Desta, vez a vítima foi o Mordomo... parte 2/2                            A morte de Agenor

... Seu Agenor, sempre muito reservado, um caseiro humilde e sem ninguém por si, a não ser seus patrões e seus filhos.
   Vive a vistoriar as coisas da casa, o andamento dos trabalhos, claro que num ritmo mais lento, dado o avançado de sua idade (
80 anos) que já lhe pesam em muito.
   Adora sentar-se num banco de cimento, localizado bem no centro de um lindo jardim e este é seu maior passatempo, sempre com um de seus livros ao lado. Em alguns momentos ainda aventura-se a pescar num laguinho ali mesmo ao lado deste jardim e assim passa o seu merecido período de estadia naquela casa.
   Esta condição ficou bem determinada pelos patrões, principalmente pelo senhor Carlos a quem nutre um recíproco relacionamento fraterno.
   Se permite a circular pela casa e às vezes se faz quase despercebido como se fora um móvel “imóvel” em seu cantinho ou numa janela que dá para o seu jardim, como deu para perceber, ser muito apegado a este aprazível lugar.
   E foi justamente desta janelinha que um certo dia, Agenor observa alguns movimentos suspeitos de duas pessoas adentrando as dependências da casa.
   Reconhece uma das pessoas, sem dúvidas a mulher era dona Rita, porém a outra pessoa, este um homem desconhecido nunca visto mais “gordo” por aquelas 'bandas'.
   A cena que se repetiu varias e varias vezes deixa perplexo o velho mordomo que tinha como característica e qualidade sua discrição e reservas.   Já nem sabe nessas alturas se é justo privar o patrão de ser informado do quem vem há tempos ocorrendo e isso é duro demais pro velho homem que além da idade carrega um delicado problema cardíaco.
   E nesse terrível episódio um dilema se instala: Informar ou não informar ao patrão do que vinha acontecendo em sua casa, na sua ausência.
   Tal fato se repete seguidas vezes agravadas com cenas picantes observadas por seu Agenor inclusive, e por este motivo a agonia do pobre homem só aumenta.
   Notoriamente a presteza e a fidelidade dele para com os patrões começa a se contrapor com a manutenção daquela situação.
     ...Isto tudo ocorrendo, ele mal consegue encarar seu Carlos, pois logo parece enxergar impresso no rosto do patrão algo como se fosse uma mascara, uma carapuça de um palhaço, de um bobo e isso repito o amargurava demais.
   Numa dessas vezes em que Agenor monitora os passos da patroa, vê sair de seu quarto aquele homem ainda desconhecido pra ele. Só, que é percebido também pelo tal... que pára a sua frente fixa-o os olhos e como se quisesse dizer que aquilo não ficaria assim, mantém o olhar no mordomo, que nessa hora parece ser ele o vilão da história.
Agenor agora tinha três problemas, três abacaxis pra descascar:

a) Continuar á esconder do patrão tudo aquilo;
b) Por conseqüência, revelar a índole da patroa, sempre tão discreta e confiável, ao menos a ele;
c) Agora a questão era saber de como se desvencilhar do tal homem misterioso que não demora a fazer-lhe ameaças.

[
Pepino e dos grandes para o velho mordomo descascar, e é claro que não tardaria muito para que a patroa soubesse do fato.´]
 
   Então começa de fato o drama de Agenor que tem em seus ombros o peso daquela fustigante descoberta.
    Rita fica a todo tempo, literalmente no seu pé, para que ele e o marido nunca fiquem a sós, até que ela resolvesse esta situação e com isso retardasse ao máximo uma conversa entre Agenor  e o marido, tirando-o a oportunidade ideal para revelar seu horrendo segredo.
   A patroa pensando ser mais esperta que ambos, trama envenenar o mordomo, jogando coisas no ar do tipo: Ele não é tão coitadinho assim e que por varias vezes o pegou com os olhares comprometedores sobre ela! Só que não faz idéia do que a esperaria em seguida.
   Não fosse a precaução de Carlos aquilo tudo, até que aquela trama armada por Rita colaria, mas não deu nada certo pro seu lado porque o marido a repreende, primeiro com um discurso engasgado á muito tempo em sua garganta, no que diz Carlos:
   -Sabe, venho notando seu modo arredio para comigo, não sei se com os demais nesta casa, o que não ouso afirmar, mas é nítido que escondes algo em seu comportamento. Nessa hora Rita tenta desqualificar sua falação, naquela manifestação.
    Mas, ele enfático mostra-lhe a prova cabal de toda sua desconfiança num vídeo, ao qual tudo que Agenor havia presenciado, estava lá gravado e comprovado, inclusive com riquezas de detalhes, que nem o bom velho homem percebera.
   Pronto, ali agora era a mascara da esposa que caia e por terra ia também sua tentativa de subjulgar o velho mordomo.
   Carlos aproveita para eximir Agenor de toda culpa que por ventura alimentasse por não revelá-lo de tal achincalhe, pois sabia de sua discrição e lealdade para com todos naquela casa.
   Sai á procurá-lo, não o encontra pelos jardins e vai aos lugares costumeiros aonde costumava ir.      Não o encontrando, vai a seu quarto e presencia uma cena das mais tristes, Agenor imóvel, sem sinais vitais alguns e completamente gelado.
   A causa provável, talvez tenha sido um enfarto fulminante, vitimado por uma cardiopatia contumaz e por isso letal ao velho mordomo.

  A questão que fica como fato comprobatório foi que sua agonia e o mal estar em ter descoberto tudo aquilo e seu recato em não contar ao patrão provavelmente tenha sido forte demais para o coração já tão combalido e debilitado de seu Agenor, que morre sufocado por esta trágica “desdita”.


  "Como aprendizado nesta história fictícia, fica a chance de abrir-se discussão para que cuidemos mais de nossa saúde e que também uma conversa, quando bem encaminhada venha poupar-nos de infortúnios mais ali adiante"!