Contar ou não contar o segredo
Padre eu não consigo conversar com Guilherme sobre a Ana, e nem sei como falar com ele.
— Lorena eu vou dar um conselho, não fica de rodeios, vá direto ao assunto, fala com Guilherme, ele vai entender.
— Guilherme eu preciso falar com você.
— Lorena, você fica de rodeios, sabe que eu não gosto disso, eles sempre trazem problemas.
Lorena contínua:
— Guilherme houve um acidente com nossa filha, o esposo dela morreu. Ana está na igreja e o Padre está nos esperando para irmos buscá-la.
— Lorena depois de tudo que Ana nos fez, ela só nos deu desgosto.
— Guilherme, Ana é nossa filha, ela espera um bebê e precisa da família.
— Lorena, eu não quero Ana aqui, ainda mais esperando um bebê, você perdeu o juízo?!
Elisabete interrompe:
— Pai deixa Ana ficar no porão, o senhor não usa, lá só tem bagunça. Quando o bebê nascer eu os levo para casa da Tia Teresa.
— Elisabete, você esqueceu o que Ana fez com você? Depois não diga que não avisei.
— Obrigada, Elisabete por ter me ajudado com seu pai, você o conhece bem, ele não ia deixar a Ana ficar.
— Mãe eu fiz o que é certo, vai buscá-la.
— Lorena atende a porta, eu estou ouvindo notícias.
— Sim pai eu vou atender, a mãe precisou sair.
— Ana é você, minha irmã?
Guilherme perguntou em voz alta:
— Elisabete eu vou ao mercadinho precisa de alguma coisa?
— Não pai obrigada, eu já comprei.
Elisabete contínua
— Ana como foi difícil convencer o pai de deixá-la ficar.
— Obrigada Elisabete a você e a mãe por ter me ajudado. A mãe não está?
— Não Ana, mãe foi na igreja buscá-la. Vamos Ana ver o porão?
— Elisabete o porão ficou bonito. O pai não me perdoou, ele só me deixou ficar no porão?
— Ana dá um tempo para o pai foi difícil para ele.
— Elisabete eu sinto muito, deve ter sido difícil para vocês.
— Ana, foi sim, mas já passou agora nós vamos cuidar de você e do bebê. Eu vou preparar um lanche, não demoro.
Ana pensa...
Será que um dia o pai vai me perdoar?!
— Ana aqui está o lanche.
— Obrigada!
— Elisabete falta poucos dias para o meu bebê nascer. Essa angústia que não passa, é como se fosse acontecer alguma coisa com meu bebê.
— Ana você passou por uma tragédia, por pouco você não perdeu a sua vida e a do bebê, logo, isso vai passar.
— Elisabete a sua mãe não chegou ainda?
— Pai, a mãe chegou sim, mas a chamaram para fazer um parto, o senhor quer que eu prepare um lanche.
— Não Elisabete, eu vou esperar a sua mãe.
— Pai, a mãe chegou.
— Guilherme eu fui à igreja buscar Ana, mas ela já tinha vindo para cá, quando eu cheguei em casa me chamaram para eu fazer um parto. Eu vou ver a Ana. Ana como você e o seu bebê estão?
— Mãe eu e meu bebê estamos bem. Elisabete me contou que você fez um parto hoje de uma menina.
— Ana foi sim, mas você vai ter um menino. Boa noite durma bem!
Lorena continua...
— Elisabete eu já disse para o seu pai e a Ana, que o filho que ela espera é um menino. Você Elisabete vai fazer o parto da Ana e quando o bebê nascer, você vai levá-lo para a cabana.
Elisabete no parto...
— Ana o seu bebê está quase nascendo, nasceu! Está roxinho de frio, eu vou cobri-lo. Me perdoa Ana.
— Elisabete está me dando um sono, cuida do meu bebê.
— Ana descansa você foi muito bem.
