O Vazio do Sobrado...
Na escuridão de um velho e abandonado sobrado, onde o silêncio da madrugada impera. O vazio ocupa todos os espaços. O vento bate na janela, que bate na encosta da parede. Fazendo um movimento: de vai e vem! Mas isso não os incomoda. Eles concentram, concentram...
- Ouvi?
- O que?
- Não sei, só sei que estou ouvindo.
- Silêncio! Espera ai! Sim, sim, ouvi, ouvi. Ouviu?
- O que é isso? Sentiu?
- Não! O que?
- Uma coisa passou nas minhas pernas.
- Vamos embora...
- Claro que não...
- Elas vão vir!
- Não acredito.
- Você, sempre pessimista!
- E você: com sua idéia de surpreender as garotas.
- Olha aqui, Pode ir pra casa. Vai embora. Borrão!
- Não sou borrão. Só não gosto do escuro.
- Ouviu? De novo. São elas...
- Sim, sim. São elas...
- Vê se não vai estragar tudo...
- Eu? Você é que estraga tudo.
- Hei, quem é que esta com elas?
- Silêncio!
- Que isso? Sentiu? Esse cheiro? É vela? Sim é vela!
- Mas, o que você esta fazendo?
- Não sei to meio zonzo...
- Para com isso Maneco, ta me assustando!
- Hei Maneco, cadê você? Maneco? Maneco, responde. Faz isso não. Não me deixa aqui sozinho não Maneco... Você sabe que tenho medo! Maneco!
Outra vez o sol da manhã, adentra, pelas largas janelas do sobrado abandonado. E quem se aventura a passar por aquela esquina. Diz ver uma sombra, um vulto, gesticulando com o vazio do sobrado...