Espelho de Medo - Parte 7 - Confissões no avião

Há 15 anos um ritual estava tendo início, em uma sala totalmente coberta com cortinas de veludo vermelho. No centro da sala havia um altar. Em cima do altar um prato de barro com um liquido vermelho e ao redor do prato seis velas negras acessas. Na ponta superior do altar estava um homem muito alto com um capuz negro cobrindo-lhe a face e o corpo. Este segurava um punhal na altura do peito. O Homem proferia palavras e ao terminar abriu o casaco que revelou um peito nu. Fez um corte no peito em forma de cruz, colheu o sangue numa taça de cristal. Jogou o liquido dentro do prato de barro. O liquido dentro do prato começou a borbulhar e foi saindo uma fumaça com odor pútrido. Na fumaça apareceu um rosto e com uma voz potente bradou: - O que você deseja mortal de nome Alex?

-Desejo poder – disse o homem com voz firme.

-Sabe que tens um preço – falou a aparição.

-Sim. Eu Sei. E estou disposto à paga-lo. Diga o que quer.

-Encontre as seis mulheres que foram fecundadas hoje. Marque-as e daqui a 15 anos traga-as as suas crias para mim. No momento em que marcar as mulheres terá o que quiser, porém se falhar morrerá lenta e dolorosamente – depois de proferir essas palavras a fumaça foi tragada para dentro do prato.

Não foi difícil encontrar as seis mulheres. Foi até a maternidade. Se passou por um médico abstetra. Pegou os prontuários e começou a folheá-los.

Emilia Andrade 30 anos, parto 00:00h; Natalia Perez 28 anos, parto 00:00h; Claudia Diniz 29 anos, parto 00:00h; Martha Holanda 32 anos, parto 00:00h; Mônica Castro 30 anos, parto 00:00h; Dalila Lopez 28 anos, parto 00:00h.

Alex anotou os endereços e acompanhou o crescimento das crianças bem de perto. Quando surgia alguma situação para dispersá-las ele tratava de mover os pauzinhos para juntá-las e foi assim que ele armou para que os seis adolescentes fossem parar na sala de detenção.

O dia raiou. Tudo transcorreu normalmente. Na hora da saída todos se despediram com promessas de contarem várias novidades. No corredor estava Laís, Dara e Maia conversando. Laís pareceu lembrar-se de algo e apressada se despediu das amigas sob protesto.

-Laís que dizer que você não vai com a gente na lanchonete? – perguntou Dara de cara feia.

-“Mas que falsa como se ela se importasse” desculpe meninas, mas tenho que fazer uma coisa muito importante depois eu falo com vocês beijos – deu um beijo na face das meninas e se foi com passos apressados.

Laís estava em frente a um prédio antigo, respirou fundo e entrou no lugar que tinha uma placa que dizia “Recanto da magia”. Tocou a sineta.

De dentro de uma porta que ficava atrás do balcão apareceu uma figura.

-Sim – respondeu uma mulher com uma maquiagem forte e cara de poucos amigos.

-Gostaria de falar com Amélia.

A mulher entrou e no outro instante apareceu uma jovem pálida com roupas de cigana.

-Se não fizer, o feitiço não irá funcionar – respondeu Amélia sem que a outra abrisse a boca.

-Amélia é que aconteceu um imprevisto. Terei que viajar depois da manhã. Não tem como ser hoje ou amanhã ou então depois que eu voltar?

-Não. Te disse que magia não é brincadeira ainda mais quando é negra. Se não o fizer depois da manhã ás 03:00h da manhã é a sua alma que será pedida.

-Sabe de uma coisa isso tudo é bobagem – falou Laís com arrogância e entre dentes continuou – Não é a primeira vez que estou aqui e nada ainda aconteceu. Aquela garota está na mesma.

-Você é quem sabe, agora saia daqui. Não é mais bem vinda.

-Você é maluca! Não pode prometer algo e não cumprir, não sabe com quem está lhe dando – disse Priscila, a amiga, que lhe indicou o lugar e que compartilhava o seu segredo.

-Eu sei Pri, mas tudo o que estavam me pedindo para fazer eu fazia e ela continua como sempre, nada mudou.

-Será que não é porque você não concluiu o ritual?

-Sei lá, só sei que eu que não vou deixar de ir para uma ilha paradisíaca numa linda mansão por causa disso – disse Laís após comer uma uva. No momento seguinte ela houve alguém sussurrar o seu nome.

-Fala.

-Fala o quê?

-Você me chamou?

-Chamei não.

No dia esperado, o pai de Henrique que tinha uma vã, passou na casa de cada dos amigos os deixando no aeroporto aonde um avião particular os esperava. Já dentro do transporte se puseram a conversar.

-Gente tá todo mundo com o anel né?- perguntou Maia. Os amigos estenderam as mãos mostrando os anéis.

-Sim – alguns responderam. Dara que estava pensativa começou:

-Pessoal ontem quando cheguei em casa alguém havia deixado um colar estranho para mim. Meu irmão, nem viu quem deixou na porta da minha casa. Eu trouxe para mostrar para vocês – remexeu na bolsa e retirou o colar, mostrando para os amigos – Olhem.

-Caramba! Eu também recebi um – Nicolas tirou do bolso da calça e mostrou aos outros.

Ao mesmo tempo todos começaram a falar pegando seus colares e comparando.

Puseram os colares em cima de uma mesinha.

-Que bizarro. Acho que isso é uma pegadinha – disse Laís – Olha o da Dara, a cabeça parece de bode, isso são garras?

-Ah, para! Não gosto nem de ficar olhando pra esse troço, só trouxe para mostrar para vocês – disse Dara se voltando para a janela.

-1,2, 3, 4, 5... Samuel você não recebeu? – perguntou Henrique.

-Recebi sim, mas não ontem à noite, na verdade eu ganhei – respondeu Samuel retirando do pescoço o seu.

-Olhem, o meu é de prego.

-Como foi que conseguiu – indagou Laís.

Samuel olhou para o objeto. Lembrou do dia em que foi até aquele lugar, queria encontrar o homem que matou seu pai. Entrou no estabelecimento e logo foi atendido por um senhor.

-Então você deseja se vingar – perguntou o homem esfregando as mãos. Parecia que o conhecia de algum lugar.

-Já não nos vimos antes? – perguntou Samuel.

-Já veio aqui antes? – rebateu o homem. Samuel balançou a cabeça em sinal negativo.

-Então não. Eu nunca saio daqui. Bem vamos ao que interessa – o homem entrou numa saleta e dentro de segundos saiu com algo nas mãos.

-Tome.

-O que é isso? – perguntou desconfiado.

-São colares. Este é para você – apontou o que tinha um formato de prego – e estes você irá enterrar, e não os desenterre por nada. Dentro de pouco tempo terá uma resposta.

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Lana Fey
Enviado por Lana Fey em 29/01/2011
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