— Elisabete é um menino! O pai vai me perdoar, eu estou tão feliz por estar em casa com vocês. Elisabete por que você me pediu perdão?
— Ah, Ana! Eu entrei em pânico, o seu bebê estava com ombros para fora e você desmaiou, eu pensei o pior.
Elisabete pensa...
— Se fosse uma menina pai ia mandar a Ana ir embora.
Lorena chama...
— Elisabete, Elisabete!
— Mãe me desculpe por não ter ouvido você.
— Como está a Ana e como ela recebeu o bebê?
— Mãe, Ana está bem, ela recebeu o bebê com muito amor, eles estão dormindo, você fez bem em ter trocado os bebês.
— Elisabete eu não ia aguentar ver o Guilherme mandar Ana embora com um bebê nos braços.
Lorena continua...
— Guilherme nasceu o filho da Ana, é um menino, daqui a quinze dias, eles irão para a casa da Teresa.
Dez dias depois...
— Como vocês estão?
Ana:
— Pai, estamos bem, obrigada por ter perguntado e por ter nos recebido em sua casa, daqui a cinco dias nós iremos para casa da Tia Teresa, eu gostaria de agradecer e pedir perdão.
— Elisabete, coloca Ana e seu filho no quarto dela, pois o porão é muito frio.
— Ana pai mandou colocar vocês no seu quarto.
— Elisabete, pai me perdoou?
— Ana pai te perdoou e aceitou você e seu bebê, eu passei o meu quarto para vocês ele é maior e tem banheiro.
— Obrigado a vocês por ter me ajudado, mesmo sabendo como pai é difícil, eu estava desesperada por não ter para onde ir com meu filho João.
— Ana você já deu nome? O nome é lindo!
— Ana você se saiu muito bem, deixou o seu pai orgulhoso, ele viu em você uma mãe dedicada ao filho e não aquela moça cheia de rebeldia.
— Sim, mãe eu não sou mais aquela moça rebelde, agora eu sou a mãe de João.
— A maternidade mudou você Ana, foi essa mudança que o seu pai viu em você.
— Pai você trouxe as coisas do João que o Padre arrumou? Eu vou levar para o quarto da Ana. Ana, pai trouxe as coisas do João.
— Elisabete, são todas lindas, tem roupinhas para um ano, é como se fosse comprado para o João.
Anos depois...
— João vem depressa, a sua avó está passando mal, traga a camionete.
No hospital...
— Pai como está à mãe?
— A mãe de vocês está muito mal, agora nesse exato momento, a Lorena está sendo operada.
Elisabete.
— Pai a mãe vai sair dessa ela é muito forte.
Ana.
— Lá vem o médico.
— Boa Tarde, a cirurgia foi um sucesso!
— Ana você vai para casa com o pai e o João. A mãe só vai acordar a noite e só pode ficar uma pessoa.
Ana.
— Vou chamar o João, ele está conversando com o Doutor. O João quer ser médico.
— Deixa de besteira Ana vai chamar o João antes que escureça, e você Elisabete para de colocar minhoca na cabeça do João.
No pátio do hospital, Ana se depara com uma moça no celular, com aparência do seu falecido esposo.
Alice:
— A senhora precisa de ajuda?
— Sim vovó eu já vou, com licença.
— Ana, pai e o João estão na camionete esperando por você para irem embora.
— Elisabete como aquela moça se parece com o falecido. Às vezes eu penso que João não é meu filho.
— Ana como pode você pensar essas coisas horríveis com a mãe internada?
— Elisabete, me desculpe eu falei sem pensar.
Elisabete pensa...
— Eu vou falar com aquela moça para ver se realmente ela se parece com o falecido marido da Ana. Que preferiu a Ana e não eu.
Elisabete fala:
— Boa Tarde, a minha mãe está internada aqui nesse hospital, nós somos da fazenda Parteira.
— Boa tarde senhora a minha avó veio visitar uma amiga, nós somos da fazenda Caldas.
