A MULHER POR TRÁS da PORTA
Era uma noite chuvosa e misteriosa, onde raios cruzavam o Céu na província bem distante de tudo.
Por trás da porta uma mulher aterrorizada, seus olhos turmalinas e sombrios espreitavam os cômodos da casa, que mais parecia ranger
como nos grandes momentos de terror.
Ouvia vozes ao fundo, feito um ressoar, eco longínquo predominantemente voraz.
Tinha em seus punhos as marcas da morte. Um veneno interno e enlouquecedor a levou do mundo dos vivos.
Acabara com os murmúrios solitários do seu recanto silenciando seus dias.
Vivera presa às correntes invisíveis, as que trancavam as portas e janelas, e no porão evocou a maldição, tradição familiar.
Encontrara seus antepassados, todos de uma vez, num emaranhado de sombras e dores naquela cidade, no mesmo dia, onde provara o desamor e o terror de uma existência flagelada, nunca esquecera. Assim como ela, os seus, só queriam ter encontrado a luz, no entanto, a sua condução foi equivocada, mal orientada, e agora, seus espíritos atormentados, atormentavam os viventes de carne nesse movimento cíclico, em cada noite sem Lua e estrelas.