TÚMULO DE VIDRO AZUL

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Rosália, era uma moça sonhadora e delicada que se apaixonou por André, um rapaz lindo, ambicioso e cheio de mistérios. Sua chegada na pequena cidade, era confusa, apareceu junto com um caminhoneiro, sem família ou documentos, apenas uma certidão de nascimento, bem amarelada, que mal podia ser lido o seu nome não constava paternidade, foi conquistando as pessoas, fazendo pequenas tarefas, para um e outro, dormia onde trabalhava, até começar a trabalhar para Demétrio, pai de Rosália, um grande varejista do lugar, sua filha era o melhor partido da cidade, como era bonito e simpático, logo Rosália estava no papo, mas, seu único interesse na moça, era a fortuna de seu pai.

Ele vivia prometendo, que com ele, ela só teria um profundo sonho azul.
Rosália criava lindas fantasias, em sua cabecinha apaixonada. André aguardava o momento certo, pois o pai de Rosália, já o tinha como seu sucessor nos negócios, confiava cegamente no sujeito, já esperava vê-lo casado com sua filha amada, pensava que assim poderia descansar, já se sentia velho e a chegada de André á cidade, foi para ele uma benção, teria um final de vida mais tranquilo, só para curtir os netos, que por certo logo lhe dariam. 

Demétrio todos os dias á mesma hora da tarde, tomava um remédio em gotas, para o coração, que andava meio fraquinho há algum tempo, por muitas vezes, pedia para André ir buscá-lo para ele na farmácia, nos últimos meses ele vinha se queixando que o remédio o estava deixando muito desanimado e com as pernas doloridas e uma palpitação no peito, que não sentia antes, foi ao médico e o mesmo trocou o remédio, para um mais forte, pois em seus exames, apareceu um agravamento do problema, já muito debilitado acabou por falecer pouco tempo depois, deixando todos os seus bens para Rosália, que não entendendo nada dos negócios do pai, deu uma procuração de plenos poderes para André, seu amado.

Tudo corria bem, eles casaram quase um ano depois da morte de
Demétrio, tudo era perfumado e florido na vida daquele casal apaixonado, ninguém na cidade poderia supor, que essa história tivesse o desfecho que vou contar.

Numa noite de
Lua cheia, lá pelas oito da noite, André convidou Rosália para um passeio, pediu que ela colocasse a sua roupa preferida, pois queria, que ela tivesse uma noite romântica, ela prontamente atendeu ao desejo do amado, que surpresa ele estaria reservando para ela, sempre criava situações que ela ficava, embevecida de paixão.

André, a levou de carro para um pouco mais distante da cidade, onde existia um campo muito florido, e estava ainda mais lindo ao luar, Rosália estava maravilhada com o passeio inesperado e amoroso, trocavam beijos e afagos pelo caminho, então, em certo momento, André lhe pediu que deixasse que ele colocasse um lenço amarrado em seus olhos, queria lhe mostrar um lindo sonho azul, como vinha lhe prometendo, desde que se conheceram. Rosália curiosa e ansiosa pela surpresa, nada estranhou e deixou que ele fizesse sua vontade, caminharam, com ele direcionando delicadamente seus passos, chegando ao lugar que ele planejara, ele  a pegou no colo, desceu uma espécie de degrau e a depositou suavemente, no que pareceu a ela, ser um macio leito, pois tinha uma almofada fofa sob sua cabeça.

André disse suavemente, agora minha querida esposa, você terá para sempre, lindos sonhos azuis, fechou o caixão de vidro azul transparente, e ficou vendo ela se debater, observando tranquilamente, até que ela, desse seu último suspiro. Calmamente selou com terra o túmulo azul, com toda paciência do mundo, deixou o lugar quase igual ao que se avistava ao redor. Sob a luz do luar, entrou no carro em cuja mala já tinha colocado todas as jóias de Rosália e de sua finada mãe e a procuração de plenos poderes passada para ele, por Rosália, após a morte do pai, que ele mesmo tratara de envenenar devagarinho, por meses. Todo o dinheiro da família, já estava em uma conta só sua, ligou o carro e  partiu da cidade para nunca mais voltar

Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 06 de novembro de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 06/11/2015
Reeditado em 07/11/2015
Código do texto: T5440377
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