Lágrimas no espelho.
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Eu tentei fazer um terror social...
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Durante muito tempo, todas as noites eu tinha a mesma impressão, mas como sou titulada como ''Louca.'' Porquê, dar mais motivos para ele me entupir de remédios? Então, resolvi deixar isso pra lá, mas certa noite em meu quarto. Peraí, eu disse mesmo meu quarto? Aquilo não é um quarto e sim, um quadrado branco onde me prendem...
Mas, não quero me fazer de vítima.
Certa noite, algo quente pingou em minha face machucada. Machucada? Sim, pois quando eu tinha as minhas ''Crises.'' Os enfermeiros, filhos da puta, não hesitavam em me bater ou em me...
deixe pra lá, não quero me fazer de vítima. Senti aquilo queimar minha face e também senti meu peito doer, mas deixe... ''Deve ser efeito colateral de alguma dessas drogas que eles chamam de remédios!'' Eu pensei e sorri, eu ia voltar a dormir, mas aquilo continuou a queimar minha face e a ferir meu peito...
Eu queria poder levar minha mão e minha face, pois parece que isso poderia amenizar aquela quentura, mas minhas mãos estavam presas para trás naquela maldita camisa de força, eu preciso mesmo disso? Ah, claro que preciso afinal, quantas vezes eu já fiquei por horas me multilando, mesmo? Nem me lembro, pois foram muitas vezes...
Por dias, eu tive de agüentar aquele líquido que queimava minha face! Droga, porque eles não me deixam morrer? Minha família, me trancou aqui neste inferno então não vão sentir minha falta, e ainda me dizem atravez de cartas que isso é o melhor pra mim. Porra, se isso é o melhor eu é que não quero conhecer o pior... Ah, mas eu já conheci! E ele é frio como a noite... O nome dele? Ah, sim, o conheço apenas como ''O pscólogo.'' Mas, prefiro chamá-lo de ''Meu demônio particular.''
Todos os dias sou obrigada a passar duas horas junto dele, trancada numa sala fechada e lá? Bom, lá ele pode fazer o que quiser comigo e ele faz... Mas, deixe não quero me fazer de vítima.
Hoje estou solta no pátio junto das outras ''Loucas.'' E então, eu digo para mim mesma ''Vai ser hoje!'' Eu precisava saber o que era aquilo que tanto machucava minha face durante a noite. Então, enquanto os enfermeiros de plantão estavam distraidos, eu corri para a sala do ''Chefão.'' Daquele inferno e enquanto eu corria de novo eu pude sentir aquela ardência em minha face...
Entrei na sala e para minha sorte ou azar, a sala estava vazia então, fui hesitante até o banheiro... E lá dentro fitei o grande espelho que lá estava só então, eu pude ver o que tanto me machucava. O que era? Ah, sim, eram lágrimas ( Risos. ) Lágrimas no espelho... e lá junto das lágrimas estava ele o meu maior terror... ''O pscólogo.'' Ele me fitou e indagou:
''Feliz agora?'' - perguntou cinico como sempre.
''Isso são lágrimas! Você me fez chorar!'' - gritei revoltada.
''Sim, e irei fazer você chorar por mais muito tempo!'' - ele ria sádico.
''Não, não eu... eu vou contar pra todo mundo o que você faz comigo!'' - vociferei em puro desespero, ele ria...
''Vai mesmo, Anjinho?'' - insano como sempre.
''Vou, seu filho da...'' - não pude terminar, pois o desgraçado avançou sobre mim e aplicou um sedativo em meu braço, ai, ai, ele e aquela maldita seringa... Antes de apagar eu pude ouvi-lo sussurar em meu ouvido...
''E quem irá acreditar em uma louca, hein?'' - ele disse gargalhando.
Realmente, ninguém acreditaria em mim... Então, eu fiquei ali, presa naquele inferno até o meu último dia de vida, presa no quarto branco... presa naquela vida. Só me restou sentir minhas lágrimas todas as noites! Eu tive que suportar tudo que o maldito fazia comigo quietinha, até porque quem acreditaria numa L.O.U.C.A?