Durma aqui se tém coragem.

Durante um feriado prolongado fui convidado por um amigo de infância a viajar até uma fazenda de sua família no interior do estado. Não revelarei nomes porque não quero expor ninguém.

Éramos um grupo de seis pessoas. Compramos alguns engradados de cerveja em lata no caminho para a fazenda, já que o nosso anfitrião estava com a idéia de fazer um churrasco.

Ao chegarmos à fazenda, o meu amigo Mostrou-nos uma foto do avô que ficava perto da TV na sala; onde ele estava sentado em uma cadeira de roda e mostrava um rosto serio. Depois no mostrou todos os cômodos que o casarão possuía, demorando-se mais tempo no antigo quarto do seu avô, onde e ele acreditava ser um quarto assombrado.

Ele nos contou que o avõ ficou paraplégico, após um acidente no campo, e que passava a maior parte do seu tempo deitado na cama. Não gostava de ser ajudado por outros, aprendeu sozinho a cuidar de si mesmo. Desde a morte do velho ninguém conseguia ficar muito tempo no quarto. Nada foi mudado desde sua morte.

Evidentemente todos nós caminhamos na pele dele. Que retrucou: - Algum de vocês gostaria de dormir nesse quarto?

Ninguém respondeu. Não que sentíssemos medo, mas sim porque o quarto exalava um odor repugnante: Uma mistura de mofo com perfume vencido.

Assim que começamos a beber esquecemos-nos do velho moribundo, relembrávamos historias de nossa adolescência que provocava gostosas gargalhadas.

Já meio alto, me ofereci para dormir no quarto, meu amigo me encarou com um olhar sério e disse: - Tudo bem, boa sorte!

Entrei cambaleando no quarto e chutei a cadeira de rodas que ficava encostada na parede, dei mais dez passos e me joguei na cama, minha cabeça girava. Maldita cachaça!

Com os olhos fechados comecei a escutar um barulho, como se alguma coisa com rodas se movessem em minha direção. Algo bateu na cama. Inclinei a cabeça para trás e vi a cadeira de rodas encostada na cama.

Alguém queria me sacanear, mas estava muito bêbado, para tentar descobrir quem.

Em seguida senti um peso na cama, como se alguém tivesse se jogado da cadeira de rodas, para cama. Em um sobressalto, levantei a cabeça e olhei para trás. Foi quando senti alguém deitado no meu lado cruzando os braços em meu peito.

As mãos eram geladas, tentei sair da cama, mas aquilo era mais forte que eu.

Tentei gritar pedindo por ajuda, mas minha boca tremia tanto que só soltei um gemido.

De repente fui jogado para fora da cama. Corri para fora do quarto, mas não acordei ninguém. Seria vergonhoso contar aos meus amigos o que tinha acontecido talvez ninguém acreditasse em mim, e eu não queria virar motivos de chacota. Ao chegara sala podia jurar que no quadro agora o velho sorria.