— Eu sou a parteira Elisabete, eu não me lembro de ter visto você.
— Eu sou a Alice a neta da família Caldas, eu fui para o internato depois que o meu avô morreu.
— Eu não sabia que a família Caldas tinha filhos.
— Os meus avós só tiveram uma filha, que era a minha mãe que morreu após o parto.
Elisabete pensa...
— Quem deu aquelas coisas para o Padre foi à avó dela, realmente ela se parece com o falecido.
Elisabete fala:
— Mãe a família Caldas tinha uma filha?
— Sim, Elisabete eles tinham uma filha só que ela foi para o internato.
— Mãe você fez o parto da filha do fazendeiro mais rico?
— Elisabete como eu ia saber. No caminho para a fazenda, um homem estava à procura de uma parteira, porque a esposa estava mal. Ao chegar lá ele pediu para que eu cuida-se dela, que ele iria a fazenda Caldas. Eu fiz o parto e era um menino, eu pensei, ele vai demorar, a fazenda que ele foi é longe, quando ele retornou a esposa já tinha morrido.
— Mãe depois desses anos aparece essa moça, você tem que ter alta, tudo indica que ela é a filha da Ana.
— Elisabete só nós duas sabemos da troca dos bebês.
No hospital...
— Bom dia mãe e Elisabete, eu vim com o Padre, ele foi ver a irmã e ele já vem.O pai e o João ficaram em casa cuidando da cabra, ela vai ter filhote, eu vou beber água, vocês querem?
Elisabete.
— Ana aproveita e troca essa água por uma fresca.
Padre:
— Bom dia, Lorena e Elisabete, como estão?
— Bom dia Padre, eu e minha mãe estamos bem, obrigada!
— Quando Lorena vai ter alta? Dormir no hospital não é fácil.
Elisabete:
— Nós não sabemos Padre, mas vai ser logo.
— Sim filha, logo Lorena vai para casa.
Elisabete na fazenda...
— Pai, mãe está bem, logo ela vai ter alta, se passaram anos e a estrada está à mesma ou pior, semana que vem eu tenho dois partos para fazer.
— Tia porque as mães não vão para o hospital?
— João, onde as mães moram não sobe transporte e quando chove é só lama.
Guilherme fala:
— O Padre me contou que a Manuela tinha uma preocupação com a neta, que quando o seu esposo morresse, o seu genro á mandasse para um internato, para onde o avô mandou a única filha que era a mãe da Alice. O que não deu certo, pois ela se casou as escondidas engravidou e morreu, após o parto da Alice.
— Tia eu quero ser médico para ajudar as pessoas, o Padre ficou de arrumar uma bolsa de estudos.
— João você vai ser um bom médico.
No hospital...
— Bom dia mãe e Ana, como vocês estão?
— Bom dia vovó, quando tiver alta vamos dar uma festa.
Guilherme fica em silêncio.
— Sim meu neto, eu vou ter alta, e vou fazer o seu prato preferido e do seu avô.
No corredor do hospital:
Alice!
— Boa tarde, senhora como está?
Ana:
— Eu estou bem, obrigada!
Elisabete:
— Eu vou chamar a Ana. Ana vocês têm que ir, deu chuva.
— Elisabete eu a vi.
— Quem Ana, você viu?
— A moça que se parece com meu falecido esposo.
— Ana, pai e o João estão preocupados com você, conheces bem o pai, já tem muitas preocupações.
— Você está certa Elisabete eu vou me despedir da mãe.
Guilherme:
— Ana e o meu café? E a água do João? Você trouxe a mesma água, você anda muito distraída.
— Pai, esqueci é muita preocupação com a mãe aqui nessa cama.
Guilherme:
— Todos nós estamos preocupados, logo Lorena vai para casa. Nós já vamos, até amanhã!
