Trato demoníaco: Três almas por duas.
-Rafaela... Preciso falar com você – disse Marcio pegando nas mãos da garota.
-Meu amor você tá me assustando. O que foi?
-Você é uma pessoa maravilhosa, mas desde o começo sabe que aceitei ficar com você por ficar. Não amo você – a outra o olhou com fúria contida.
-Eu pensei que isso tinha mudado.
-Rafaela, eu vim dizer que me apaixonei por uma pessoa – se calou esperando reação. E veio. Rafaela se alterou.
-VOCÊ NÃO VAI, NÃO PODE ME DEIXAR. EU TE AMO, TE AMO, EU NÃO ACEITO ISSO, VOU MATAR ELA, VOU MATAR VOCÊ AHHHHHH – num rompante Rafaela se pôs a pegar os objetos e a lançar em direção a Marcio que se protegia atrás do sofá. Ele percebeu que os gritos haviam parado. Olhou de esguelha e viu Rafaela parada o olhando.
-Pode ir meu amor - disse Rafaela com um sorriso insano – Não posso te impedir de ficar com ela, mas vou fazer da tua vida um inferno em vida e em morte.
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-O que quer menina? – disse um velho com um cachimbo na boca.
-Vingança.
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3 meses depois Marcio e Thainá noivaram. Numa noite chuvosa Marcio levou Thainá em casa e foi para sua. Antes de entrar percebeu algo estranho. A porta estava aberta. Vasculhou o quintal e pegou uma pá de jardineiro. Foi andando devagar. Parou e acendeu a luz. Viu que tudo estava no lugar. Deixou a porta aberta e andou em direção a sala. A TV estava ligada. Tinha alguém no sofá.
- Quem é você? Saia agora ou chamo a policia – intimou Marcio.
O pessoa se levantou e foi se virando lentamente e no mesmo instante já estava de frente para Marcio o segurando pelo pescoço. Com voz rouca e que parecia vim de todos os lados falou:
-Me reconhece agora? – Marcio olhou nos olhos da criatura e com terror tentou gritar, porém foi impedido, quando sua língua foi arrancada e devorada.
No dia seguinte a noticia: Um homem de nome Marcio Esteves Dias com 28 anos forá assassinado brutalmente.
Thainá pediu férias antecipada para poder chorar a morte de seu ex-futuro esposo. Quando voltou de férias estava se sentindo um pouco melhor, porém foi ai que começou o seu martírio.
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Pra mim já chega, estou indo em direção a ela. Há dias que não consigo dormir. Não consigo comer. Quando menos imagino, ela está lá me mirando com aqueles olhos negros, cabelos tão loiros que parecem brancos, suas mãos crispadas. Por quê? Eu nunca vi aquela mulher na minha vida. Fiz pesquisas sobre ela e nada encontrei. O que ela quer comigo? Me olha com tanto ódio e diz algo que não entendo.
Tudo começou há 1 mês. Estava voltando do trabalho. Fui para estação de metro. Após cinco minutos ele chegou. As portas se abriram. Entrei. Tenho costume de olhar para todos e escolher um lugar que me de mais segurança. Sempre pego o ultimo metro, o das 23:55h. Vi uma senhora sentada próxima a porta, ela parecia estar cochilando. Me sentei perto dela. Cochilei. Acordei pela falta de movimento. O metro estava parado. E para minha surpresa não tinha mais ninguém, estava vazio! Respirei fundo. Olhei para as portas fechadas. Comecei a esmurrá-las e gritar, em vão. Olhei para fora, vazio. Não tinha uma alma viva. Após este pensamento me arrepiei dos pés a cabeça. Olhei para o lado e a vi. Estava parada na passagem de ligação. Ela vinha em minha direção numa velocidade incrível. Não consegui me mexer. Parou a centímetros do meu rosto, pude sentir o seu hálito fétido. Quando ela abriu a boca para falar algo, despertei, ou melhor, fui despertada pela senhora que estava ao meu lado. Levantei meio tonta. Tinha sido tão real. Cheguei em casa me sentindo angustiada.
