Tarde demais

Quando ele chegou ela ja estava lá,como um raio de sol no inverno,ela sorria visivelmente nervosa,as mãos fechadas na barra da saia vermelha.Ele passou a mão pelo cabelo dela fazendo suspirar.Nem um beijo,ele ainda não estava pronto para dar esse passo..

Começava a escurecer,horario perfeito para o inicio do ritual.Estendendo uma toalha branca na grama ela deitou,ele ajoelhou ao seu lado com o livro aberto na frente.Deu um sorriso pra encoraja-la.Com calma ele foi desenhando os simbolos um por um no corpo dela que se mantinha seria até que ele chegasse na barriga.

- Ai...Eu tenho cocega...Ok,ok,eu vou ficar seria...Prometo..- A expressão dela o fez querer beijá-la,mas tinha que se concentrar.Logo teria tempo pra ela,logo que o ritual desse certo e ele tivesse o poder,então teria todo o tempo do mundo.

Ela lhe ensinara o latim nescessario para dizer as palavras ritualisticas.O aramaico ela mesmo escrevera nas palmas das mãos e nos tornozelos.

- Você quer mesmo continuar? - Ele perguntou olhando-a nos olhos.

- Sim...Por você eu vou até no inferno...- Ela passou a mão no rosto dele,dando assim começo ao ritual.

A cada palavra que ele dizia ela tinha leves arrepios,que logo lhe gelaram o corpo,mas ela não disse nada.Cada simbolo marcado começou a pingar sangue,a toalha se tornava vermelha.Ela continuava parada,sem sequer demonstrar dor.

Quando a cor se esvaiu de seu rosto e os labios ficaram tremulos ela apertou as mãos encravando as unhas nas palmas.Ele ficou com medo,parou de falar,tentou tocá-la mas foi impedido por uma especie de barreira.Ele a ouviu dizer.

- Acho que está dando certo...

- Não,não está!Você está morrendo não entende?Levante!Saia dai! - Ele ja estava desesperado,ela estava perdendo muito sangue,não restava muito tempo.

Ela deu um sorriso cansado,suas mãos relaxaram.

- Luis...Morrer nem é tão ruim...

- Mas você não pode morrer!Não!Levante!Saia dai,por favor,eu não posso te perder... - Ele esmurrava a barreira.

- Está tão frio...Eu estou com tanto sono... - Ela começou a fechar os olhos.

-Não!Abra os olhos!Fale!Me xingue se quiser,mas fale!Você não pode morrer...Eu preciso de você...Eu amo você...- Ele não percebia que a barreira ficava quente lhe queimando as mãos.Era tarde,ela fechara os olhos pela ultima vez,sem ouvir uma palavra da declaração dele.Seu corpo ensanguentado se encheu de luz.O chão tremeu,começou a chover,o ar ficou frio e pesado,a grama começou a afundar levando o corpo dela.Ele continuava ajoelhado deixando as mãos queimarem,encherem de bolhas naquela barreira quente.Num ataque de raiva ele começou a rasgar o livro.

- Livro maldito!Ideia idiota!Eu me odeio!

- Ah Luis,você é patetico...-Disse uma voz atras dele.

- Quem é você?- Disse Luis divisando uma criatura feita de sangue.

- Quem você invocou...

- Você a matou seu filho da p... - Disse Luis com odio.

- Não,você a matou...Foi o preço,agora você tem o poder nescessario...Satisfeito? - Disse o demonio.

Os olhos de Luis se encheram de fogo,com qual ele destruiu a criatura.Seu corpo se encheu de dor ao fazer aquilo mas pouco importava.Queimando todo o gramado,ele falou palavras que não conheciam,logo um buraco chamejante se abriu no chão...Ele pulou dentro,iria ao inferno encontrá-la...