Elisabete:
— Mãe, pai sabe o que aconteceu com a família Caldas, o Padre contou que eles tinham uma filha que foi mandada para o internato. Nas férias ela vinha passar com os pais, só que ela se envolveu com um funcionário da fazenda, engravidou, casou-se ás escondidas, mas o pai descobriu e deu uma quantia em dinheiro para que eles fossem embora.
Guilherme:
— Bom dia Lorena como está? Hoje eu vou lhe fazer companhia.
Elisabete
— Pai, mãe está sedada eu e João já vamos. Ana não está muito bem.
Alice:
— Bom dia senhora, vocês vão passar pela igreja?
Elisabete.
— Nós vamos sim.
— Vocês podem me deixar lá?
— Podemos sim.
— Obrigada, eu vou ficar aqui!
Elisabete pensa...
João não parou de olhar para Alice.
Elisabete na fazenda...
— Ana o Padre arrumou uma carona para nos levar amanhã no hospital, pois a camionete ficou na oficina.
Ana e Elisabete falam juntas...
Pai o que aconteceu?
— Minhas filhas a mãe de vocês se foi para sempre, ela nos deixou, o que vai ser de mim sem Lorena?
Elisabete:
— Pai nós sentimos muito, mas mãe estava sofrendo, vou ver se consigo alguém para nos levar até a igreja.
Elisabete continua...
— Boa tarde Alice, o Doutor me disse que você vai passar na igreja, tem como você nos dar uma carona?
— Boa tarde senhora, tem sim.
— Obrigada eu vou chamar o meu pai e a minha irmã.
Na igreja...
— Padre a minha esposa morreu.
— Eu sinto muito pela sua perda Guilherme, e a de vocês meus filhos, mas vocês têm que ser fortes, todos amavam a Lorena, ela vai nos fazer muita falta.
Meses depois...
— Mãe eu estou indo cursar a faculdade, eu não posso vir em casa, é longe e a passagem é muito cara, nós só podemos nos comunicar por cartas.
Elisabete:
— Ana, o João vai ser um bom médico e vai ajudar muita gente e nós vamos nos orgulhar dele.
Meses depois...
— Onde está o João? Eu estou desde cedo procurando ele e não o acho.
Elisabete:
— Pai você se esqueceu de que o João foi cursar a faculdade e a mãe morreu.
— Ana eu não entendo, João não está em lugar nenhum e nem a Lorena não a vejo há dias, eu estou tão cansado.
— Ana há meses que pai fica andando pela casa, ele não se alimenta, os remédios não fazem mais efeito, ele não dorme.
Guilherme fala:
— Elisabete, Ana que não sai daquele quarto há dias e a tosse dela que não passa, é como se ela estivesse pedindo para morrer.
— Ana, pai já percebeu a sua ausência, essa tosse que não passa você precisa ir ao médico.
— Elisabete me deixa morrer em paz, você pode fazer isso por mim?
— No dia seguinte...
— Elisabete, Ana só fica naquele quarto escuro, não deixou que eu abrisse a janela, e pediu que eu a deixa sozinha.
— Pai, Ana pediu que eu deixasse ela morre em paz, eu respeitei a vontade dela.
— Deixa de besteira, vai chamar a Ana para o café, ela está desse jeito é por causa do João e da mãe de vocês. Vai Elisabete o que está esperando, minha nossa eu mesmo vou chamá-la. Vem rápido, Elisabete.
Guilherme chora e fala:
— Por que Ana você se pendurou em uma corda. Por quê?
— Pai, Ana estava muito doente não tinha remédio que a curasse, agora ela está em paz.
— Qual doença a Ana tinha?
— A doença da alma.
— Você que está doente Elisabete, falando besteiras vai chamar alguém para tirar a Ana daquela corda.
— Eu mesma vou tirar a Ana dali, não quero ninguém difamando a minha irmã.
Anos depois...
— João você aqui.
