Relações Assassinas - Episódio 5 (REVIRAVOLTA)
"ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO COLETIVA BASEADA NA LIVRE CRIAÇÃO ARTÍSTICA E SEM COMPROMISSO COM A REALIDADE"
Jack andava de um lado a outro na recepção do hospital, o que assustava o garoto Sammy, que nunca vira o tio se portar de maneira tão ansiosa. Parecia que as horas não passavam e a falta de noticias da situação de Stella e do paradeiro de Ralph provocava ainda mais arrepios nos dois.
- Por que o Roger não retorna as ligações? – perguntou Sammy levantando-se enfim.
- Não deve ter notícias de Richard ainda! – respondeu o tio indo em direção à enorme janela de vidro que revelava uma avenida escura, iluminada apenas pelos faróis dos veículos.
- Tio Jack! – disse o menino ao seu lado – Me promete que nada vai acontecer à tia Stella e ao meu irmão? Não quero perder mais ninguém . . .
O homem envolveu o garoto em um abraço fraternal enquanto o menino deixava derramar lágrimas de tristeza e ansiedade.
Os dois permaneceram abraçados por um tempo até escutarem alguns passos e se depararem com Roger logo na entrada da recepção.
- Infelizmente ainda não descobri nenhum sinal de Richard! – disse assentando-se em uma poltrona – Tenho homens atrás do desgraçado!
- Bom . . . acho que vou passar na casa de vocês! – disse Jack virando-se para Sammy – Preciso pegar algumas roupas para sua tia e para você também!
O garoto assentiu com a cabeça e o tio saiu do local deixando os dois imóveis e mudos esperando por uma informação dos médicos e dos homens de Roger.
Elliot andava de um lado a outro no casebre de beira de estrada onde Richard havia parado seu carro. Uma chuva fina começava a cair fazendo com que a tensão do homem aumentasse ainda mais.
- Temos que acordar esse menino agora! – falava o homem.
- Deixe-o desacordado! – respondeu Richard das sombras do casebre.
Eles caminharam até um colchão rasgado e mal cheiroso onde Ralph se encontrava esticado.
- Estamos perdendo muito tempo!-disse Elliot novamente.
Richard permaneceu pensativo por um tempo até responder:
- Preciso do jornalista!
- O que? Mas para que . . . ?
- Hoje meu amigo . . . será o dia em que resolveremos todos os nossos problemas!
Jack havia acabado de entrar na mansão Venner, parecia perdido com todos os acontecimentos. Seu coração apertou-se ainda mais quando viu a mansão ainda com toda a bagunça da festa de aniversário dos meninos, sentia vontade de chorar quando lembrava de que todos estavam em um clima descontraído e que, de repente, tudo havia virado um pesadelo.
O homem caminhava em direção à escada quando percebeu uma porta entreaberta, achou estranho aquele pequeno cômodo existir.
“Nunca me contaram sobre ele!” pensou.
Ele empurrou a porta e procurou um interruptor pelas paredes em volta da porta, até que conseguiu acender a luz.
- Mas que porra é essa? – perguntou aterrorizado diante de todas as fotos de crianças e reportagens sobre sequestro.
Jack sentia as pernas tremerem a cada foto que analisava e a cada reportagem que lia, todas aquelas informações começavam a se encaixar cada vez mais.
- Então é você quem está por trás destes sequestros, Richard! Seu grande desgraçado! – rosnou para si mesmo.
Seus olhos voltaram-se para as fotos de Sammy e Ralph.
Não sabia o que fazer, queria gritar e correr ao mesmo tempo, mas também queria pegar Richard, tinha de matá-lo, e da pior maneira possível.
- Agora tudo faz sentido! – disse – Meu irmão não morreu ao acaso . . . Richard o matou, e agora quer os meninos!
Como em um insight lembrou-se do cartão de um mecânico onde seu irmão lavara o carro da última vez, com o cartão na mão, sabia sua próxima parada para salvar Ralph.
Ralph escutava sussurros cada vez mais altos, sabia que não estava sonhando porém tinha medo de abrir os olhos e descobrir algo sinistro e macabro, principalmente quando um dos donos das vozes que escutava era Richard.
“Oh meu Deus, o que aconteceu? Onde deve estar meu irmão?” pensava desesperado, quando de repente, resolveu abrir os olhos.
Viu-se deitado em um colchão completamente mal cheiroso, as paredes que o cercavam estavam sujas e marcadas de infiltração. A única fonte de luz era de uma lamparina que o comparsa de Richard segurava.
- O que você pretende fazer? – perguntou o menino assentando-se.
- Fique quieto, preciso pensar! – rosnou Richard, estava assentado em uma cadeira de madeira comida pelas traças.
- Você quer me matar não é? E depois ao meu irmão!
O homem continuou calado.
- Pois saiba que meu irmão vai contar agora para todo mundo quem você é, contará tudo o que sabemos!
Richard arregalou e levantou-se rapidamente da cadeira.
- O que você disse?? – gritou. – O que acha que sabe garoto?
- Isso mesmo que você ouviu! – gritava Ralph – Vimos você matar um cara na garagem de casa!
Richard parecia tenso e irritado, Ralph virou seu olhar para Elliot que parecia prestes a vomitar diante de tudo o que escutara. - Em pouco tempo a polícia vai estar atrás de você, tendo me matado ou não! – continuou o menino.
Richard ficou vermelho.
- Crianças tolas vocês são!! – gritou. – Não sabem no problema que estão se metendo!
