A Noiva de Preto

Era um lindo dia de casamento, a igreja toda decorada em branco anunciando paz e felicidade, os convidados sorridentes, ansiosos pela grande festa no final da cerimônia, o piano soava a linda melodia, as famílias dos noivos demonstram emoção em suas lágrimas rolando ao chão. O esposo, á espera de sua donzela inquieto balança a perna direita sem parar. Eis que surge ela, a noiva. Todos pararam diante daquela cena, era horrenda, assustadora, porém tentadora. Ela estava trajada com um vestido de véu e grinalda negro, todo revestido de pedras e purpurinas negras. Até o piano se cessou ao ver a moça entrando na igreja, junto com ela, carregava um buque de orquídeas negras, sua face era triste, sua maquiagem obscura estava escorrendo em lágrimas borradas, na sua pele branca como a neve. Não se ouvia uma palavra, somente suspiros, ela ia caminhando ao meio da igreja em passos lentos. E aos poucos o pianista volta com a melodia. Ninguém levantou ambos indignados com o acontecimento, o noivo sem entender permanecia pasmo.

- Estamos aqui mais um dia para unir este casal. – O padre mencionou gaguejando quebrando o silencio.

O padre ia dizendo todo aquele “blá-blá-blá”, mas as atenções continuavam na noiva de preto. Sua grinalda era enorme, e o vestido todo revestido em pedras. Eis que surge a pergunta clichê de novelas

- Tem alguém que seja contra esse casamento? Fale agora, ou cale-se para sempre.

A noiva se virou para a grande igreja, todos a encaravam sem entender, e ela permanecia olhando fixamente para a grande porta ansiosamente, como se esperasse alguém, os olhos até transbordavam desejo.

- Pois bem, eu vos declaro marido e mulher pode beijar a noiva. – diz o padre terminando a estranha cerimônia.

Nisso, a mulher abre sua mão esquerda, e nela há duas cápsulas de remédio, ela levanta o seu véu, e toma os ingere. Então corre para o centro da igreja

- Hora de jogar o buquê. – diz a noiva com a voz trêmula e chorosa.

Ao jogar o buquê para trás, a moça cai ao chão morta em meio ao grande vestido negro. O buque de orquídeas ficou caído no chão imove da grande igreja que clamava explicação. O noivo corre o grande corredor e vai ao encontro da moça que já estava pálida, e pega o buque que carregava um bilhete

“De que me adianta casar sem a felicidade. Prefiro morrer por amor com minha dignidade, ao me sentir como uma prostituta casando com um homem para manter um nome de familia que eu não amo e viver infeliz vivendo de máscaras.”

E sem ninguém perceber, na ultima fileira, do ultimo banco perto da porta da grande igreja, se levanta um homem, chorando em desespero, porém em silêncio, pois não queria ser notado, e retira de seu bolso, a foto da bela noiva de negro apertando forte em seu coração.

J J Valentino
Enviado por J J Valentino em 18/04/2012
Reeditado em 27/06/2012
Código do texto: T3619375