O CASACO MARROM
Fazia um frio terrível. O vento batia nas árvores, fazendo um barulho assustador.
Numa pobre casa, a velha mulher gemia, delirava, vítima de uma febre. Sentia a vida se esvaindo a cada minuto.
Quem poderia chamar um médico que morava a alguns quilômetros dali?
O médico, em sua casa confortável, sentado em sua poltrona, lia o jornal, em frente à sua lareira imensa, alheio ao frio que fazia lá fora.
De repente, a campainha toca. O médico levantou-se e foi atender.
Era uma garotinha, dez anos no máximo, envolta num casaco marrom:
- Doutor, minha mãe está doente! Precisa ir vê-la agora!
- Claro que sim! Onde ela mora?
- Naquela casa, lá embaixo. – respondeu a menina.
- Espere que vou me aprontar!
O médico foi até seu gabinete, apanhou sua maleta e colocou um agasalho.
Estava preparado para sair, mas a menina já tinha ido embora.
- Deve ter ido na frente, avisar a mãe – pensou consigo.
Depois de uma caminhada debaixo do frio que castigava, chegou à casa da mulher e a atendeu. A medicou e o seu quadro melhorou em pouco tempo.
Antes de ir embora, o médico lhe deu os parabéns, por possuir uma filha tão dedicada e amorosa.
A mulher olhou espantada e disse-lhe:
- Filha!? Eu não tenho filha. Aliás, tinha uma filha, mas ela faleceu há muitos anos. Só o que me restou dela é este casaco marrom.
O médico, transtornado pela fala da mulher, pediu para ver o casaco.
Ela lhe mostrou e o homem ficou boquiaberto: era o mesmo casaco, sem dúvida, que a menina filha daquela mulher, tinha usado horas antes, pedindo ajuda para a sua mãe doente.
2003