UMA NOITE EM UM BAR( parte 01/03)

Era um velho e pequeno bar. A cidade mais próxima não existia, ficava muito distante de qualquer tipo de civilização. A estrada que passava ao lado servia para atravessar o estado, porém há mais de 15 anos o governo construiu outra rodovia e essa estrada deixou de ser usada. Nas intermediações do bar existia apenas o deserto e nada mais. O bar estava ali, isolado do resto do mundo. Do lado de fora uma placa: Sutól’s Bar. Por Dentro parecia com aqueles antigos bares dos desertos californianos; algumas mesas, cadeiras, uma antiga jukebox, um balcão com três tamboretes e algumas bebidas.

Inacreditavelmente havia um cliente, era um velho e estava em umas das mesas na qual repousava uma garrafa de rum e um copo cheio, intocado. Ele estava fumando. O garçom, que parecia ser o dono do bar e que certamente deveria dormir em algum quarto nos fundos, estava em pé logo atrás do balcão. Ele olhava carinhosamente para o retrato de uma mulher que estava pendurado acima da porta de entrada.

O relógio marcava 22:30 estava bastante frio, apesar disso não se ouvia nenhum som de vento. Quebrando o agonizante silêncio, um homem entra ofegante pela porta, suas roupas estavam rasgadas e cobertas de sangue. Ele vai até o balcão e senta-se em um dos tamboretes. Depois de dez minutos ele fala:

- O senhor poderia me trazer uma cerveja?

O garçom pega uma na estante, abre e despeja no copo. O misterioso homem toma num só gole. Logo em seguida o garçom enche novamente e ele toma. O relógio agora marcava 22:50:

- Eu pensei que provavelmente encontraria o nada aqui e pra minha surpresa encontrei um bar!

O garçom encarou-o por um momento, mas logo continuou a observar o retrato da mulher. O homem levanta e vai até a jukebox:

- Vamos ver se isso ainda funciona.

Após ligar a máquina ele tenta escolher uma música, porém, não conhecia nenhuma canção ou interprete da lista de opções.

- Você precisa trocar o repertório da sua máquina!

Exclamou o homem para o garçom e então aleatoriamente escolheu uma música.

- Espero que o senhor não se incomode.

Disse ele ao velho que estava fumando, mas o mesmo nada respondeu. Então a música escolhida começa a tocar, era uma voz feminina e dizia:

Guerra!

Guerra!

Guerra!

Palavra que encerra, dentro de mim

O medo do fim, vim pra matar

Matar pra acabar...

Com todo o amor, com todo o calor

Que ainda há no mundo, apesar de imundo

Imundo porque, fazem você, chorar do que vê...

Durante a canção o homem olhou para suas mãos e começou a chorar, em seguida sentou-se no chão enquanto a música continuava:

Paz, eu sei não há mais, mas tento esquecer

Que vamos morrer, morrer muito cedo

Por causa do medo...

Por causa de loucos, que eu sei não são poucos

Que querem assim, pra todos o fim

Por meio da guerra, fazendo varrer

Da face da terra, tudo que existe

Paz!

Paz!

Paz!

Eu sei não há mais, mas tento esquecer

Que vamos morrer, morrer muito cedo

Por causa do medo...

Por causa de loucos, que eu sei não há poucos

Que querem assim, pra todos o fim

Por meio da guerra, fazendo varrer da face da terra...

Tudo que existe, meu Deus vai ser triste

Tudo que existe, meu Deus vai ser triste

Paz!

Paz!

Paz!

O homem fica em pé, desliga a caixa de música, volta para o balcão e pede uma dose de uísque. Exatamente ás 23:15 o velho, que estava sentado numa das mesas, levanta, deixa algumas moedas e vai embora. O garçom pega o dinheiro, põe no bolso e em seguida despeja dentro da garrafa toda a bebida que estava no copo que o velho sequer havia tocado.

Depois da terceira dose, o homem vai até o banheiro e acende uma luz. Ao ver sua face refletida no espelho, ele fecha os olhos por 5 segundos... Não só sua roupa como também seus braços, cabelos e rosto estavam cobertos de sangue. Ele liga a torneira, limpa sua face, molha o cabelo e então volta para o balcão.

Eram aproximadamente 23:58. Quando o som do vento invade o bar, o garçom olha para o relógio e rapidamente fecha a porta de entrada usando um enorme cadeado e corrente, apaga todas as luzes do estabelecimento e diz para o misterioso homem no balcão:

- Não fale nada e não se movimente!

Os dois permaneceram lá, em silêncio. O vento estava cada vez mais alto e forte, ouvia-se a placa do bar batendo contra a parede. O homem olha através das janelas de vidro do outro lado do salão e, apesar da fraca iluminação do poste de luz, vê de relance uma criança loira, branca e nua. Depois de mais dez minutos o vento torna-se cada vez mais fraco a ponto de não mais ter forças para balançar a placa. O garçom acende as luzes e abre a porta. O silêncio perturbador novamente toma conta do local.

O enigmático homem observa o garçom admirando o retrato de uma mulher na parede:

- Quem é que tira sua concentração? - Pergunta o homem

- O nome dela era Lótus. - Responde o garçom.

Eram 01:10 da madrugada quando o homem e o garçom assustam-se com o som de um carro passando em alta velocidade. Após trinta minutos alguém abre a porta do bar e entra. Era uma mulher, parecia ter saído de um desses filmes antigos de Hollywood, loira, usava um vestido longo, vermelho e com brilhantes, seus pulsos estavam feridos e com marcas de cordas. O homem, que já estava na sexta dose, olha para a elegante mulher de vermelho por um breve momento, mas depois se concentra no fundo do copo de uísque. Ela senta na mesma mesa que foi ocupada pelo velho e em seguida o garçom, como se soubesse o que ela ia pedir, leva uma garrafa de vodca coloca na mesa e enche seu copo. Ela pega um cigarro de sua pequena bolsa, acende e fica lá sem tocar no copo cheio de bebida.

O relógio marcava 02:20, ainda estava muito escuro. O garçom continuava olhando a foto da parede, a mulher estava em seu quarto cigarro e o homem, depois de sua sétima dose de uísque, levanta-se, tira duas cédulas amassadas do bolso e coloca no balcão:

-Isso deve pagar, é tudo que tenho. Ele passa cambaleando pela porta e desaparece na escuridão do deserto.

FIM (2007)

OBS: esse conto está dividido em três partes, na segunda contarei o que aconteceu ,antes e depois da mulher de vermelho ter entrado no bar, farei algumas revelações sobre quem era o homem misterioso, em breve postarei a segunda parte, abraços!

Edwardo Andrade
Enviado por Edwardo Andrade em 24/05/2012
Reeditado em 27/05/2012
Código do texto: T3686403
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