— Tia desde que eu fui embora eu não consegui parar de pensar em vocês.
— Vovô como o senhor está?
— Sai daqui seu mal-agradecido, você nos abandonou e nos arruinou, não volte nunca mais aqui.
— João pai está doente, ele perdeu o interesse em cuidar da terra, por isso precisei vender a metade da fazenda.
— Tia Elisabete me desculpe por eu ter ido embora.
— João você não tem nada para pedir desculpas, era o seu sonho.
— Tia onde está a minha mãe?
— João a sua mãe morreu há um ano, ela deixou uma carta, eu vou pegar. Aqui está eu sinto muito.
João vai embora em silêncio.
A carta da Ana...
— Meu filho João eu estou muito doente, mas feliz por você está realizando o seu sonho, desde que o seu pai morreu no acidente eu não consegui me recuperar, a sua mãe te ama muito.
— Oi João, tudo bem?
— Oi Alice, como você está?
— Bem e você?
— Eu estou bem e um pouco triste com a perda da minha mãe, há um ano que ela morreu.
— Eu sinto muito João, vamos à minha casa para conversamos, o trem só passa ás 11 horas, e é o aniversário da minha avó.
— Alice a sua avó não vai achar ruim, você levando um estranho na festa dela?
— Não João a minha avó vai amar você, é uma reunião entre os amigos, você nem imagina como é divertido.
Na fazenda...
— Oi vovó eu trouxe um amigo, o João.
— Prazer senhora, meus parabéns.
Manuela:
— Prazer João, obrigado!
— Você tem os olhos da minha filha, é como se eu estivesse olhando para ela.
— Senhora você não está se sentindo bem?
— João o que houve?
— Alice a sua avó passou mal.
— Vamos vovó para o quarto descansar.
— Alice a sua avó já está melhor, eu tenho que ir.
— João o motorista vai leva-lo na ferrofia.
— Vovó os seus amigos já foram e o doutor já está chegando.
Hora depois...
— Boa noite Manuela, como você está?
— Doutor chama o João.
— Manuela quem é João?
— Doutor a minha neta sabe.
— Manuela, eu vou falar com Alice, se acalma.
Doutor continua...
— Alice a sua avó quer falar com João.
— Vovó o João já foi embora, ele já está muito longe.
— Alice eu dei um calmante para a sua avó, ela está muito nervosa, vai dormir à noite toda. Até amanhã!
Afonso entra no quarto...
Manuela delira e chama...
— João, João..
Afonso pergunta:
— Manuela quem é João?
— João é o meu neto.
Manuela morre...
Afonso sai do quarto.
Alice entra e fala:
— Vovó você partiu e a dor entrou no meu coração, como eu vou viver sem a senhora?!
Horas depois...
— Alice quem é João?
— Pai é o neto do senhor Guilherme o leiteiro.
Dias depois...
— Bom dia senhora eu gostaria de falar com João.
Elisabete:
— Senhor, o João não está e vai demorar, eu não tenho o endereço dele.
— Eu sou Afonso o pai da Alice, se ele aparecer dê um recado meu, fala para ele ficar longe da minha filha.
Meses depois...
— Pai que saudade, esses são os meus amigos.
Afonso fala:
— Sejam bem-vindos.
— Pai adivinha quem está cursando na mesma faculdade que eu, o João.
— Alice qual João que você está falando?
— Pai é o neto do senhor Guilherme o leiteiro, todos os conhecem. Eu vou me trocar.
Afonso.
— Senhora o João estuda na mesma faculdade da minha filha, que ponto chegamos, eu podia fazer do meu jeito, mas achei melhor vir para conversarmos, aqui estão os documentos é só ele ir, eu espero que eu não precise voltar aqui.
Elisabete pensa...
— Que homem arrogante.
Dias depois...
— Tia o que houve de tão grave que você me fez vir até aqui ás pressas.
— João sente- se é para você.
