Seção 1
Era fim de tarde, umas 17 horas e 45 minutos. Ainda fazia um sol forte lá fora. Um tom alaranjado cobria o local.
Lucia, a empregada corpulenta, já foi embora.
Por 15 minutos inteiros Julian ficou sozinho naquela grande casa. O tédio o abatia.
18 horas. Ana chega. A casa está completamente silenciosa. Na sala, encontra apenas a televisão ligada.
Achando estranho, continua andando pelo corredor. Sente um forte arrepio tomar-lhe o corpo todo.
Sobe as escadas. Ninguém.
Continua até o fim do novo corredor, uma luz forte pode ser vista na sala de projeções.
Ao chegar, vê Julian no canto da sala. Alívio.
– A Lúcia já foi?
– Si mama. Ela ia na igreja.
– Ah, a igreja! – Pensou alto –. Quanta falta de responsabilidade.
Ana se aproximou do filho que continuava virado para a parede.
De súbito, Julian vira. Ana cai.
Só agora ela se dá conta estar pisando em um líquido viscoso e de um vermelho muito forte.
Sangue. Ana vê um objeto cortante na mão direita de seu filho.
Em um impulso materno, toma de suas mãozinhas. Pega o filho nos braços; Não sem antes olhar para trás. Vê seu gato ‘Blue’. A barriga estava aberta, as vísceras todas no chão. Exalava um forte cheiro de ferrugem.
Ao levar o menino no banheiro, se depara com marcas de mãos por toda parede. Uma cena grotesca parece ter ocorrido ali.
Exatamente neste momento, a cabeça do seu cachorro Bobby flutua na banheira com a água mais vermelha que Ana já viu.