Superação

Nani sentia medo,mesmo assim caminhava pela rua escura,sua necessidade era maior,nas mãos trazia uma lata,dentro dela o produto macabro de sua obsessão.Uma foto de sua rival,ossos de um gato negro e sangue de um homem negro,em um saco plástico ela também trazia velas vermelhas e giz para desenhar no asfalto.

Parou na encruzilhada com a certeza de um condenado que vai a forca.Desenhou no asfalto frio o pentagrama invertido,acendeu as velas,as posicionou,abriu a caixa então deitou sobre o pentagrama e colocou a caixa sobre o peito.Falou as palavras de invocação,seu corpo tremia,ela aguardou com a respiração suspensa.

Primeiro foram as velas,se apagaram se que houvesse vento e então começaram a derreter sem qualquer fogo.O pentagrama abaixo de Nani parecia estar em fogo,ela sofria mas continuava quieta.Por fim a voz perguntou.

- O que quer?

- Quero ser melhor do que minha rival...Em tudo. - Ela respondeu segura.

- Esta disposta a pagar meu preço?

- Estou disposta a tudo. - Lagrimas de dor surgiam nos olhos de Nani.

Uma risada macabra encheu o ar,as velas voltaram a se recompor e a se acender,o pentagrama se apagou e a caixa começou a pegar fogo.A oferenda fora aceita,o pacto fora feito.

***

Nani escrevia na sala de aula,ja era o terceiro ano que ganhava premios de redação,matematica,biologia...Além de todos os outros premios academicos e esportivos.Acabara com cargos importantes para uma caloura,tinha ao seu lado o garoto que sempre desejara e sua rival...Coitada,chorava as magoas do esquecimento.

Nani sorriu satisfeita,foi então que ouviu a mesma voz da noite do pacto.Ela jamais se esquecera daquela voz.

- Hora do pagamento...

As mãos de Nani tocaram a caneta e a agarraram com força,ela tentou soltá-la mas seu corpo não obedecia,tirou o tubo de tinta ficando apenas com o canudo na mão.Lagrimas corriam por seu rosto,ela previa o que aconteceria a seguir.

Levantou-se calmamente e foi ate a porta.A trancou,a professora perguntou se ela estava bem e se aproximou,Nani a atacou com o tubo da caneta,o enfiou com força sobre humana várias vezes no pescoço da professora que nem teve tempo de gritar antes de cair no chão agonizante.

A gritaria se estabeleceu na sala,todos queriam sair e os que chegavam ate a porta eram mortos por Nani.Ela lhes enfiava o tubo da caneta nos olhos,no pescoço,até na cabeça...Estava posssuida,apenas assistia a tudo sem poder controlar seu corpo.As lagrimas corriam quentes por seu rosto,ela não conseguia fechar os olhos.

Seu namorado tentou impedi-la mas ela atravessou sua mão com o tubo,depois os dois olhos e por fim uma das têmporas.Era o fim,ele foi o ultimo.Nani caiu de joelhos chorando,sentia pena e nojo de si mesma.Olhou para o tubo em suas mãos e começou a perfurar seu corpo com ele,a dor a invadiu por completo mas ela a ignorou,queria se destruir,devia se destruir.O sangue fluia de todos os lugares,Nani chorava e gritava,do lado de fora pessoas tentavam arrombar a porta que não cedia.

Nani começou a sentir cansaço,sono...A dor parecia sumir,ela deitou no chão ainda se agredindo com a o tubo de caneta.Morreu sem sentir que morria.

As pessoas conseguiram arrombar a porta,professores,monitores e alunos viram horrorizados a chacina ocorrida na sala.Alguns sairam para vomitar pois a cena era grotesca.Um emaranhado de corpos perfurados,olhos vazados,intestinos expostos,pedaços de massa encefalica espalhados e em meio a tudo isso Nani,com perfurações por todo o corpo,trazendo em uma das mãos um tubo de caneta imaculadamente limpo...

Dedicado ao Gabriel...

Tinkerhell
Enviado por Tinkerhell em 22/08/2008
Código do texto: T1140870
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