Cornélio, vai com Deus!
Triste Causo sobre Cornélio Cruz
Estática, parada, inerte de braços abertos, a cruzinha na margem da curva da estrada deseja a Cornélio uma boa ida em paz.
Caminheiros jogam flores, se benzem e perguntam: "aonde Cornélio quer chegar? Há tantos caminhos na vida, que se perdem; e por consequência, origem e destino se confundem e esbarram no mesmo ponto. De qualquer modo, tenha calma e vá em paz. A paciência é virtude de poucos, Cornélio"!
Os familiares de Cornélio estão procurando o casal de equinos que namoravam no local onde plantaram a cruz em homenagem ao filho ilustre. Querem ser indenizados pela irresponsabilidade praticada pela dupla; que segundo dizem, dando cabeçadas e patadas,
quebraram a cerca de divisa, fugindo na calada da noite.
Ao pararem em local ermo e proibido, infringiram a legislação vigente municipal; como não bastasse, além de não colocar o triângulo e coisas mais antes e depois, sinalizando o local onde estacionaram as oito ferrari duras, estavam com os faróis apagados.
Como sempre, a emoção atropela a razão; e um sincerro pendurado no pescoço poderia ter evitado a tragédia.
O casal de equinos agiu impensadamente, talvez por que o amor não escolhe data, horário e local apropriado. Bateu o cheiro de amor, essa é a ocasião.
Amar e ser amado transcende a subjetividade hormonal, atingindo o Nirvana. Portanto, tudo que é imprudente e negligenciado em nome do amor, Deus perdoa; e não há um só ser na Terra que não acredite nesse aforismo popular.
Aguardemos o andar da justiça para sabermos qual caminho tomará o condutor da charrete. Razão, influência, amor, família, dinheiro e emoção: misturam-se tudo, o que não deve e nem pode ser misturado por quem julga.
Porém, no meio da audiência sempre há testemunhas e interferências dando condições à interpretação dos fatos; pois em terras de caveiras sustentadas por ossos frágeis e robustos, todo habeas corpus escrito em papel de pão amarelado e roto e verbalizado da boca pra fora, é interpretativo pelos pratos da balança e julgado por vistas furadas; as quais, um facho de luz as ilumina.
Por fim, nada mais nos restam, a não ser as lágrimas escorrendo pelas faces e o desapego do: "Cornélio Cruz, vai com Deus..., Cornélio".
As que ficam por aqui, infelizes são as caveiras que estão sob o jugo, as leis e os mandos do diabo.