Conjurados
Século XVIII, Ano de 1645 d.C.
- Queimem, Queimem todas – gritava e ria um homem parrudo com modos grosseiros de nome Oliver.
Ao tronco de uma grande árvore foram amarradas sete mulheres, dentre as quais se encontrava uma criança de seus 9 anos. A menina chorava não entendia o que havia feito para estar ali. Só tomou coragem de confessar aos pais que forá violentada pelo líder da aldeia. Seus pais a principio ficaram horrorizados, depois a olharam com ódio e a arrastando a levaram para o meio da rua onde foi solicitado a presença do senhor Oliver. Esse foi o destino das outras 6 que não se calaram diante do abuso daquele que devia inspirar respeito.
-Há, há,há – gargalhava Oliver junto com outros imundos que abusavam do poder.
-Bruxas – cuspiu uma senhora de seus 60 anos.
Um jovem jogou uma pedra em uma das garotas como se não bastasse o sofrimento de estar sendo queimada, sem poder protestar, pois teve sua boca amarrada.
Próximo ao lugar uma mulher observava tudo às escondidas.
-Malditos hipócritas – murmurava com ódio. A mulher que trajava um vestido negro puído se levantou e quando viu o suspiro da ultima mártir, bradou chamando a atenção de todos.
-Ouça víbora chamada Oliver e vocês corja de hipócritas. Maldito sejas tú, ainda hoje seus corpos e suas almas serão dadas ao senhor dos infernos. Os céus foram testemunhas do sacrifício dessas inocentes. O seu nome Oliver Bailey está marcado.
Dito isto a mulher desapareceu e no instante seguinte houve um tremor. A terra se fendeu saindo inúmeros demônios que arrastavam a todos para a fenda. Toda a aldeia desapareceu em chamas. No lugar só uma árvore restou... Intacta.
Dias atuais.
- Feliz aniversário minha filha. Esse é o meu presente. Espero que goste – disse Olivia estendendo um pacote enfeitado para Grace. Grace completava 22 anos e naquele mesmo dia iria viajar. Havia sido aceita numa conceituada universidade. Teria que morar em dos alojamentos, pois era em outro estado.
- Um diário! Mamãe – Grace olhou com curiosidade para mãe.
- Filha apesar dos computadores, você verá que é muito mais prazeroso escrever em um diário de papel do que em um diário virtual. A moça deu de ombros.
- Tudo bem. É lindo. Obrigada - O pai se aproximou e lhe entregou uma caixinha. Grace pegou curiosa. Ao ver o conteúdo deu um grito e pulou nos braços de Mark lhe dando um beijo no rosto.
-É lindo! – deslumbrou Grace olhando para o Vectra 2.0 vinho ano 2000.
- Também temos presentes – reclamou Ellie a irmã do meio.
- Ellie é melhor deixar para lá depois do carro ela não vai querer nossos presentes. Deveríamos ter dado antes – disse Joshua que é um ano mais novo que Ellie. Grace abraçou os dois de uma só vez: - Deixem de ser bobos. Amos vocês. Daqui meus presentes.
Grace dirigiu durante todo o dia. Por volta das 21:00h devido ao cansaço cochilou de olhos abertos. Acordou com a buzinada de um carro que vinha em direção oposta e com a forte luz do farol deste em sua cara. Freou bruscamente, por pouco não causou um acidente. Pegou um frasco de dentro do porta-luvas. Ingeriu duas cápsulas. Tomou um gole do café que sua mãe havia preparado, ligou o carro e seguiu viajem. Chegou ao campus pela manhã. Olhou o papel que estava em sua mão olhou para o número da porta, disse em voz baixa:
- É aqui – deu três batidas na porta com timidez. Esperou alguns segundos, quando estava para bater mais forte ouviu um click.
- O que quer? – perguntou uma garota vestida de preto, com uma maquiagem da mesma cor. Grace pensou que por trás daquilo deveria existir uma garota.
- Oi meu nome Grace, parece que sou sua colega de quarto – sorriu.
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06/10/2010
23:50h - Prometi a mamãe que iria escrever em você contando o meu dia-a-dia, ou coisas que eu achar importante. Cheguei ao campus hoje de manhã.
Tive uma péssima recepção. Minha colega de quarto se chama Megan. Ela é gótica. Tentei puxar conversa, porém só me disse o seguinte “Fique longe das minhas coisas”. Por hoje é só.
10/10/10
22:31h - Só tive tempo de te escrever hoje. Muito trabalho para fazer. Ontem à noite vi algo estranho. De frente para o nosso quarto tem uma árvore enorme. O estranho é que ela estava se balançando apesar não estar ventando e também pensei ter visto um rosto, mas acho que foi impressão minha.
11/10/10
10:45h- Não acredito estou sendo paquerada pelo rapaz mais bonito da faculdade (eu acho) que emoção ele é muito lindo!
12:15h - Ele me chamou para sair.
00:30h – O encontro com Jaime foi muito bom. Ele é muito divertido. Nos beijamos...
00:35h – Que susto alguém jogou um galho pela janela. Ao checar vi corpos na árvore. Será que bebi muito?
12/10/2010
03:00h – Não estou conseguindo dormir. Escuto vozes me chamando. Estou com medo. A Megan não está....
13:10h – Ontem quando estava escrevendo vi alguém na janela. Era uma mulher... Ela estava toda queimada. Acho que desmaiei com o susto porque a Megan disse que me encontrou caída no chão, chamou a ambulância, pois eu não acordava de jeito nenhum.
15/10/2010
17:20h – Quero ir embora daqui... Hoje de madrugada acordei sentindo um peso encima de mim. Ao abrir os olhos me deparei com a mulher queimada me olhando. Ela tentava me sufocar, também senti minhas costas queimarem como se eu estivesse encima de brasas, quando Megan entrou no quarto e acendeu a luz a mulher sumiu. Megan disse que eu estava sonhando, mas sei que não.
02:45h – Estou sozinha de novo. Apesar de ter tomado comprimidos para dormir, despertei com a cama sacudindo. Levantei. Peguei você e sai do quarto. Estou no corredor, às luzes estão piscando...
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Olivia terminou de ler o diário da filha, que foi encontrado no corredor. Não encontraram a árvore que a menina citou. A mulher sabia o que tinha ocorrido. Sua família havia sido conjurada por uma bruxa na época da inquisição. O nome Bailey estava marcado. Mas não pensou que seria logo. A árvore sempre aparecia não importa onde o escolhido estivesse. Sua Grace, por que não a levaram. Não queria engravidar, porém Mark queria muito ter um bebê, uma vez tentou falar sobre a maldição, ele não acreditou. O amava muito para perdê-lo, engravidou. Olivia foi até os outros dois que ficaram e os abraçou chorando dentro de si.
- Mãe – chamou Ellie enxugando os olhos – Eles vão encontrar a Grace não é?
Olivia a olhou com profundo pesar e chorou convulsivamente. E decidiu que tinha que acabar com aquilo.
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A família Bailey foi encontrada morta no dia 20 de outubro de 2010, todos estavam à mesa de jantar. Após a autópsia, ficou constatado que as mortes foram por envenenamento. Tudo leva a crer que Olivia Bailey envenenou a família com arsênico colocando uma quantidade considerável na comida e na bebida.
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