ENCONTRO LITERÁRIO...
Aquela tarde quente e abafada de sexta-feira em pleno mês de agosto não me inspirava grandes perspectivas. Ainda assim, liguei a televisão e mudei de canal diversas vezes como que a esperar por um milagre, pois a única coisa que se poderia assistir na tevê aberta eram programas sensacionalistas e filmes mil vezes repetidos... De repente em um canal pouco assistido pela maioria das pessoas, num programa de entrevistas ligado à cultura o apresentador anuncia um encontro de escritores com oficinas, debates e entrevistas com famosos editores.
Não sei precisar se foi coincidência ou golpe do destino, mas esse encontro aconteceria num teatro localizado a uns vinte minutos da minha casa...
Fui atraída até aquele local como se uma força sobrenatural me arrastasse sem que eu pudesse reagir!
Ao chegar lá, um homem terrivelmente pálido conduziu-me até o auditório principal, onde fui informada que deveria aguardar o início dos debates.
Percebi que havia sido a primeira pessoa a chegar e um arrepio percorreu meu corpo ao inalar um estranho odor que exalava no ar.
Caminhei na direção oposta à porta que havia entrado e ouvi algumas vozes que pareciam vir de uma sala contígua ao auditório. Ao erguer o braço para bater na porta, esta se abriu abruptamente e um homem muito alto e corpulento encarou-me de maneira estranha... Perguntou-me com uma voz que soou falsa se eu estava ali por causa do encontro literário e eu, intimidada pelo seu olhar penetrante apenas assenti com a cabeça. Fomos interrompidos por uma mulher alta, muito magra, com longos cabelos negros e ar lúgubre que se apresentou como sendo Lucrécia, a patrocinadora do evento e ele, conforme eu soube a seguir chamava-se Arnon, um famoso escritor de contos de terror.
Logo em seguida outros escritores foram chegando, e conforme eu pude constatar todos possuíam aquele aspecto funéreo. Apenas duas pessoas pareciam normais: Eu, Nina de Albuquerque, e um rapaz muito simpático e de aspecto jovial que se apresentou a mim como Pedro Guimarães.
Instantes depois, Lucrécia subiu ao palco e convocou um homem baixo, calvo, com uma protuberante corcunda e grandes olhos saltados a quem ela chamou de Bóris. Os dois então começaram um tétrico ritual que consistia na retirada das vísceras de um sapo ainda vivo...
Muito assustados com aquilo, eu e Pedro levantamos quase que simultaneamente e já íamos nos retirar quando fomos impedidos por Arnon que obrigou-nos a permanecer sentados!
Lucrécia e Bóris deram continuidade àquele espetáculo macabro dançando e proferindo palavras que pareciam ser um dialeto africano ancestral!
Num segundo, todos estavam em transe, então conseguimos levantar e correndo feito dois loucos, chegamos até a saída do prédio e deparamos com Martim, o homem pálido que havia me conduzido até o auditório. Ele estava apavorado e perguntou-nos como conseguimos escapar. Explicamos tudo e o interrogamos sobre aquele sinistro ritual que havíamos presenciado. Após hesitar por um instante, respondeu-nos que Lucrécia, Bóris e Arnon faziam parte de uma seita satânica que recrutava escritores de histórias de terror do mundo inteiro. Após a iniciação, todos conseguiam ficar muito ricos e famosos, mas teriam que pagar um alto preço: A alma seria dada ao demônio em troca de dinheiro, fama e poder!
Já se passaram treze anos desde então. Eu e Pedro nos casamos e somos muito felizes, embora não tenhamos tido filhos.
Há algum tempo venho observando que nossa pele adquiriu uma tonalidade pálida e ficamos muito sensíveis à luz do sol.
Ah, esqueci de dizer que somos escritores famosos, ganhamos muito dinheiro e moramos numa linda mansão! Sobre o que escrevemos? Contos de terror...
Escrevi este conto há uns dois meses, sem qualquer pretensão, foi apenas um desafio proposto por meu filho, André (The Horse) e para minha surpresa acabou sendo selecionado para a Antologia de Contos da Academia Brasileira de Jovens Escritores. Particularmente, não gosto de escrevê-los... Falta-me paciência!