No meio da noite acordei desconfortável. Estava descoberta. Me cobri e já estava cochilando quando senti minha coberta sendo puxada. Sentei assustada. Olhei ao redor e levantei da cama. Vasculhei em baixo da cama. Nada. Me sentei na beirada. Eram 02:45h da manhã. Não consegui mais dormir. No trabalho, do nada, eu cochilava e então eu a via. Acordava sempre que estava para me falar algo. E foi assim durante 3 dias, a noite despertava sem coberta e não conseguia mais dormir, pois quando tentava, sentia a coberta sendo puxada e no trabalho os pesadelos. Já não agüentava mais. Decidi fazer pesquisas para tentar descobri quem era aquela mulher e nada. Tenho medo de ficar em casa sozinha, antes nada acontecia de dia, depois passei ouvir barulhos de coisas sendo jogadas, portas e janelas batendo e ameaças, vozes dizendo que eu iria morrer. Certo dia uma panela me atingiu a cabeça. E no dia seguinte uma das bocas do fogão acendeu sozinha. Faz dois dias que ouço passos no porão. Ela chama o meu nome, me xinga, algumas vezes com uma voz doce outras com uma voz que parecer sair dos infernos. Sempre quando chego de algum lugar a porta do porão começa a abrir e a fechar. Eu não tenho para onde ir, ganho pouco, não tenho parentes nesse estado e não posso ficar de favor na casa de amigos. Neste momento estou indo em direção ao porão. A porta se abre. Sou empurrada e saio rolando pelos degraus. A porta se fecha. Subi correndo. Começo a esmurrar a porta. SOCORRO. SOCORRO. Mãos puxam meus pés. Tá tudo escuro. Ouço uma risada. Deus tem algum animal aqui. AHHHHHH. Tento correr em direção aos degraus sou impedida. AHHHHHH. Minha perna!(choro), morderam minha perna!(choro). AHHHH... Risadas.
Jornal de Noticias, 24 de abril 2010, Sábado.
Thainá Gonçalves álamo, 25 anos foi encontrada hoje de manhã. Vizinhos ao passar pela casa sentiram cheiro de podre e ligaram para policia. Ao chegar vasculharam toda a casa e quando chegaram ao porão encontraram a moça. Não sabemos se isso é sinal de que há um psicopata a solto ou uma vingança, pois esta moça teve o mesmo perfil de morte que o seu noivo, Marcio Esteves Dias de 28 anos, que morreu a 2 meses. Thainá teve a língua arrancada. Falta um pedaço de sua panturrilha esquerda. Os peritos informam que a moça já está morta a 2 semanas. Não foi encontrado sinal de arrombamento e não há impressões digitais.
Com uma faca ela conseguiu sair do caixão, se levantou, sacudiu a poeira de suas roupas e quando estava para dar um passo um cachorro negro e com olhos de um vermelho vivo se transmutou na sua frente.
– Onde pensa que vai? – perguntou o homem com uma voz suave.
- Vou para casa – respondeu com tremor.
- Ainda não pagou o que deves – disse o homem acendendo um cigarro.
- Já lhe entreguei as duas almas – disse a mulher já tremendo. O homem riu.
- Falta uma.
- Qual?
- A sua – dito isto o homem rasgou-lhe o peito lhe arrancando o coração. O cadáver tornou ao caixão e imediatamente vermes devoraram até seus cabelos.
No dia seguinte o coveiro viu o estado da cova e preferiu ficar quieto, pois sabia que não se deve cruzar o caminho de determinadas situações. Ele fechou a cova e foi embora. Do alto de uma arvore algo o observava. Visto que o coveiro foi embora e sem intenção de interferir, o ser desapareceu. O coveiro parou e olhou para trás. Virou e seguiu o seu caminho.