O estranho

Patrícia, de 17 anos, estava em casa com seu irmão de sete anos, Pedro. Sua mãe tinha ido a uma formatura de uma colega de trabalho. Provavelmente iria voltar só de madrugada. A garota e o guri não quiseram ir, ficando assim, em casa. O casarão era enorme. Tinha uma sala grande, onde atrás ficava uma porta-janela que dava para uma churrasqueira, interna, e uma mesa grande. Do lado ficava a cozinha e mais a frente era um escritório, onde ficava o computador e mais alguns livros em estantes. O andar de cima continha os quartos. Mas era no escritório que se encontrava a garota, navegando na internet. Seu irmão estava na sala vendo desenho. Já passava das 22h. A voz irritante do Bob esponja, que vinha da sala, fez Patrícia encostar a porta. Como ela odiava esses desenhos! Continuou a mexer no computador. De manhã, tinha saído com sua amiga para fazer compras. Ela tinha falado de um site em que o internauta falava com pessoas do mundo inteiro, mas com um detalhe: No “nick” só classificavam as pessoas como “Você” e “Estranho”. Para saber informações sobre o tal, precisava perguntar; mas quase nunca falavam a verdade. Ela digitou o endereço. Na pagina inicial dizia: “Começar chat”. Ela clicou e automaticamente apareceu o nick “Estranho” dizendo: “Oi”. Ela digitou “Oi” e perguntou de onde ele falava. Ele disse que falava da Espanha e depois perguntou se ela era uma mulher. Respondeu que sim. A pergunta que veio a seguir foi “Você gosta de pênis?”. Ela desconectou.

-Bando de pervertidos – murmurou.

Iniciou um novo Chat. O “estranho” foi legal com ela. Disse que falava da Califórnia e que estava fazendo um estágio em uma revista local. Os dois estavam se dando bem. A porta se abriu. Era Pedro. Queria que ela o levasse para o seu quarto. Tinha medo do escuro e queria que ela acendesse as luzes para ele. Justo agora que estou em um papo interessantíssimo! Foi lá para cima com o guri que botou o pijama e se deitou. Quando Patrícia desceu o garoto tinha se desconectado.

-Que droga!

Foi a cozinha, pegar algo para comer. Depois desligou a tv e a luz da sala. Voltou ao computador. Começou um novo Chat. Isso vicia! O “estranho” falou Oi, ela disse Oi também e perguntou de onde falava. Em vez de responder ele botou a seguinte frase: Você é muito bonita, sabia? Patrícia teve que rir. Respondeu: Você nem me conhece. Como você sabe? Eu posso se um homem ( falou brincando). A frase a seguir foi: Mas você não é um homem. Ela escreveu: Como você sabe? Se assustou com a resposta. “Porque estou te vendo, estou na sua casa”. Por impulso ela olhou para a porta entreaberta, onde não se via nada, a escuridão da sala era total. Ela ia dizer para ele parar de falar besteiras, mas ele já tinha posto a seguinte frase: Seus cabelos loiros são muito bonitos. Ela gelou! Passou a mão pelos cabelos. ELE SABE! MAS.. Escreveu rapidamente: Pare com essa brincadeira! Ele escreveu: Quer uma prova de que eu esteja ai? Um barulho de algo quebrando ecoou na escuridão. Patrícia soltou um grito abafado. Provavelmente vinha da cozinha. Começou a suar frio. Apertou no “desconectar”. Mas o bate-papo continuava. MAS EU APERTEI! Outra frase surgiu: Já checou se seu irmãozinho está bem? Ela botou a mão na boca. Olhou para trás. A escuridão continuava total. Não, eu não vou subir, pensou. Outra frase surgiu: Por que você não liga para sua mamãezinha? Ela começou a chorar. Chorar de medo. Rapidamente apertou o botão de REINICIAR do computador. MAS ELE NÃO REINICIAVA!

-NÃO!

Ela começou a entrar em pânico. Estava com medo. Não queria sair dali. Tinha uma janela, mas estava escuro lá fora. Se fosse de manhã, até sairia.

-Eu não quero ficar sozinha. – ela chorava e passava a mão pelos cabelos – Não quero.

Começou a gritar.

-PEDRO!! PEDRO!!

Mas ele não respondia. Voltou ao computador e digitou: SAI DAQUI! Em segundos a frase foi respondida: Está com medo, não é? Não se preocupe. Nós vamos nos divertir muito. Patrícia teclou. Suas mãos estavam suando. “O que você quer?” “Por favor sai da minha casa”. Ele digitou: Posso ver um pouco de tv? Patrícia começou a ouvir a voz do Bob esponja, novamente. A TV ESTAVA LIGADA! Fiou petrificada na cadeira. Dez minutos depois, o barulho da tv cessou. Se levantou , olhou a hora. Já passava da meia-noite. Olhou para a porta em seguida para o computador. Nenhuma frase nova. Será que aquilo tudo não passava de uma imaginação sua? Mas era real, pois as frases antigas estavam ali. Por impulso escreveu: Onde você esta? A resposta veio a seguir: Indo te buscar. Ela se levantou da cadeira, num salto, e prendeu a respiração. Ouviu a porta ranger. Alguém estava entrando no aposento. Ela não queria se virar. Fechou os olhos.

-Minha imaginação. Minha imaginação – murmurava.

Segundos depois, abriu os olhos. O silêncio era total. Ela tropeçou no invisível. Foi como se uma corda estivesse ali para ela tropeçar. Caiu de cara no chão. E em seguida foi sugada pelo invisível.

-NÃOO!! PEDRO!!

Na tela do computador a seguinte frase: “Seu parceiro se desconectou”

PS: Esse site existe.

Bauer
Enviado por Bauer em 09/12/2010
Reeditado em 09/12/2010
Código do texto: T2662443
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