— Tia é uma transferência da faculdade, mas eu não pedi.
— João eu sinto muito por não poder te ajudar, você precisa ir para essa faculdade.
— Tia eu passei na igreja, o Padre conversou comigo foi o pai da Alice, o Afonso.
— João vai ser melhor para você se afastar da Alice, não estraga a sua vida.
Elisabete pensa...
João um dia eu vou ter que te contar à verdade, que esse homem é o seu pai.
Guilherme:
— Elisabete quem era? Eu ouvi a voz do João.
— Não era ninguém pai, o senhor se enganou.
Anos depois...
— João como você está mais bonito e elegante.
— Obrigada tia Elisabete, o Padre arrumou uma sala na igreja para eu dar consulta e também vou trabalhar no hospital.
— João meu sobrinho, como eu estou tão feliz por você!
— Obrigada Tia, eu também estou muito feliz por estar em casa com vocês.
Meses depois...
— João você tem visto Alice?
— Sim tia, só que ela está muito mudada, com aqueles amigos bebendo.
— Estão batendo na porta.
— João é um funcionário da fazenda da Alice, ele quer falar com você.
João:
— Obrigado, pode ir, eu já estou indo.
— Tia o pai da Alice quer falar comigo.
Alice:
— Entre João eu vou avisar o meu pai que você já chegou.
— Pai o João está aqui.
Afonso:
— Filha mande que ele entre.
Alice:
— João pode entrar é o quarto à direita.
João bate na porta e fala:
— Com licença, bom dia! O senhor mandou me chamar?
Afonso:
— João obrigado por ter vindo, você se tornou um bom médico, eu gostaria que você fosse o médico da família.
— Senhor será uma honra para mim, obrigado!
— O doutor vai explicar para você o meu diagnóstico.
— João como está o Afonso? As pessoas falam que ele está nas últimas.
— Tia as pessoas exageram, ele vai viver muito.
— Oi vovô, como o senhor está? Perdoe-me por eu ter ido embora, eu tive medo que o senhor não fosse entender o meu sonho de ser médico. Agora eu estou aqui com o senhor e para todos que precisarem de mim.
Elisabete.
— João, pai sorriu, desde que mãe morreu, ele nunca mais sorriu. Eu vou atender a porta.
— Eu vou chamar, com licença.
— João, Alice está te chamando.
— Oi, João você não apareceu hoje à tarde o Doutor te esperou.
— Alice meu avô faleceu hoje à tarde.
— João eu sinto muito.
— Obrigada Alice, eu vou levar você em casa, minha tia quer ficar um pouco sozinha.
Doutor:
— Que bom que vocês chegaram, eu já estava de saída, o Afonso não estava se sentido bem, ele foi se deitar, aqui estão os exames do Afonso.
— Obrigado Doutor e me desculpe, o meu avô faleceu hoje à tarde.
— Eu sinto muito João, o seu avô era um homem trabalhador.
Dias depois...
— Pai eu não consegui concluir a faculdade, eu tentei falar, mas você não deixava. Me desculpa!
— Alice eu já sabia, só que eu não queria ouvir a verdade.
— Obrigada, pai eu te amo!
Meses depois...
— Tia eu e Alice vamos nos casar. Hoje à noite vai ter um jantar, eu gostaria que você não faltasse, eu passo aqui para pega lá.
— João não precisa, eu me encontro com vocês lá na casa da Alice.
João no jantar...
— Boa noite a todos, obrigado por terem vindo. Eu e Alice vamos nos casar daqui a um mês.
Todos os convidados dão os parabéns.
Dez dias depois...
— Pai a lua de mel foi linda, o lugar foi perfeito, obrigada!
— O último pedido da sua mãe, era que quando você casasse, sua lua de mel, fosse no mesmo lugar que passamos a nossa. Foram os dias mais felizes das nossas vidas.
João:
— Bom dia Afonso, realmente o lugar era lindo.
