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Três Mulheres Silenciosas (EC)
 
Elas acordaram fora de hora, pensaram. As duas irmãs. Uma delas se levantou e puxou a cortina
 para olhar para fora. Sim, não era hora ainda, estava tudo escuro. Algo porém a perturbou,
 mostrou isso olhando de volta para a irmã, que também se levantou para olhar. As duas se
interrogaram, sem perguntas, sem respostas. Automaticamente começaram a se prepararem
 para sair, como sempre faziam, duas horas mais tarde. Hoje sairiam da rotina, era
preciso investigar, confirmar, era muito cedo e ao mesmo tempo muito tarde para que a
luz da Sacristia estivesse acesa. Atravessaram a rua e cuidando dos passos, para que ninguém
 os ouvisse. Já estavam chegando quando uma sombra, tão cuidadosa como elas,
 apareceu na porta. Reconheceram-se, as três irmãs. A terceira irmã ficou parada na porta,
 as duas se aproximaram e olharam para dentro. Deitado no chão, de costas,as pernas dobradas
 para trás,  um jorro de sangue manchara a camisa branca e rolara para o tapete. Uma faca se
 afundava no lugar do coração. A primeira irmã tomara a terceira pelo braço e saíram dali.
 A segunda entrara por um momento e se apossara da faca. Havia reconhecido, fazia parte
do velho faqueiro materno, presente de casamento para a filha caçula que acabara de se casar
 com o promissor político. As três se dirigiram para suas casas, silenciosamente, como
 se pairassem  no ar. Quase duas horas mais tarde as duas irmãs tornaram a se levantar.
 Era hora de se dirigirem à Missa. O padre as esperava para abrirem a Igreja e começarem
 mais um dia de fervor. Três mulheres, só três mulheres.  sabiam que nessa manhã  o dobre dos
sinos não  chamariam para a Missa, mas sim para anunciar uma morte.
 
Este texto faz parte do desafio Três Mulheres e Um Segredo, proposto pela Vany.
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