Adoradores Da Noite...
É meia noite. Nem mais, nem menos, um minuto. Os adoradores da noite estão despertos. Famintos, rastejam pelos terrenos baldios. Cobras e lagartos se engalfinham um engolindo o outro. A lua cheia encoberta por negras nuvens. Cães ladram quebrando o silencio do neófito dilúculo, que vem rompendo o tempo. Numa encruza qualquer um despacho. Giras e exus manifestados bailam agora na madrugada.
Longe dali no fundo do quintal, da velha escola abandonada, tem uma casa. Dentro dela não há, móveis, apenas um fogão a lenha que sempre está aceso. Diz os ex-alunos que lá estudavam. Que um caldeirão de ferro vive a fumegar. Fervendo um escaldado de crianças que cabulavam aulas. Eles pularam o muro do colégio ermo. Tina, Felipe, Breno e o, caçula, Serginho.
Tina regateira, namorada de Breno, irmão de Felipe. Resolveram pregar uma peça no priminho Sergio. Morador da cidade grande, medroso de nascença. Que veio passar o feriado com eles na cidadezinha do interior. E como do interior não tinham medo de assombração. Resolveram fazer uma brincadeira de admissão no grupo deles que se autodenominava: “OS ADORADORES DA NOITE”.
Defronte o casebre os quatro olhavam atentamente a chaminé. Que teimava em deixar sair uma cinzenta fumaça. Serginho treme. Tina zomba com ele: “- É frio ou medo bebe?” “- É, frio, eu nãooo tenhooo medo não” responde fazendo cara de mal. Agora e com você primo. Você vai lá dentro, fica quinze, minutos. Depois sai sem borrar ou urinar nas fraldas. Ah!Ah! Ah! Todos riram dele. E ele foi.
Abriu a porta, devagarzinho. Pisando com medo no chão. Quando ele sumiu dentro da casa. Os três do lado de fora viram a porta fechar a suas costas. E novamente gargalha a ouvir os gritos de Serginho. O menino trancafiado grita, chora, chama pelos amigos lá fora. Pede, implora, suplica a presença da mãe. Após cinco minutos de berro ele se cala. O silencio para os mais velhos é torturante, algo saiu errado pensa Breno. Tina olha para a porta que não se abre. Felipe decidir entrar. Mas a maçaneta não se abre. Esta emperrada. E de novo eles ouvem os gritos de Serginho com mais nitidez:
- Me larga! Pelo amor de Deus... Não faça isso comigo. Haaaaa! Os outros se apavoram e arromba a porta. E assombra com a cena que se passa no interior da cabana. Um espectro, sinistro jogo Serginho para um lado e outro. As labaredas no fogão crepitam a lenha. O caldeirão gigantesco fervilha. O demônio da noite gargalha, entre ameaças de jogar o corpo de Serginho agora desacordado de do caldeirão.
Breno e Felipe entram em briga corporal com o ser maligno, Tina consegue pegar Serginho nos braços. E quando os dois irmãos vêem que Serginho esta a salvo, saem correndo deixando para trás a casa. Eles vão em direção ao mesmo lugar onde saltaram o muro para fazer a brincadeira com o primo. Contrariados com o andar dos acontecimentos. Eles olham e vê o Gordo caminhado esbaforido, para o rumo deles. E Breno foi logo disparando um soco na cara do gordo que sem entender pergunto.
- Mas posso saber o que significa isso? Reclamou o Gordo.
- Eu não falei que não era pra chamar nem um adulto para nossa brincadeira, e tudo tinha que ser artificial, nada de real. E você coloca aquele fogo, com aquele caldeirão fervendo água quente, queira matar meu primo é?
- Mas eu to chegando agora, não tive tempo de armar nada... Responde Gordo mais assustado que eles...