— Que bom que vocês gostaram, eu fico feliz.
— Eu vou deixar vocês matarem a saudade e vou ver a minha tia.
Afonso:
— João, Elisabete morreu, eu não avisei o pedido dela, eu sinto muito.
— João a viagem foi cansativa vamos descansar, amanhã nós vemos o que vamos fazer com os pertences dela.
João:
— Eu prefiro ir lá hoje, eu chego antes do jantar.
Alice:
— Pai eu vou me deitar, estou exausta, obrigada por tudo, eu amo você!
Afonso pensa...
Eu não posso falar a verdade eles estão tão felizes.
Alice no jantar...
— Boa noite a todos, eu tenho uma novidade, amo todos vocês, eu estou grávida.
— Meus parabéns, minha filha, eu vou ser avô.
— Eu vou ser pai, vamos ter um bebê.
— Sim João, nós vamos ter um bebê.
Doutor:
— Eu vou ser o padrinho, obrigado e meus parabéns.
— Meus parabéns meus filhos, eu tenho que ir, amanhã, eu tenho missa cedo, e espero vocês lá.
— João vamos acompanhar o Padre e dar uma volta?
— Vamos sim Alice.
Padre:
— Até logo a todos!
— Alice eu me esqueci de tomar o meu remédio, já volto.
— Não demora João, eu estou aqui te esperando sozinha.
— Sim Alice, eu já volto, cuida do nosso bebê.
— Afonso você anda muito preocupado, você sabe que não é bom para sua saúde.
— Doutor a carta, ela fala de segredos, um deles é da Alice. Ela fala que Alice não é a minha filha.
João escuta e pensa...
Alice não é filha do Afonso.
João fala:
— Logo agora Alice me chama.
— João onde você está?
Afonso continua:
— Doutor antes de a Manuela morrer, ela falou que o João era o seu neto. Na morte da Elisabete eu fui lá, na casa dela e eu achei uma carta para o João e Alice, falando toda verdade sobre eles.
— João você demorou, eu achei melhor entrar.
— Alice eu vou me deitar, com a perda da minha tia eu estou com a minha cabeça estourando.
Alice:
— Pai o João pediu para que eu me desculpasse em nome dele, com a perda da tia ele foi se deitar.
— Doutor o seu motorista está te esperando.
— Obrigada Alice!
— Afonso amanhã antes de você viajar passa no meu escritório, até logo!
Dias depois...
— Bom dia João como está Alice?
— Bom dia Padre, Alice está bem. Só que ela tem que ficar de repouso.
— Eu vou ver o Afonso ele mandou me chamar, logo João o seu filho vai nascer.
— Sim Padre, não vejo a hora de pegar o meu filho no colo.
— Afonso você tem que ficar de repouso evite falar.
— Doutor eu vou lhe contar o que Elisabete deixou escrito na carta, você jura que não irá contar para ninguém. Você jura Doutor?
— Sim Afonso, eu juro.
— João é o meu filho.
— Padre vem rápido o Afonso está morrendo.
Padre:
— Que o Afonso vá em paz.
Doutor fala:
— Padre Alice não é filha do Afonso, mas sim...
João escuta e pensa no que acabou de ouvir...
Alice chama o João...
De novo Alice me chama, logo agora que eu iria descobrir toda verdade.
Doutor continua falando:
Mas sim o João. Afonso pediu que eu jurasse que não iria contar para ninguém.
Padre pensa...
Afonso pegou a carta da Elisabete, os segredos estão nas mãos do Doutor.
João:
— Alice você não pode se levantar tem que ficar de repouso para o bem do bebê.
Doutor continua.
— Padre eu estou espantado, não posso revelar o segredo para João e Alice. Afonso só me contou nas últimas.
Padre fala:
— Lorena, Ana, Manuela, Guilherme, Elisabete e Afondo todos levaram o segredo para o túmulo.
