O TAPETE MÁGICO
ADENDO AO TEXTO - este conto surgiu de um sonho, onde o tapete, ainda sendo bordado, queimou e a discussão que surgiu era de como PAGAR os 3 ou 4 que o estavam tecendo... como quitar pessoas por uma tarefa não concluída ! Juntei tais imagens às cenas reais lidas recentemente sobre um pintor amador convidado para ser ESPIÃO. Ao aceitar, lhe ensinaram tudo o que precisava para não morrer durante a função (disfarces, docs falsos, etc) e o enviaram para o Oriente, a fim de resgatar 5 ou 6 americanos sequestrados. Por incrível que pareça, ele conseguiu realizar um feito considerado impossível ! (NATOAZEVEDO)
O TAPETE MÁGICO
Ele saira às pressas do Iraque, sua rede de espionagem fora descoberta e sua cabeça estava a prêmio. Pintara os cabelos (antes loiros) de preto e deixara a barba crescer, uma coisa estranha no rosto, pelos ruivos contrastando. Uns o olhavam recriminando a mudança, não ficara muito agradável. "Capricho tolo", pensavam. Acrescentou óculos rayban de lentes douradas, que piorou muito a imagem do americano esguio, 1,80 cm.
Preocupações com a aparência seriam a última coisa nele, precisava contactar a embaixada americana no Iraque, mas a sabia muito vigiada. Ele desmontara numa noite todo o aparato do seu reduto ali, destruíra o HD de seu computador, trocando-o pelo disco rígido de outro PC comprado numa feira local. O que continha lá ?! Não importava, ele era representante comercial para todos os efeitos e, de qualquer modo, o aparelho era de uso pessoal.
Alguém o avisar que o novo aiatolá iria jogar pesado contra a embaixada americana, talvez até invadí-la e ele precisava alertar o embaixador o quanto antes. O embaixador tinha o seu código de identificação, porém não podia contactá-lo de nenhuma forma, somente receber dele as informações importantes. Eram os primeiros dias do novo presidente, muito anti-americano e a embaixada aguardava posição de sua rede de espionagem. Tanto o embaixador quanto o seu secretariado não se envolviam em espionagens, pois eram bastante visados, as esposas também e amigos próximos, todos eles estrangeiros e VIGIADOS pelos fanáticos ligados ao sheik recém-empossado presidente. Robert Mac Clarkson -- o agente RMC107 --não conseguia imaginar como prevenir o embaixador, avisá-lo do perigo iminente. Saiu à rua a passeio, vendo em todas elas várias casas de tecelagem, o famoso tapete persa, presente no Mundo inteiro. O tapete no qual Aladim viajava, VOAVA, conforme as lendas. Pombos voavam, levando mensagens durante as guerras, na época de Aladim... porque não 1 tapete, um "tapete voador" ?!
Entrou na primeira oficina que viu... meia família nos teares, o legítimo e milenar tapete surgindo das "trevas", um espetáculo.
-- "Não faziam nada em 3 dias, demorava-se 3 meses. Não teciam nada tão pequeno, para a entrada de uma casa, só para salas, salões" !
Ofereceu 3 vezes o valor de um grande, 1,50 x 2 metros, por 1 tapete com metade daquele tamanho... em 3 DIAS, a senhora faria aniversário logo depois. Voltou no quarto dia, pegou a encomenda, 1 cartão de visita da Oficina e pediu outro "tapetinho", agora com um "cavalo de Tróia" no centro e as letras GH mais RMC107 na barriga dele. Terminassem logo, viria buscar em 5 dias. Enviou o tapete, por portador, para o país vizinho, não para a Embaixada, mas para a vila próxima, onde alojavam as esposas e parentes do pessoal do "staff" que atuava dentro da embaixada. As vilas tinham, na parte externa, a guarda imperial do Emir, revistando tudo e todos, os moradores eram quase reféns. No interior, soldados americanos revistando tudo e todos... temiam bombas ! Comida não entrava, cozinhavam ali; também não saiam a passeio, por temer sequestros, assassinatos.
O pequeno tapete passou por 10 ou 12 mãos e findou no colo da esposa do embaixador, surpresa e assustada porque alguém, fora dos muros, sabia a data do seu aniversário. De noite, mostrou ao marido, preocupado e constrangido:
-- "Não, ele não enviara coisa alguma ! Não fora a irmã dela, por acaso" ?!
Passou-lhe de leve pela mente a ideia absurda de que ela poderia ter um admirador secreto. Olhou o tapete por longo tempo, belo bolo com 53 velinhas desenhadas... vindo do país vizinho ! O que significava "aquilo" ?! Nem funcionários leais a ele sabiam da data de nascimento da esposa.
-- "Bolo... bolo-fofo" ! Seu apelido na infância ! E as grandes letras ocidentais em vermelho e azul entre as árabes, meros "rabiscos" em cinza e pequenas, dezenas delas: RMC107 !
Deu um salto na cadeira... era o seu melhor agente secreto tentando se comunicar com ele. Viu o cartão da tecelagem colado atrás da peça, deu várias ordens e avisou a esposa que precisava sair ainda aquela noite, voltando só na manhã seguinte. Saiu no "Jeep militar" com dois "G-Men", seus seguranças, ele oculto no banco de trás, tendo sacos de lixo sobre si, ocultando-o. Era a rotina diária, levavam o lixo da vila para um terreno baldio perto dali (onde eram revistados) e só voltavam na manhã seguinte, com as frutas e legumes para o pessoal do "resort". Tudo normal, para os asseclas do Omã, do Emir !
O embaixador, tapete na mão, bateu cedo na porta da Tecelagem, o pessoal já de pé para as orações das 6 horas. Queria saber quem mandara confeccionar o tapete... descreveram o espião, apesar dos cabelos negros. Lhe mostraram o novo tapete encomendado pela figura esquisita, disfarçado mais uma vez: lá estava de novo a senha do agente e o GH significava "IR PRA CASA", "sair fora" o quanto antes. O "cavalo" indicava que havia "infiltrado" ou mesmo TRAIDOR dentro da Embaixada. Deixou bilhete pro dono do tapete: o desenho de mão aberta com círculo do polegar e indicador, o famoso OK, okay e, abaixo, a expressão "sempre alerta" !
Quando Robert recebeu o bilhete compreendeu que sua missão tivera êxito... saiu do país no mesmo dia, atravessando de camelo parte do deserto. Já o embaixador foi aos jornais "anunciar férias" para o pessoal da Embaixada, todos eles, inclusive parentes, ficando no prédio apenas 4 ou 5 serventes. O aiatolá foi pego de surpresa e não conseguiu impedir a saída do pessoal quase todo. Destrui-se o que foi possível, picotando, não poderiam queimar pra não chamar atenção. O pessoal da limpeza ficou encarregado disso, porém tiveram pouco tempo.
A multidão foi incentivada a invadir a Embaixada e os guardas imperiais "intimados' a evitar isso, aproveitando a chance para entrar e permanecer no prédio. Essa "invasão" malandra arrastou-se por 8 ou 10 meses e o caso teve repercussão mundial. O agente e seu embaixador encontraram-se dias depois em Nova York... ele fugira da Pérsia vestido de mulher, com burca e tudo, ocultando cabelo e barba. Voltar pra lá... NUNCA MAIS ! "Shalam" !!!
"NATO" AZEVEDO (em 10/março de 2025, 3hs da madrugada)