Railway City´s Tales – Bill Thunder

Willian da Silva, ou Bill Thunder como era mais conhecido, ia viajando no seu Ford Corcel II, não conhecia o caminho, mas sabia que estava na estrada correta. Planejava chegar a Noisy Hill pouco antes do escurecer. Ele viu a placa de “Bem vindo a Railway City”, resolveu parar num posto de gasolina da cidade para abastecer. Seguiu direto naquela avenida até encontrar um posto. Prestou atenção que ao lado da avenida, havia uma enorme ferrovia, daí o nome Railway.

Em plena quatro e meia da tarde e não havia uma alma viva naquela cidade. “Porra, deve ser feriado nessa cidade de merda.”, pensou Bill, pois a avenida estava completamente deserta. Ele seguiu pelo caminho, uma placa dizia que era a saída para Noisy Hill, finalmente, achou um posto de gasolina e parou. O lugar estava deserto.

Desceu do carro. Como não tinha frentista, resolveu abastecer ele mesmo, depois iria ate a lojinha de conveniência para pagar. Colocou vinte litros de gasolina, deu pouco mais de cinqüenta pilas. Deixou a bomba no lugar e foi ate a portinha de vidro, empurrou a maçaneta onde havia escrito “push”. Olhou em volta também não havia ninguém, caminhou por entre as prateleiras abastecidas com diversos produtos, ele pegou um refrigerante e um pacote de biscoito, quando se dirigiu ao caixa, um homem gordo entrou na loja, vestido com uma camisa listrada onde dizia “Mauro”, deveria ser o dono do lugar.

- Olá, quanto lhe devo? – disse olhando para o homem – foram vinte litros de gasolina, um refrigerante e um biscoito.

O gordo mal encarado olhou para ele e disse:

- Dá cinqüenta e sete.

Bill puxou uma nota de cinqüenta e uma de dez da carteira. Ainda deixou a carteira aberta em cima da mesa, deixando que o gordo visse sua identidade militar e o símbolo do Exército.

O homem trocou o dinheiro e passou o troco. Bill agradeceu e saiu. Caminhando de cabeça baixa não notou que bem na sua frente, o seu carro não estava mais lá. Haviam roubado seu carro, enquanto ele entrou na loja. Ele ficou desesperado.

- Puta que o pariu! – gritou.

Voltou para dentro da loja, onde o homem estava sentado comendo pão com ovo.

- Ei rapaz, Mauro né seu nome? Você viu quem mexeu no meu carro?

Mauro estava assistindo televisão e assim ficou, parecia que não havia ninguém falando com ele. Bill perdeu a paciência.

-Olha aqui seu folgado de merda! Eu estou falando com você! – disse Bill, pegando o gordo pelo colarinho da camisa e levantando o homem da cadeira.

-Você viu se alguém estava mexendo naquele Corcel que estava lá fora?- disse o homem dando ênfase nas palavras.

Mauro se debatia, tentando falar, mas Bill apertava ainda mais seu colarinho. O gordo começou a estapear a mão de Bill. O homem soltou o outro de uma vez, esse veio a cair no chão, pois a cadeira de rodinhas correu para trás não agüentando o baque. Caído no chão tentando respirar, Mauro fazia caretas horríveis. Bill pisou em cima do pescoço dele, com a sua bota.

- Fala miserável! – gritou.

- Tá bom, tá bom. – disse Mauro, enquanto tossia.

Bill tirou o pé de cima do homem. Mauro sentou e começou a dizer:

- Tem uma turminha barra pesada, que fica aqui no terreno logo atrás do posto, depois da ferrovia. Eles aprontam dessas, só podem ter sido eles. Acho que tem um desmonte de carros alguma coisa assim, eles sempre tem muitas porcarias lá.

Bill sacou uma pistola Tauros 380 de um coldre na cintura e disse:

- Eu vou lá reaver meu carro. – e saiu correndo.

Mauro ficou sentado sentindo dores no pescoço. Estava quase sem ar, levantou-se, pegou seu sanduiche e tirou o telefone do gancho, pois ia fazer uma ligação.

Bill chegou correndo nos fundos do posto, havia um muro, mas não era problema, pois ele o pulou com facilidade. Atravessou a linha do trem e se escondeu atrás de um morrinho de terra. Ficou olhando para o ferro-velho que estava a sua frente, era um terreno pequeno, cheio de ferros revirados e algumas carcaças de velhos carros dos anos setenta. Pode distinguir a silhueta de algumas pessoas, estavam por todo o perímetro do terreno, seria difícil, mas ele estava com sua pistola e se conseguisse chegar até o porta-malas do carro, sua escopeta cal. 12 estava lá carregada, além das facas.

Entrou no ferro velho em disparada, correndo o máximo que podia, mas ao ver um homem na sua frente, ele parou, “mas o que é isso?”, pensou, o homem vinha andando com uma enorme barra de ferro atravessado em sua cabeça, o sangue jorrava, de repente, ele tropeçou e começou a se debater, até, finalmente, morrer. Bill se aproximou com a pistola apontada para a cabeça do homem, ajoelhou-se ao lado dele e o virou, no macacão estava escrito ”Joe”.