João entra de repente e pergunta:
— Doutor qual é o segredo que eles levaram para o túmulo?
— João, o Afonso ficou de passar no meu consultório para que nós pudéssemos terminar a nossa conversa, só que ele não passou.
Padre:
— João essa família era muito reservada só contavam em confissão e não pode ser revelado.
Dias depois...
— João há dias que você não vem me visitar, como está Alice e o bebê.
— Doutor eu ando sem tempo depois que o Afonso morreu e com a gravidez da Alice ficou difícil.
— E você Doutor como está?
— João nessa cadeira de rodas sem poder visitar os amigos, mas eu digo a você, eu já vivi o bastante.
— Doutor, Afonso não é o pai da Alice eu ouvi vocês conversando. Mas a Alice me chamou e eu não consegui ouvir a história toda. Doutor tenho que ir agora, mas depois voltamos a falar sobre esse assunto.
Doutor pensa...
— Como eu vou contar para o João que o Afonso era o seu pai, o homem que transferiu ele de uma faculdade boa, para uma ruim dificultando a sua vida.
Na igreja...
— Bom dia Padre! A carta que contém todos os segredos. Alice não é filha de Afonso.
— João perdoa o seu pai Afonso, ele não fez por mal, ele só queria proteger a filha.
— Padre o Afonso era o meu pai?
— João você não está com a carta?
— Não Padre, eu só ouvi o Afonso e o Doutor conversarem.
— Minha nossa! João eu quebrei a confissão.
— Não Padre. Eu já desconfiava depois da lua de mel, o Afonso me chamava de filho e Dona Manuela no dia do seu aniversário ela me disse que via em mim a sua filha.
Irmã da igreja...
— João a sua esposa passou mal e o Doutor mandou uma ambulância para sua residência e pediu para que o Padre fosse para o hospital.
Padre:
— Obrigada irmã!
— Vamos João para o hospital.
Médico:
— Boa tarde, Padre!
— Boa tarde João, Alice já foi para sala de cirurgia, você vai acompanhá-la?
João:
— Não Doutor, eu vou esperar.
Hora depois...
— João é um menino ele está bem.
— Doutor eu posso ver a minha esposa?
Médico:
— Eu sinto muito João, Alice não resistiu.
— João, eu sinto muito, mas você já sabia que Alice não ia resistir você fez de tudo, vá para casa.
— Padre esses meses foram muito difíceis, eu vou passar na casa do Doutor.
Doutor e o bilhete?
— João, o Afonso pegou a carta que Elisabete deixou para você e Alice.
João lê a carta...
— João eu conheci um rapaz, levei ele para conhecer os meus pais ao chegar lá em casa ele se apaixonou por Ana e ela por ele.
E eles fugiram e nós só fomos ter notícias deles anos depois pelo Padre, que a Ana estava lá na igreja, e que o seu esposo tinha falecido em um acidente e que a Ana esperava um bebê.
Mamãe tentou convencer o pai de aceitar a Ana, mas ele não aceitou. Então eu pedi o pai que ele deixasse a Ana ficar no porão até o bebê nascer e que depois eu os levaria, para casa da Tia Teresa, mesmo sabendo que a tia não ia aceitar o bebê.
Então mãe pensou:
— Que se fosse um menino o pai aceitaria.
— Mãe foi fazer um parto e no caminho e o Sr. Afonso encontrou com mamãe e pediu a ela que fizesse o parto da sua esposa, a sua avó e eu, fizemos as trocas dos bebês.
— João, você é filho do Sr. Afonso. Alice é filha da Ana, eu sinto muito! Que um dia vocês nos perdoem.
Anos depois Afonso fala:
— Pai você com suas histórias, um dia o seu neto vai acreditar.
Afonso pensativo e pergunta:
— Pai a mãe era mesmo a filha do meu avô Afonso?
João pensativo responde:
— Afonso meu filho, quem sabe?!
FIM!