O BAIXISTA (Primeiro ato) (Viviane)

Meu nome é Eddie Prez Escher, fui um detetive condecorado de uma divisão oficialmente inexistente da policia.

Trabalhando sempre sozinho, as margens da sociedade, era praticamente invisível e apenas um número na folha de pagamento do governo.

Desperdicei os últimos 20 anos da minha vida perseguindo um maníaco psicopata.

Dediquei-me excessivamente a missão de prender esse assassino apelidado por membros de nossa divisão como “O BAIXISTA”.

Assim chamado por fazer uso de cordas de contra baixo em sua vitimas, em todas as mulheres que ele matou foram encontradas, alem das cordas, trechos de partituras em clave de fá deixadas sobre os corpos.

Minha vida e minha sanidade teve fim no mesmo instante em que ele fez sua aparição insana.

Em sua mente perturbada, achava que fez sua estreia na missão que lhe foi imposta por entidades superiores, que lhe indicavam as mulheres que teriam o privilégio de serem exterminadas por suas cordas.

Minha paz terminou no inicio de suas atividades assassinas, em 15 de abril de 1990.

Estava eu, trabalhando em nossa base, quando às 15h e 04m de repente toca o telefone em minha mesa.

Ao atender, ouço uma voz muito calma e suave, com uma tranquilidade extrema, alguém que não quis se identificar e sem me deixar falar, começa a me contar sobre o assassinato de uma mulher no extremo leste de São Paulo.

Fui imediatamente em direção ao endereço passado pelo indivíduo para averiguar a veracidade da denúncia e chegando ao local me deparei com um cenário que me deixou estarrecido e petrificado por alguns instantes e comecei a analisar aquele cenário.

O que vi não fazia nenhum sentido, era uma casa com apenas um cômodo, bem arrumado e com leve perfume de pinho.

Mas sobre a cama, o corpo de uma mulher jovem de pele branca, muito bonita e de longos cabelos negros cacheados.

Como num ritual macabro, suas mãos estavam amarradas com um tipo de fio de aço e em seu pescoço mais um desses fios, enrolados e com as pontas enfiadas em suas orelhas que sangravam um pouco. (mas tarde eu viria a descobrir que esses fios de aço seriam cordas de contra baixo).

Seus olhos mantidos abertos com duas palhetas azuis de plásticos semitransparentes.

Ao lado do corpo, encontrei um pequeno pedaço de papel e nele uma partitura musical, que seria a primeira parte deste quebra-cabeça.

A esquerda da cama havia uma pequena escrivaninha faltando uma das pernas e sobre ela, um relógio digital que marcava erroneamente 15h04min (erroneamente, pois naquele momento já eram quase 17h00min) naquele momento, nada me parecia fazer sentido e decidi aguardar pelas conclusões da pericia.

A moça era conhecida pelos vizinhos apenas como Viviane, não sofreu nenhum tipo de violência sexual, a perícia concluiu que ela foi morta com pequenas cargas de choque elétrico DC com uma corrente de 30mA aplicados diretamente em seu coração, através de orifícios feito por um objeto cortante em seu peito, por onde foram inseridas as já citadas cordas de contra baixo e os choques foram aplicados também em suas orelhas até que seus tímpanos começassem a sangrar.

Meu trabalho era prender esse maníaco, mas até o presente momento não tínhamos nenhum suspeito e nada que fora encontrado na cena do crime parecia fazer qualquer sentido para os investigadores.

Quanto mais eu olhava para as evidências e tentava entender sua ligação com o crime, mais eu achava que nada daquilo me diria algo sobre o assassino e que era apenas uma questão de tempo para que ele fosse pego, julgado e trancafiado para todo o sempre.

Num momento de loucura, começo a tentar me colocar no lugar dele e tento pensar como ele. Mas eu sei bem que essa viagem insana para dentro de uma mente psicótica pode me deixar sequelas, talvez transforme minha mente por toda a eternidade, mas há momentos na vida em que nossas escolhas não são apenas em nosso próprio bem estar.

Ela nem imaginava que olhares a acompanhava desde que saíra do escritório de contabilidade (Que belo exemplar do sexo feminino, que bela forma de vida baseada em carbono).

Andava tranquilamente com o pensamento em que iria realizar naquele momento.

Viviane usava uma blusa branca como sua pele, de botões dourados, uma saia cinza não muito curta que destacavam suas belas pernas e mostrava uma marca levemente avermelhada em uma das coxas.

Seus cabelos longos e presos à nuca a deixava mais linda.

Seu corpo escultural chamava a atenção de alguns abusados...

Enfim em um esbarrão proposital a fiz sorrir para mim.

Como gostaria de possuir sua pele pálida em minhas mãos.

Até pouco tempo atrás vagava pelas ruas, feito uma alma penada, sem rumo e sem importância alguma no mundo, ninguém percebia sua insignificante existência.

Convidei a para jantar.

-Claro que sim Lúcio.

-Aonde posso busca-la Viviane?

-Vou escrever meu endereço.

(Ela nem suspeitava que por traz do meu sorriso inocente, eu já sabia tudo sobre ela, que ela morava em uma casa humilde do extremo leste da cidade e tinha um gato preto de estimação. Sua família do interior do Paraná veio para a cidade grande em busca de realizações de sonhos profissionais e pessoais).

Foi o que minha mente já há tempos, atordoada, com toda essa barbárie, pôde naquele momento sopor que a mente monstruosa deste maníaco tiveras pensado.

Continua....

Eduardo Perez
Enviado por Eduardo Perez em 28/10/2016
Reeditado em 30/10/2016
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