- Como você conseguiu andar com isso na cabeça rapazinho? – disse Bill curioso.

Levantou e seguiu andando com mais cuidado dessa vez. Ia tentando não ser visto por ninguém, mas ainda não entendia como Joe tinha se mantido vivo por algum tempo, pois seu cérebro devia ter sido destroçado.

Quando virou uma pequena esquina de bagulhos, outra pessoa podia ser vista de costas para ele, parecia ser outro funcionário do lugar. Bill achou um cano enferrujado de mais ou menos um metro. Guardou a pistola no coldre e empunhou o cano, vinha pisando em ovos, para não chamar atenção do desconhecido iria o fazer dormir, rapidinho, porém a menos de um metro da pessoa, ele pisou em um pequeno galho seco que denunciou a sua posição, a pessoa virou- se e Bill caiu para trás devido o susto.

Era uma mulher, morena, devia ter seus trinta anos, mas seu rosto estava completamente ensangüentado, ela também tinha o nome escrito na roupa, “Maria”. Bill estava deitado no chão olhando para aquela visão do inferno, a mulher segurava seus próprios olhos nas mãos e os cortava com uma Gillette. Ela deu um grito. Bill não perdeu tempo, levantou-se e quebrou o cano enferrujado na cabeça da mulher. Que tombou sem vida.

- Que merda é essa? Essa maldita não poderia estar viva.

Bill começou a ouvir gemidos dos mais diferentes tipos. Ele saiu em disparada em direção ao carro. Abriu o porta-malas e sacou a escopeta, ainda teve tempo de colocar um facão na cintura. Figuras estranhas começam a aparecer. O primeiro a ter a cabeça arrancada do corpo por um tiro é um careca que tem uma tesoura na mão ele tinha arrancado seus lábios, depois um homem alto sem um dos braços recebe seu tiro no meio dos peitos e tomba para trás.

Bill entra no Corcel e gira a chave para ligar o carro, mas ele apenas geme. Ele se desespera e da na chave mais uma vez e o maldito carro não quer pegar. Bill aciona o botão que abre o capô e sai do carro para ver o que esta acontecendo, no meio do caminho ele encontra uma menina, suas tripas estão de fora, ela tem em uma das mãos uma faca que usa para se furar, ela leva um soco no rosto, se desequilibra e cai, pois o homem não tem tempo e nem quer gastar munição. Ele chega ao problema, o cabo a bateria está desligado, rapidamente, concerta o problema e sai de lá cantando pneu.

Na saída do ferro velho, uma moça sai correndo desesperada do nada. Ela pede para ele parar.

- Você está bem? – pergunta.

- Sim! Vamos sair dessa cidade maldita! – grita a mulher.

Ela entra pela janela no carro e Bill sai atravessando o trilho contornou o muro e chegou, novamente, ao posto.

- O que você vai fazer? – pergunta a mulher.

- Comprar uma cerveja. – diz brincando- Não posso deixar aquele cara aqui com aquelas coisas.

-Cara? Que cara? – pergunta a mulher.

Deu a pistola para a menina e saiu correndo para dentro da lojinha.

-Mauro! – gritou.

Não havia ninguém. Bill resolveu ir atrás do homem no banheiro perto do muro. Nada. Existe uma porta ao lado do banheiro, aparentemente, estava trancada com correntes, mas o cadeado estava aberto.

Bill entra.

Lá ele vê Mauro segurando um enorme cutelo. Ele esta cortando alguma coisa.

-Vamos Mauro, não podia deixar você aqui, nesse lugar maldito.

Mauro mais uma vez fez de conta que não ouviu.

- Seu idiota. Vamos ou você também vai morrer.

Mauro, calmamente, começa a caminhar na direção de Bill.

- Vamos seu idiota, rápido, temos... - foi interrompido pelo grito de Mauro.

O homem gordo vinha correndo e gritando com o cutelo em posição, ia partir o outro em dois. Quando o gordo ia rachar sua cabeça, Bill saltou agilmente de lado.

- Seu merda, você ainda tenta me matar. – disse Bill puxando o facão da cintura.

Uma pequena batalha começa. Mauro tentando arrancar um pedaço de Bill com o cutelo e Bill se esquivando dos golpes, sem conseguir contra atacar. De repente, Bill escorrega em alguma coisa no chão e cai de costas. O facão voa longe. Bill é um alvo fácil para Mauro.

O gordo pula para cima de Bill. O pobre homem indefeso, apenas fecha os olhos, esperando a morte certa.

Um tiro. È a salvação. Bill abre os olhos a tempo de ver o corpo pesado de Mauro ser arremessado para trás por uma potente munição da escopeta.

Ele levanta e olha para a porta, lá está à mulher da carona. Bill sorri para ela e ela sorri de volta.

- É hora de sairmos daqui, senhorita. – fala, gentilmente.

Bill e a mulher pegam o Corcel e fogem de Railway City, jurando nunca mais voltar àquela cidade amaldiçoada.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 25/01/2011
Código do texto: T2751559
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