Experimento... -Vampiros

A noite era negra. Negra como deveriam ser as noites de lua encoberta. Muita escuridão, sem estrelas. Uma noite perfeita para a caçada.

Carlo podia sentir as vibrações do ar. Sua alma inumana inundava-se de volúpia. Sentia a vibração na noite negra. O leve farfalhar de uma folha era musica gloriosa aos seus ouvidos de fera. Audição aguçada, os olhos vermelhos brilhando feito brasas acesas. Vestia-se de preto, sua cor preferida. Sua e de todas as criaturas da noite. Criaturas que viviam na sombra. Viviam protegidas pela amaldiçoada e profana noite negra.

O sorriso assustador inundava sua face pálida. Seus caninos afiados mal esperavam uma oportunidade de encontrar a pele macia e rosada de um humano. Os coturnos militares pretos roçavam levemente a grama molhada de orvalho. Seus passos leves e vampirescos absolutamente silenciosos.

Eram um grupo de cinco. Cinco feras sanguinárias a procura de alimento. A procura de força. Acordaram sedentos nesta noite. A urgência em alimentar-se era forte. O grupo deslizava sinistramente na direção da cidade de luzes cintilantes. Para um humano levaria horas para estarem no centro urbano. Centro repleto de humanos que circulavam completamente alheios ao mal da escuridão. Mas para o grupo de apetite feroz apenas poucos minutos. Tinham o poder de se locomover com espantosa rapidez. Um grupo secular. Forte, absoluto e poderoso. Centenas e centenas de anos fortalecidos pelo sangue humano.

Carlos estremecia de contentamento quando pensava em como eram inatingíveis. Imortais. Eram a casta mais perfeita destas feras vampirescos. Primeiros seres a serem transformados nesta terra chamada Brasil. Descendentes diretos do conde Vladesco. Crias perfeitas criadas com o sangue daquele que era o mais poderoso vampiro que ainda habitava este mundo.

Todos eles velhos na idade. Seculares. Idosos!! Mas o corpo era imortal e regenerável perfeitamente jovem. Apenas se considerar a palidez e a frieza da pele poderiam se desconfiar da essência de tais criaturas. Eram perfeitos em sua imitação de humanos. Agiam de modo corriqueiro. Seu linguajar comum, ninguém nunca diria que não eram seres humanos, a não ser que estivessem na mira de um deles. A não ser que estivessem prontos a serem vitimas de um banquete revigorante. Somente no momento em que os caninos afiados desses seres enterravam-se em suas jugulares pulsantes de liquido mágico, era que o infeliz dava-se conta do que estava acontecendo. Valiam-se do anonimato. Da rapidez de locomoção. E do efeito hipnótico que exerciam sobre suas vítimas. Então para o pobre infeliz já era tarde. Era tarde demais para poderem escapar. Seu sangue era sugado gota a gota. Bebido, sorvido pela fera inebriada. O coração aos pouquinhos ia desacelerando. Esquecendo-se da vida. Pouco a pouco sua alma ia se retirando daquele corpo, assim como o sangue que era sorvido gota a gota.

Mas a fera sabia que devia parar antes que o coração parasse em definitivo de bater. Devia se controlar. Retirar suas presas do corpo do humano antes que ele deixasse definitivamente de viver. A falta de controle era para principiantes. Não para os descendentes do Conde Vlad. Eles os poderosos descendentes do conde tinham controle absoluto de seus desejos. Sabiam exatamente o que queriam, e como queriam. Para eles nada mais humilhante do que uma criatura que não tinha plenos poderes de suas ações. Eles eram fatais, absolutos e poderosos. Nunca, nunca admitia-se que entre eles houvesse um vampiro que não soubesse parar no momento exato. Cada corpo depois de servir de alimento deveria ser abandonado ainda com vida. Cada humano deveria servir apenas para alimentá-los. Nunca sua vida deveria ser tomada por completo, a não ser que precisassem de um novo irmão. Mas não era o caso deles. Reinavam eternos, não precisavam de mais nenhum vampiro para compartilharem suas aventuras.

Carlo o mais poderoso de todos, primeiro descendente do Conde. Carlo era majestoso como sua invulnerabilidade. Belo. Cabelos escorridos e negros. Assim como os seus olhos que em estado humano eram pretos. Boca larga e forte que escondia com perfeição os temidos caninos. O corpo musculoso, de estatura alta. Porte majestoso. De linhagem nobre, filho de príncipes. Recebeu sua imortalidade em uma época em que reis ainda governavam terras. Onde os nobres eram temidos e respeitados. E onde o título e o brasão eram lei. Carlo carrega em seu porte esta linhagem. Reina ainda senhor de tudo e de todos. Seus irmãos o odiavam e obedeciam cegamente suas ordens. Criatura tão odiosa quanto o pai. Má e sanguinária. Implacável, amara sua condição de vampiro desde o início de sua transformação. Recebera seus poderes de bom grado. Amava poder transmutar-se de lugar. Poder ouvir a quilômetros de distancia. Adorava poder esmagar o mais forte dos humanos apenas com uma mão. E se deliciava com o medo que impunha a suas vítimas. Haaa... O medo. Ele se alimentava do medo. O medo de suas vitimas era tão revigorante quanto o sangue que ele sugava de seus corpos indefesos.

Carlo tinha passagem livre pelos mundos. Podia passar desta terra brasileira ao inferno em poucos minutos, tinha passagem livre na estrada do inferno. Entrava e saia do reino de satã como se estivesse em sua propia clausura, em sua propia tumba. Todos o temiam. E todos o odiavam. Mas todos queriam Carlo por perto. Era ele que intercedia por eles junto ao odioso pai do Inferno. Só ele Carlo era capaz de sentar-se com ele . Só ele era ouvido pelo impiedoso governante do inferno.

Depois de Carlo, havia Marco e Pedro irmãos da mesma parideira. Mesmo pais genéticos. E mais unidos ainda pelo sangue do amaldiçoado Conde Vlad. Tão velhos quanto Carlo. Tão poderosos como ele. Mas não tão agraciados com a preferência do pai infernal. Ninguém tinha tantas graças junto a ele quanto Carlo...

... Continua

Vocês sabem de meu antigo projeto que é escrever um romance.

Talvez estranhem o estilo, que é bem diferente daquele que meus amigos aqui do Recanto conhecem.

Mas é meu outro lado...

Espero que todos aqueles que leram até o final deixem comentários. Comentários sinceros, apenas para que eu possa ter uma idéia se posso agradar ou não.

Grandes beijos a todos!

Simone.