COSPLAY NA BIENAL
- Nossa! Que legal, mãe! A gente vai comprar tudo isso de livro? – o garoto ficou fascinado pela quantidade de livros que viu ao entrar na Bienal.
- Claro que não, filho. Vamos comprar aquele livro que você pediu, e olhar por aí.
A mãe adora livros e sabe que comprará alguns. Levou o filho à Bienal para ver o quanto incutiu nele o gosto pela leitura. A primeira impressão foi positiva.
Como não poderia deixar de ser, os estandes com livros e atrações interativas e lúdicas atraíram o garoto. A mãe ficava com um olho nele e o outro nos estandes que queria visitar.
Havia cosplay por todo salão, homenageando personagem de histórias em quadrinhos, desenhos animados, videogames e animes. Os fãs tiravam fotos com os heróis, anti-heróis e vilões. Um dos “sósias” chamava muito a atenção por sua incrível semelhança com o original: o Coringa “Ledger”. Copiou perfeitamente maquiagem, vestuário e performance, causando furor e sustos a quem desse de cara com ele. Especialmente crianças.
A mãe viu o garoto se aproximando e pensou “Oba! Ele cansou. Vou aproveitar para induzí-lo a passear comigo.” Ledo engano.
- Mãe, tô apertado! – apertando as pernas e segurando e frente da calça.
- Segura! – pegou o garoto pela mão e saiu em disparada ao banheiro ali próximo.
- Sabe o que tem que fazer, né? - agachada em frente ao garoto.
- Siiiimmmm! – correu.
- Não esqueça de dar descarga e lavar as mãos! - numa última e perdida instrução.
A mãe sentou-se no chão para aguardar a volta do filho. Acompanhou boquiaberta o Coringa se aproximar e entrar no banheiro. Ao passar por ela e vê-la de olhos estatelados, fez aquele característico “Bu!” de filme de terror. Ela levou um susto depois caiu na gargalhada – e todos que viram também.
Já haviam pedido mas a administração ainda não trocara a lâmpada fluorescente daquele banheiro. Ela ficava piscando.
O garoto entrou no box quando a lâmpada estava acesa. Assustou-se quando apagou; aliviou-se quando acendeu. E assim foi até que terminou. Assustou-se quando apagou de novo e acabou molhando a calça. Mesmo não tendo feito tudo resolveu sair.
O Coringa percebeu que havia alguém naquele box da luz intermitente, e pela voz era criança. Ficou de costas fingindo usar o mictório em frente.
O garoto abriu a porta no momento da luz apagada. O Coringa virou-se lentamente e a luz acendeu.
- Manhêêêêê!
Molhou-se com o resto do xixi.