Quinquagésimo primeiro andar
Quinquagésimo primeiro andar
Jorge Linhaça
Já debruço-me sobre a amurada
desta janela tão longe no ar
quinquagésimo primeiro, o andar,
Longo percurso subindo a escada
Vejo o povo andando em manada
qual um cardume de peixes no mar
Seguindo iscas pra se enredar
almas perdidas na encruzilhada
Aqui do alto tudo é tão pequeno
Vejo à distância as suas agruras
Que cá de cima parecem tão nuas
Do parapeito eu grito e aceno
tento salvar as almas mais puras
Mas já se espalha o meu sangue nas ruas
Salvador, 4 de fevereiro de 2012