Dalinha e Dedeu

Dedeu achou inusitada aquela proposta de Dalinha. Que topou, na horinha.

E do pouco que refletiu, para a ação partiu...e como estavam os dois num raro momento a sós, todo gesto, havia de ser veloz, e presto.

Tocou-lhe assim, pela primeira vez, os seios, seguindo, nada obstante, a forma ditada pela amada: tão-somente para os mensurar, com a concha da mão, e nada mais de apalpação ou extensão na duração...

Para um casal que naqueles anos setenta vivia nos albores dos vinte anos e com um namoro bem consolidado, com encontros regulares na casa dos pais de Dalinha, o futuro sorria. Não só ria, verdade, trazia incertezas, indefinições mas aquilo era entendido por ambas as almas como natural. E até os furtivos beijos, de pouca profundidade haviam sinalizado a observância respeitosa à lei de Deus e à dos homens...

Dalinha, moça comunicativa, destinada por vocação ao magistério já havia manifestado candidamente ao parceiro a sua preocupação em ter seios diminutos em relação às suas colegas de colégio, e até mesmo às próprias irmãs que eram muitas, formosas e bem dotadas naquele essencial particular, orgulho de toda moçoila que se preze - e até mesmo que nem reze...o que não era definitivamente o caso da casta Dalinha, moça de sólida formação moral e religiosa.

Contudo, o diabo do tamanho dos seios não deixava de a atazanar. E assim confiou a Dedeu, com as mencionadas ressalvas, a tarefa de aquilatar seus atributos feminis.

Só que... bem só que, finda a tátil e v(i)olátil mensuração, Dalinha queixou-se de que o amado se excedera em seus poderes, desrespeitando o pre-combinado.

Na solteirice, Dalinha viu se expandirem as suas conquistas profissionais, as suas graças sociais, a admiração que lhe votam amigos e amigas de longa data, deixando a Dedeu, de quem a amizade jamais perdeu, o encucamento de concluir se de fato se se excedeu...ou se da chance não se valeu...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 01/11/2019
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