do arrogante Matias, muito pelo contrárioo deram graças a Deus, apenas uma pessoa sentiu falta dele, Fátima.

Onde estaria seu amado e incompreendido Matias, logo hoje que ela contaria a ele que pediu o divórcio do marido e poderiam ser livres e felizes para sempre.

Depois da briga em casa na noite anterior onde ela manifestou seu desejo de separação ao desiludido e abatido marido. Seus encontros no depósito na hora do almoço eram seu paraíso, se entregavam um ao outro com poucas preocupações, com todo desejo que reprimiam em suas solidões particulares. Fátima ao contrário de Matias tinha sonhos maiores, não era ela uma meretriz de ter casos, pensava, queria ser de um homem que a amasse que a fizesse feliz como ela não era em seu casamento.

Mas Matias não veio, o dia acabou e em casa nem uma palavra Fátima e o marido trocaram, antes de deitar no sofá, Paulo disse:

- Vou assinar a separação, quero que você suma da minha vida.

- Olha eu não quero brigar com você, mas acabou, precisamos sair dessa vida morta que temos. Desejo que você seja...

Nem acabou de falar, Fátima virou as costas e foi atingida por algo em sua nuca, caiu desfalecida, Paulo a olhou por alguns instantes alisou seus cabelos e esboçou que ia chorar, mas se levantou com semblante lacônico.

* * *

Fátima acorda lentamente sentindo dor de cabeça e uma terrível falta de ar, estava presa em uma cama. Amarrada pelos pés, nunca havia visto antes aquela casa, sentiu cheiro de comida, parecia carne assada ou de panela. Algo cheiroso e aromático

Desamarrou os pés e olhou e viu que o quarto estava lacrado, janelas pregadas com forte tábuas, correu a casa e viu que as outras janelas e portas que davam para o exterior também estavam assim. Gritou o mais que pode sem notar a mesa posta para uma pessoa e o guisado de carne sobre a mesa. Desesperada chegou a arrancar as unhas tentando soltar as tábuas, chorou e gritou o mais que conseguiu. Deitou na cama e perdeu a noção do tempo, passou a gritar xingando o marido:

- Paulo seu desgraçado, filho da puta, me deixa sair.

Com fome, foi à mesa e se serviu desconfiada do cheiroso guisado, pensou em jogar fora, imaginando que ali houvesse veneno.

- Que se dane, vou comer, esse louco deve me matar de qualquer maneira.

Comeu até a fome passar e se dirigiu à geladeira para pegar água, abrindo a geladeira, o susto e o desespero, ali estava a cabeça de Matias e um punhado de ossos amontoados pela geladeira.

O terror lhe invadiu as entranhas, o desespero foi imenso e o vômito inevitável, enquanto ela gritava ouvia a risada satisfeita de Paulo que ria insanamente do lado de fora, dizendo:

- Agora vou deixar você sair.

Abriu as portas e soltou a mulher que não saia da casa, ali permaneceu até que a polícia chegou, chamada pelo próprio Paulo. Foi algemada e presa, nada disse apenas se deixou levar e esperar a sentença, foi acusada de assassinar e devorar o próprio amante.

(continua...)

lordbyron
Enviado por lordbyron em 11/05/2011
Código do texto: T2963189
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.