Aquela tarde quente e abafada de sexta-feira em pleno mês de agosto não me inspirava grandes perspectivas. Ainda assim, liguei a televisão e mudei de canal diversas vezes como que a esperar por um milagre, pois a única coisa que se poderia assistir na tevê aberta eram programas sensacionalistas e filmes mil vezes repetidos... De repente em um canal pouco assistido pela maioria das pessoas, num programa de entrevistas ligado à cultura o apresentador anuncia um encontro de escritores com oficinas, debates e entrevistas com famosos editores.
Não sei precisar se foi coincidência ou golpe do destino, mas esse encontro aconteceria num teatro localizado a uns vinte minutos da minha casa...
Fui atraída até aquele local como se uma força sobrenatural me arrastasse sem que eu pudesse reagir!
Ao chegar lá, um homem terrivelmente pálido conduziu-me até o auditório principal, onde fui informada que deveria aguardar o início dos debates.
Percebi que havia sido a primeira pessoa a chegar e um arrepio percorreu meu corpo ao inalar um estranho odor que exalava no ar.
Caminhei na direção oposta à porta que havia entrado e ouvi algumas vozes que pareciam vir de uma sala contígua ao auditório. Ao erguer o braço para bater na porta, esta se abriu abruptamente e um homem muito alto e corpulento encarou-me de maneira estranha... Perguntou-me com uma voz que soou falsa se eu estava ali por causa do encontro literário e eu, intimidada pelo seu olhar penetrante apenas assenti com a cabeça. Fomos interrompidos por uma mulher alta, muito magra, com longos cabelos negros e ar lúgubre que se apresentou como sendo Lucrécia, a patrocinadora do evento e ele, conforme eu soube a seguir chamava-se Arnon, um famoso escritor de contos de terror.
Logo em seguida outros escritores foram chegando, e conforme eu pude constatar todos possuíam aquele aspecto funéreo. Apenas duas pessoas pareciam normais: Eu, Nina de Albuquerque, e um rapaz muito simpático e de aspecto jovial que se apresentou a mim como Pedro Guimarães.
Instantes depois, Lucrécia subiu ao palco e convocou um homem baixo, calvo, com uma protuberante corcunda e grandes olhos saltados a quem ela chamou de Bóris. Os dois então começaram um tétrico ritual que consistia na retirada das vísceras de um sapo ainda vivo...
Muito assustados com aquilo, eu e Pedro levantamos quase que simultaneamente e já íamos nos retirar quando fomos impedidos por Arnon que obrigou-nos a permanecer sentados!
Lucrécia e Bóris deram continuidade àquele espetáculo macabro dançando e proferindo palavras que pareciam ser um dialeto africano ancestral!
Num segundo, todos estavam em transe, então conseguimos levantar e correndo feito dois loucos, chegamos até a saída do prédio e deparamos com Martim, o homem pálido que havia me conduzido até o auditório. Ele estava apavorado e perguntou-nos como conseguimos escapar. Explicamos tudo e o interrogamos sobre aquele sinistro ritual que havíamos presenciado. Após hesitar por um instante, respondeu-nos que Lucrécia, Bóris e Arnon faziam parte de uma seita satânica que recrutava escritores de histórias de terror do mundo inteiro. Após a iniciação, todos conseguiam ficar muito ricos e famosos, mas teriam que pagar um alto preço: A alma seria dada ao demônio em troca de dinheiro, fama e poder!
Já se passaram treze anos desde então. Eu e Pedro nos casamos e somos muito felizes, embora não tenhamos tido filhos.
Há algum tempo venho observando que nossa pele adquiriu uma tonalidade pálida e ficamos muito sensíveis à luz do sol.
Ah, esqueci de dizer que somos escritores famosos, ganhamos muito dinheiro e moramos numa linda mansão! Sobre o que escrevemos? Contos de terror...
Escrevi este conto há uns dois meses, sem qualquer pretensão, foi apenas um desafio proposto por meu filho, André (The Horse) e para minha surpresa acabou sendo selecionado para a Antologia de Contos da Academia Brasileira de Jovens Escritores. Particularmente, não gosto de escrevê-los... Falta-me paciência!