O FARSANTE


Capítulo I



São Luís do Maranhão – Século XIX



Em São Luís havia um próspero comerciante português, um tipo esdrúxulo, rude e um tanto sovina. Chamava-se Pedro Eleutério Batista, mas era conhecido nas redondezas como Batistão, devido ao seu porte físico avantajado.
Se por um lado, Batistão trajava-se sem esmero, usando roupas surradas para economizar seu dinheiro, sua esposa e filhas gastavam aos borbotões, entre roupas, sapatos, chapéus, bolsas, jóias e tudo o que mais lhes aprouvessem...
Eram esnobes, mal educadas, preconceituosas e muito caprichosas. Bernarda, sua esposa, uma mulher de caráter duvidoso, passava horas à frente do espelho e orgulhava-se por suscitar paixões nos rapazotes da capital; Alice, a filha mais velha, era totalmente desprovida de beleza e diga-se de passagem, só casara por causa do alto dote oferecido pelo pai. Seu marido era um paspalho, totalmente submisso às suas vontades; Margarida, a filha do meio, superava a mãe nas vilanias; Catarina, a filha mais jovem, era belíssima, mas vivia a dar chiliques, além de ser muito estúpida.
Em uma daquelas tardes quentes do mês de agosto, alguém chamou à porta batendo palmas.
_Ô de casa! Chamou em voz alta.
Logo apareceu uma negrinha espevitada de olhar matreiro, surpresa com aquela visita fora de hora.
_Pois não, meu sinhô! Falou entre maliciosa e curiosa.
_Boa tarde! Aqui é a residência do Sr. Pedro Batista? Perguntou o rapaz.
_É sim sinhô... Peraí que vô chamá! Respondeu Zezé, a cria de D. Bernarda, sumindo no longo corredor da casa.
Batistão apareceu logo em seguida, muito gordo, suado e com a respiração entrecortada.
_Pois não! O que desejas meu rapaz?
_Venho da parte de Luzia Batista. Veja, trouxe esta carta.
Após ler a missiva, Batista fica rubro e muito emocionado ao reconhecer a letra da irmã mais velha...
_Entre, rapaz! Quer dizer então que tu és meu sobrinho!
_Sou sim, tio! Meu nome é Rodolfo Batista Oliveira, filho único de sua irmã! Respondeu, fingindo emoção.
_Mas, o que fazes aqui? Aconteceu algo? Nesta carta ela diz que quer que eu te acolha aqui em minha casa... Fale logo, homem! Gritou o comerciante, transtornado.
_Ela faleceu, tio! Ao adoecer, escreveu essa carta e pediu-me que viesse aqui, para aprender um ofício com o senhor. Falou Rodolfo com voz trêmula.

Batistão comove-se com a triste história contada pelo sobrinho e o convida para ficar em sua casa, mesmo sabendo que compraria uma tremenda briga com a esposa. O que ele não sabia e sequer imaginava é que Rodolfo era um biltre, um sedutor, um canalha da pior espécie...



Continua... (Ainda sem data definida... rsrsrs)