SONHO IMPOSSÍVEL!
A brincadeira estendia-se durante todo o domingo. Barracas de algodão doce, pirulitos, maçã do amor, joguinhos infantis - um mundo de emoção, naquele dia das crianças, o mais feliz de sua vida. O palhaço fazia evoluções com a varinha mágica nas mãos, pulava, ia ao chão, arrancando aplausos e risos. Era criança, era feliz.
Jogou-se na piscina com os amiguinhos, batia os pés e as mãos, ensaiando novas manobras de natação, até que, não se sabe a razão, seu corpinho leve de criança, foi ao fundo, vagarosamente. Sentia-se em pleno enlevo, seu corpo imergindo na água clorada da piscina, os amiguinhos aplaudiam e ela, sorvendo a total felicidade daquele dia das crianças. O único que teve, em toda a sua breve vida.
Chegou ao fundo e a sensação de leveza cedeu lugar ao medo. Agora sim, entendia o significado de tudo: estava se afogando. Debateu-se, com todas as forças, tentando emergir daquelas águas profundas. Gritava alucinada, o pavor era real.
Acordou ofegante, molhada de suor, na realidade de seus cinqüenta anos, sem a fantasia das brincadeiras infantis, das cantigas de roda e dos palhaços que a encantavam!
(Milla Pereira)
Dedico este texto à querida
ROSA PENA
que aniversaria!
Parabéns, parabéns, parabéns!
Te beijo, com afeto.
(Milla)