- O que quer dizer com isso. . . seu assassino???
Richard enrubesceu ainda mais.
- Elliot! – chamou com a voz voltando ao normal novamente.
Elliot avançou prontamente em direção ao companheiro.
- Leve o menino para o carro! – disse – Temos que voltar a Campville, preciso achar um certo jornalista chamado Jack Saymond!
Sammy e Roger haviam levantado-se simultaneamente da poltrona quando viram o médico caminhar em direção a eles.
- Doutor, como Stella está? – perguntou Roger – Irá ficar bem?
- Não deixe ela morrer doutor, por favor! – disse Sammy.
- Fiquem tranquilos – respondeu o médico serenamente – A bala não perfurou nenhum órgão vital, ela está fora de perigo, a única coisa que fizemos foi retirar a bala!
Sammy e Roger se entreolharam aliviados, parecia que um enorme peso tinha sido retirado das costas do garoto naquele momento.
- A paciente está descansando agora, recomendo fazerem o mesmo!- disse o médico afastando-se.
- Sam, vou te levar para casa! –disse Roger – Vamos tomar um banho e depois voltaremos para ver sua tia!
Os dois caminhavam em direção ao estacionamento quando Roger recebeu uma ligação de Jack no celular.
- Jack, o que foi?
- Descobri toda a verdade sobre Richard! – disse desesperado.
- Jack, fique calmo! Do que está falando?
- Foi ele quem sequestrou todas aquelas crianças. . . ele matou o próprio filho e agora quer os meninos!
Roger parou estático ao lado do carro, sentia-se pálido e febril ao ouvir tudo aquilo.
- Já sei onde conseguir informações sobre tudo, proteja o Sam! – disse Jack por fim, desligando o telefone.
A oficina parecia que acabara de fechar quando Jack Saymond estacionou seu carro em frente ao portão com tintas já descascadas.
- Terão que me atender! –disse para si mesmo dando fortes batidas no portão.
Cinco minutos se passaram e Jack ouviu passos no interior do estabelecimento e o barulho em seguida do portão sendo aberto, revelando um homem baixo e gordo, com as roupas ainda sujas de graxa e a barba por fazer.
- Boa noite, meu nome é Jack Saymond – disse – Preciso muito de sua ajuda!
- Sinto muito, já estou fechado! – ia respondendo com as mãos no portão novamente.
- Preciso saber sobre um cliente seu, Richard Venner!
O homem pareceu petrificar-se ao ouvir.
- Venner . . . – repetiu o sobrenome.
Ele deu espaço por fim e Jack entrou.
- Meu irmão e minha cunhada estiveram aqui, na sua oficina! – disse Jack – Não sei se está sabendo do caso, do acidente!
- Essa oficina era do Lacaio e não minha . . . mas ele . . . – respondeu – Bem . . . ele morreu . . . foi assassinado!
Jack percebia que o homem da oficina ficava cada vez mais ansioso com sua presença.
- Olha moço, eu tenho uma família para sustentar, não posso simplesmente me envolver em uma roubada sem nem ao menos ter participado dela.
- Escute, senhor, isso é muito importante, o que aconteceu aqui foi um crime e envolve algo muito maior . . . me ajude por favor!
O homem suspirou fundo e encostou-se na pilastra suja.
- O Lacaio recebeu certa vez uma grande quantia em dinheiro, precisava fazer um serviço! – disse acendendo um cigarro de palha – Foi avisado de que receberia aqui alguém para arrumar uma parte do carro que estava com defeito.
- Esse alguém . . . meu irmão!
- Sim, sim! – respondeu o outro impaciente – De qualquer maneira, o Lacaio tinha sido pago para destruir o sistema de freios do carro de seu irmão . . .
Jack tremia dos pés à cabeça.
- Seja lá o que tenham dito a você é mentira, o que ocorreu na estrada com seu irmão não foi uma simples perda de controle do veículo, foi assassinato! E o Lacaio estava envolvido nisso até o pescoço também, tinham fechado de que ele iria sequestrar uns tais de Sammy e Ralph . . .
- Escute! – interrompeu – o já com vontade de vomitar – Você deve ter alguma prova de que esse homem filho da mãe esteve aqui, e pagou por esse serviço.
- Bem se nota que você está completamente por fora das coisas não é? – disse o mecânico cuspindo uma grossa crosta de tabaco – Não havia homem algum pagando pelo serviço!
Jack olhou-o sem entender.
- Ao contrário! – Continuou o mecânico - Era uma mulher . . . me esqueci o nome agora . . . Ah sim! Stella que ela se chamava!
- Mas o que. . . ? – gaguejava Jack quando sentiu seu celular vibrando, tentou segurá-lo com firmeza, mas tremia demais para faze-lo com apenas uma das mãos. Com muito custo, atendeu a ligação.
- Jack Saymond? – perguntou a voz de uma mulher do outro lado da linha.
- O que foi?
- Meu nome é Jaclyn, falo da gerência do Hospital St. Johanne. – disse – Não sabemos como lhe dizer isso . . . Mas sua amiga Stella Venner . . . desapareceu!
Em um ato involuntário, Jack correu até seu carro, quando sentiu alguém atrás de si, ele se virou e viu a silhueta de Richard e, ao lado dele, Ralph e Elliot.
- Agora que já descobriu parte da história. . . acho que vai querer minha ajuda para pegar este demônio que é minha esposa! – disse Richard.
Apesar de o mundo parecer revirar na cabeça de Jack, ele começava a entender as coisas . . .
CONTINUA . . .